Capitulo 7 - O cerco continua

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Roberto avança em direção ao oponente, mas é agarrado pelo segurança de 2 metros, e mesmo o brutamontes abraçando-o e fazendo força contrária, Roberto continuava avançando, o semblante do estranho muda completamente, com um misto  de surpresa, descrença e medo. Foram  precisos dois seguranças para frear o avanço do jovem enfurecido que grunhia, babava de raiva, com a pele vermelha e veias saltadas, aos poucos, lentamente foi sendo arrastado pra fora, enquanto os outros clientes, assistiam à cena atônitos. Carla com o rosto que mesclava raiva e apavoro, apenas esperava, já do lado de fora, que Roberto se acalmasse e voltasse ao normal.
-Senhor, por favor se acalme, respire fundo.- Disse um dos seguranças. Ambos tinham o dobro da massa de Roberto e também ficaram assustados com a cena e com a força sobre humana.
Pouco a pouco, a fúria foi desaparecendo e o estado normal foi tomando conta de Roberto.
Carla se dirigiu ao lado do banco do motorista:
-Deixa que eu dirijo.
-Não.-Disse Roberto de maneira incisiva.- Eu dirijo.
-Você tem certeza?
-Tenho.
Carla deu de ombros e entregou a chave a Roberto.
Dentro do carro, Carla baixou o vidro do passageiro e tirou um cigarro da caixinha.
-Não quero que você fume agora.- Disse Roberto com o olhar fixo no trânsito.
Carla o fixou com o olhar de maneira séria, com a mão do cigarro na altura do rosto, esperando uma reação, mas não obteve nada, então guardou o cigarro de volta na caixinha e engatou uma pergunta de forma provocativa:
-Que porra foi aquela no restaurante?
Roberto sentiu aquela energia voltando.
-Primeiro me responda você, quem era aquele cara? Por que você estava agindo de forma tão íntima com ele?
- O que? Tu tá de brincadeira comigo né? O cara veio só me pedir um cigarro e a gente começou a conversar, só isto. Eu nem conheço ele.
- Pois é, pra alguém que não conhece, você se mostrou bem íntima, até o teu nome ele sabia.
- Ah não posso mais conversar com ninguém agora?
- Conversando tão próximos um do outro, com risinhos, até a mão no ombro ele colocou! -Roberto começou a sentir a ira tomando conta de seu corpo, como a lava que vai subindo os níveis de um vulcão.
-Roberto, eu não vou tolerar esta tua atitude machista comigo!- Disse Carla aumento o volume da voz e dando de dedo em cima de Roberto.
-Machista? Eu? Você tá maluca? E o que você me diz deste tal de Gustavo que te manda coraçãozinho no celular?
O semblante de Carla mudou para uma figura de raiva, agora berrando:
- O que? Você mexeu no meu celular? Você não tinha o direito! Para este carro agora!
-Você tá maluca? A gente tá no meio da avenida, além disto, pra onde tu quer ir? Para de besteira, nós vamos pra casa.
-Eu não vou pra tua casa com você, eu não serei tua refém!- Carla mudou subitamente para um estado de introspecção, olhando para o lado de fora, pelo vidro do passageiro.
Haviam bastante carros na rua, mesmo já sendo tarde, devido a temporada de verão. Ao parar no sinal vermelho, Carla abriu a porta do passageiro e saltou repentinamente do carro.
-Carla o que você tá fazendo? -Gritou Roberto- Volte aqui! -Agora com parte do corpo, pro lado de fora do carro.
Segundos depois o sinal passou para o verde,  e os motoristas começaram a buzinar. Roberto voltou para o carro, fechou a porta do lado do carona e começou a dirigir. Virou na primeira rua a direita, na esperança de dar a volta na quadra e ainda encontrar a sua amada. Quando seu carro estava chegando novamente na avenida, depois de ter dado a volta na quadra, o desespero bateu em Roberto. Onde será que ela poderia estar? Refletiu Roberto consigo mesmo.
Já havia passado de uma da manhã, quando Roberto, que ainda estava dirigindo pela cidade, recebe uma mensagem no celular.- Vem me buscar.- Era Carla. Imediatamente ele liga para ela.
-Onde você está?-Pergunta o jovem com desespero na voz.
-Eu to aqui na frente do Pitiskus, já estão fechando, vem logo.- Diz Carla com a voz tremula de choro.
Imediatamente Roberto vira numa rua a direita, para ir em direção a zona norte da cidade, pela terceira avenida.
Ao chegar, estaciona o carro em frente a um muro cinza, chapiscado com cimento, o poste não estava funcionando nesta parte da rua, deixando-a obscura e com um ar tenebroso. A lancheria já havia fechado e Carla estava de pé, sozinha, com os sapatos na mão. Roberto percebeu que um dos saltos havia quebrado. Ela tinha um ar de que não iria dar o braço a torcer. Roberto se aproximou sem dizer nada, ela era visivelmente mais baixa que ele. Ao chegar de frente para a jovem, ele a tomou em seus braços e a puxou para junto de seu corpo, dando-lhe um beijo ardente e apaixonado, ele ignorou o o forte gosto amargo da mistura do álcool com cigarro. Enquanto suas línguas se encontravam, as mãos de Carla encontravam a nuca de Roberto e os seus dedos acariciavam os cabelos curtos, do jovem rapaz, que a segurava pela cintura. Roberto interrompe o beijo de forma suave e com os narizes colados e olhos fechados ele diz baixinho:
-Por favor, nunca mais faça isto.
-Você sempre tem que estragar o momento né Roberto? - Diz Carla se soltando dos braços.- Vamos embora.
Roberto a pegou no colo, para que ela não pisasse descalça no chão.
- O que você tá fazendo seu maluco? -Disse Carla rindo.
Roberto apenas sorriu e a levou até o carro. Quando ele fechou a porta do passageiro, um frio percorreu a sua espinha e os pêlos de seu corpo se eriçaram. Sentindo um frio na barriga, Roberto teve a impressão de ver pelo canto do olho direito, um vulto passar à sua direita, no momento em que ele estava na frente do carro. Ele se dirigiu rapidamente para o banco do motorista, tentando ligar o carro de forma desesperada e o carro não engatava a ignição.
-O que foi Roberto? O que aconteceu? - Perguntou Carla aflita, vendo que o namorado estava pálido e com os olhos saltados.
-A gente precisa sair daqui agora!
De repente, o carro apagou completamente e os dois, ao mesmo tempo, vêem um vulto, como um tecido negro todo esfarrapado e um pouco translúcido, passar diante de seus olhos, da esquerda para a direita. Carla agora completamente paralisada pelo terror, pergunta a Roberto, com a voz tremula e baixa:
-Roberto... O que é isto?
Neste momento, outros dois vultos se juntam ao primeiro, rodeando o carro, sobrevoando a um metro do chão.
-Eu não sei, mas não tenha nenhuma reação brusca... E sobre tudo... Não saia do carro.
Agora eram em torno de dez vultos circundando o carro, formando uma massa de sombra. E outros tantos estava vindo do céu, em direção ao carro. O relógio marcava três da madrugada.

Entre a luz e a sombra - part.1Onde histórias criam vida. Descubra agora