Capitulo 10- O objeto destoante.

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O que eles viam, a cerca de 2km da sacada, era uma esfera multicolorida que não emitia som algum, apenas diversas cores, como uma bola pinhata  de natal, onde fontes de luzes, de cores diferentes, emergiam de diversas áreas da esfera. No centro da esfera, de frente para eles, um retângulo de forma horizontal produzia uma luz branca, que impedia de ver através. Roberto levantou sua mão direita, com o punho fechado, para comparar o diâmetro do objeto e àquela distância, o objeto tinha exatamente o diâmetro do punho fechado de Roberto.
- Roberto o que que é isto? -Perguntou Carla petrificada.
- Meu amor, eu não faço ideia... - Respondeu Roberto sem tirar os olhos da figura luminosa.
Depois de quedar alguns poucos minutos no ar, o objeto não identificado se dirigiu a sua esquerda, sem dar meia volta em torno de si, foi lentamente em direção ao morro, onde no topo, se encontrava uma estatua de Jesus Cristo, que beirava a 20 metros de altura. A bola luminosa foi se aproximando do morro, até que ela se fundiu a massa de terra, pedras e arvores, desaparecendo completamente.
-Meu Deus, o que que tá acontecendo? O que significa tudo isto? - Perguntou Roberto a si mesmo em tom baixo, segurando com as duas mãos, a marquise de alumínio, ainda olhando fixamente para o espaço aéreo.
Carla simplesmente deu meia volta e entrou no apartamento sem dizer uma só palavra.
Quando Roberto entrou, alguns poucos minutos depois, encontrou Carla no quarto, arrumando uma mala.
- O que você tá fazendo? - Perguntou Roberto surpreso.
-Eu vou pra São Paulo amanhã, preciso fazer uma pesquisa, terminar meu doutorado, porque aqui tá impossível, e visitar minha família. - Disse Carla arrumando as roupas sem olhar para Roberto.
-Mas você decidiu assim? Do nada?
- Não, eu já to pensando nisto a dias.
- E por que você não conversou comigo? Afinal nós somos um casal não somos?
- E agora eu tenho que ficar dando satisfação de tudo o que eu faço? Eu sou teu bichinho de estimação? - Disse Carla parando de fazer o que estava fazendo e encarando Roberto com um olhar fulminante.
- Lógico que não. Eu não to entendendo porque você está reagindo desta forma meu amor, é por causa destas coisas loucas que tem acontecido em nossas vidas?- Disse Roberto se aproximando de Carla e tentando colocar a mão em seu rosto.
Carla rebateu sua mão.
- Por favor Roberto, não vamos falar sobre toda esta merda que tem acontecido? Combinado?
- Tá, tudo bem, se assim preferir. - Respondeu Roberto, com ar de decepcionado.
- Tem outra coisa. - Disse Carla antes que ele pudesse dizer algo. - Eu preciso de dinheiro emprestado.
- De quanto você precisa? Respondeu Roberto em tom neutro.
- De mil reais. - Respondeu Carla diretamente, olhando nos olhos de Roberto.
- Caramba amor, isto é muita coisa, eu não sei se eu tenho tudo isto pra te emprestar. - Roberto respondeu encabulado coçando a cabeça.
- É sério que você vai dar uma de mão de vaca, agora Roberto? Justo agora quando eu preciso? Eu sei que você tem dinheiro guardado. - Logo depois de dizer com ares de deboche ironia e sarcasmo se virou e continuou arrumando as roupas.
- Não é isto meu amor, é que eu tenho este dinheiro guardado pra alguma eventualidade do mês e...
- Tá bom, não me empreste nada, não quero mais nenhuma esmola que venha de ti. - Disse Carla com ar furioso.
- Calma Carla, não é isto, é que eu to tendo que bancar todas as contas por nós dois e eu tenho que conseguir administrar isto.
- Eu sei que eu to morando de favor na tua casa, mas tu não precisa ficar me jogando isto na cara, tá! - Disse Carla com cara de raiva e lágrimas nos olhos.
- Caramba o que está acontecendo? Calma Carla, eu vou te emprestar, tu não precisa ficar assim meu amor, tá tudo certo. - Roberto aproximou Carla do seu peito, que desabou em lágrimas.
Depois de um tempo, quando o choro aliviou, Carla decidiu ir tomar banho e Roberto foi para a sala arrumar e limpar a mesa. Depois de arrumar tudo na cozinha, ele voltou a sala e se deparou com o note book de Carla, que estava aberto no sofá. Bateu uma curiosidade mórbida de ver o que Carla fazia no note book. O chuveiro ainda estava ligado. Roberto se aproximou lentamente do sofá.
- Vai lá seu corno, vai lá confirmar o que você já sabe...- Disse com escárnio, uma voz sussurrada no seu ouvido direito. - Ela têm mentido pra ti o tempo todo, têm feito você de otário. - Agora a voz passou para o ouvido esquerdo.
Lentamente, Roberto começou a visualizar a tela do computador, que mostrava na tela principal, um jogo colorido, oriundo de uma rede social.
-Vai, aproveita agora que ela está no banho. -Disse a voz sussurrante no ouvido direito.
As mãos de Roberto começaram a suar, assim como a sola de seus pés, uma dor afligiu seu estômago, seguido de um calafrio, tremendo e com o coração acelerado, Roberto clicou na aba seguinte onde estava escrito Gustavo, em seguida, nas outras duas abas. O chuveiro se desligou. Minutos de silêncio. A porta do banheiro se abriu. Roberto estava de pé, perto do sofá, direcionado para onde Carla agora estava. A atitude que Roberto tomaria naquela hora, decidiria o rumo desta relação...

Entre a luz e a sombra - part.1Onde histórias criam vida. Descubra agora