A RAINHA DE GONDOR - Contos da Terra Média (Livro 3)

4. O reino de Gondor

- Não acredito que sua mala ainda não está pronta – Lewis exclamou à porta do quarto de Haënya, a mão sobre o coração e a expressão de puro choque.

Haënya revirou os olhos.

- Nunca sei o que levar quando viajo, especialmente quando vou morar em outro lugar. Quero levar tudo, mas não posso.

Lewis fechou a porta e rumou para o guarda-roupa da princesa, escancarado e com as roupas jogadas pra todo canto.

- Para começar, leve muitos vestidos – disse ele, pegando vários cabides de uma vez só e despejando em cima da mala. – Uma rainha não pode vestir calças folgadas na frente dos outros.

Haënya entristeceu-se.

- É o que mais gosto de usar.

- E eu gosto de comer carneiro todos os dias no café da manhã, mas deixarei de fazer isso por um ano por você – retrucou ele, embora um sorriso aparecesse e dissesse que tudo não passava de brincadeira.

Haënya começou a dobrar os vestidos, colocando com cuidado na mochila. Seriam necessárias pelo menos cinco daquelas só para as roupas.

- O que farei quando chegar lá? – Haënya pensou em voz alta, as mãos dobrando as roupas automaticamente sem que ela precisasse pensar no movimento. – Cumprimentar o povo? Passar e fingir que não vejo ninguém?

Lewis riu alto, procurando agora os sapatos e acessórios.

- Por favor, prometa-me que não vai ser uma rainha esnobe. Não preciso de todos reclamando de você na sua primeira semana, e infelizmente serei obrigado a concordar.

Haënya abriu a boca em choque também. Não tinha nenhum travesseiro por perto para jogar nele, por isso apenas disse:

- Não sei como ser uma rainha. Eu...

- Isto é uma mentira enorme – Lewis a cortou imediatamente. – Você está deixando seu nervosismo falar mais alto. Se há alguém que sabe exatamente como ser uma rainha, essa pessoa é você. Você é filha de Haël Greenleaf, por Eru! Sua mãe era a pessoa mais nobre que já conheci, e você costumava observar cada passo que ela dava. Todas as situações que está prestes a passar, é provável que sua mãe já tenha passado e você tenha testemunhado. Saberá como lidar com essa nova vida, disso não tenho dúvidas. Então, por favor, não continue com esses pensamentos na cabeça. Mesmo que eu precise lembrar-lhe todos os dias o quão capaz você é para essa grandiosa tarefa, alguma hora eu a convencerei.

Haënya aplaudiu o amigo, em parte para brincar e em parte porque realmente se impressionara com as palavras dele. Lewis estava se superando cada dia mais em sabedoria, e isso era algo que deixava a princesa extremamente orgulhosa. Orgulhosa por ver seu melhor amigo, desde a infância, se tornar um homem maravilhoso em todos os sentidos, em todas as maneiras existentes. Heleth não fazia ideia da sorte que tinha ao poder casar com ele.

- Esses pares vão servir – Lewis disse, colocando-os em cima da cama. Haënya aprovou; o rapaz sabia exatamente os que ela mais gostava, e todos foram separados. – E em questão de adereços, suponho que em Gondor você vá achar melhores que esses.

- Como será viver uma vida em que eu não ouço um insulto a cada cinco segundos? – Haënya colocou o dedo no queixo, pensativa.

- Incrivelmente chato.

Haënya e Lewis terminaram de arrumar a primeira mochila e logo partiram para a segunda, a terceira e finalizaram o serviço na quarta. Lewis pingava de suor por causa do quarto abafado, e Haënya ainda mais, porque havia deixado os cabelos soltos, e estes agora grudavam à pele. Já era quase fim da tarde quando eles terminaram, Lewis olhou para fora da janela de Haënya e comentou: