Capitulo 6 - O Cerco

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Quando Carla saiu do quarto, pronta, Roberto paralisou admirando o que estava vendo. Ela estava usando um vestido preto que ia até as coxas, com tiras nos ombros, sem sutiã e bem colado ao corpo, fazia o perfeito desenho de suas curvas, ela era uma mulher esbelta, por mais que não fizesse muita atenção à alimentação, a natureza foi muito generosa, dando-lhe pernas bem torneadas, uma barriga de dar inveja e seios de tamanho médio e fartos. Seus olhos verdes claros, contrastavam com sua pele clara, cabelos negros que outrora foram loiros e lábios destacados pelo batom líquido da cor vermelho vivo.
-Vamos?- Disse a jovem com um sorriso.
-Caramba Carla, você tá linda, acho que me apaixonei de novo por você.- Disse ele com cara de bobo.
-Tá ta bom, vamos que eu to com fome.- E revirou os olhos para cima. - Ai obrigada pelo elogio, agora vamos?
Roberto com um grande sorriso concordou com a cabeça e foi abrir a porta. Ele usava uma camisa social branca, com as mangas puxadas até os cotovelos, uma calça jeans skinny em tom azul e uma bota marrom claro.
O caminho até o restaurante foi extremamente agradável ao som de Maroon 5, os dois conversavam sobre coisas aleatórias, riam, nas sinaleiras, ele pegava sua mão e a beijava com muita ternura, era evidente o amor que ele sentia por ela e ela sabia disso. Durante o trajeto ela fumou dois cigarros, cuidando para que a fumaça não entrasse no carro.
Ao chegar no restaurante que se localizava na avenida da praia, na zona sul, Roberto entregou a chave ao manobrista e entrou de mãos dadas com Carla. Ao entrar, a impressão que se teve, é de que todos os homens do ressinto, casados e solteiros, direcionaram seus olhares para Carla, alguns discretos, outros nem tanto, como um imã que atrai todos os materiais ferrosos. Carla sabia como seduzir e também sabia como provocar e atiçar o desejo de um homem. Essa era uma das coisas em Carla, que tirava a paz e o controle de Roberto, o fato de ela ter a necessidade de constantemente se sentir desejada e cobiçada por outros homens, mas sem deixar explícito que ela havia provocado a situação, como um crime sem provas, um crime perfeito.
Ao se sentarem, o garçom apresentou o menu e a carta de vinhos. Roberto pediu um salmão ao molho de frutos do mar, com ervas finas e castanhas, enquanto Carla, que detestava peixe, pediu rodelas de filé mignon, ao molho de mostarda e mel. O jovem não entendia de vinhos mas sempre gostava de impressionar sua  amada, e pediu o Pinot noir do Château de la Tour Clos-Vougeot, safra 2006, com isto ele conseguiria harmonizar tanto com a carne vermelha que a jovem havia pedido, quanto com o seu peixe.
Entre garfadas, um toque de mãos, entre um gole e outro, olhares apaixonados, novamente discussões genéricas porém agradáveis ao som de Frank Sinatra, Fly me to the moon, entre outros clássicos. Ao final do jantar, eles pediram morangos e uvas, com calda de chocolate. Carla pediu licença para ir fumar, enquanto Roberto estava na mesa, viu um outro rapaz se aproximar de Carla, na parte de fora, ambos estavam fumando e conversando animadamente. Roberto tentou controlar o ciúme que começou a crescer dentro do seu peito, respirou fundo e sua atenção foi atirada para o celular de Carla que estava  sobe a mesa, na tela aparência um único coração vermelho enviado por Gustavo. Roberto sentiu que seu sangue começou a ferver, sentiu uma energia correndo por seu corpo em forma de calor, sua respiração começou a ficar ofegante enquanto tua visão ficava turva. De repente, uma voz sussurrando no seu ouvido direito lhe disse:
-Ela tá te traindo...Ela tá dando mole pro carinha lá fora e ta dando para este tal de Gustavo...
Subitamente a voz passou para o ouvido esquerdo:
-Ela tá te fazendo de otário, ela tá te enganando, te enrolando, você tá bancando esta vagabunda...
Enfim nas duas orelhas, com diferença de segundos entre uma e outra:
-Seu corno! Seu corno!
Quando Carla estava entrando, seguida pelo desconhecido, ambos sorrindo, Roberto se levanta da mesa de forma rígida e militar, pega o celular e a bolsa de Carla e vai em direção a ela.
-Vamos embora.-Disse ele sério e com o semblante extremamente rígido.
-O que que aconteceu? - Disse Carla mudando completamente o semblante.
- Vamos embora que a gente conversa no carro.
-Não, eu não vou embora contigo deste jeito, o que aconteceu?
Roberto estava fazendo uma força sobre humana para não perder o controle de si mesmo, como se uma fera quisesse sair e simplesmente explodir o mundo ao redor.
Neste momento, ao lado deles, passa o desconhecido e cumprimenta com Roberto com um meio sorriso:
-Boa noite.
Roberto não responde e o encara seriamente.
-Algum problema? - Pergunta o desconhecido de maneira cínica.
-Meu irmão, vaza.- Diz Roberto fechando os punhos, sentindo que a qualquer momento, ele iria explodir como um vulcão em erupção.
O estranho baixa a cabeça, da um sorriso e se aproxima, neste momento Carla intervém e puxa Roberto, a muito custo, para o caixa. Como ele já havia pago a conta, bastava que o manobrista trouxesse o carro.
-Moça, pede pro manobrista trazer o carro, por favor?-Disse Carla aflita.
-Sim senhora. - Respondeu de imediato.
Dois seguranças se aproximaram e um deles perguntou:
-Algum problema senhores?
Carla de pronto respondeu.
-Não, tá tudo certo. Obrigada.
O rosto de Roberto estava completamente desfigurado, o que se via, era um semblante de raiva a ponto de explodir, respirando fundo e pesado pelo nariz. O carro chegou amenizando a tensão, quando estavam na porta, quase saindo, o estranho disse:
-Boa noite Carla, beijo.
Roberto estacou na porta.
Carla puxando ele pela mão, dizendo:
-Roberto, vamos!
Repentinamente ele se vira e avança em direção ao desconhecido.

Entre a luz e a sombra - part.1Onde histórias criam vida. Descubra agora