10. Proposta

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No primeiro dia do solstício de inverno em Gondor, um mês depois, Haënya conversava com Lewis e Rhienam sobre a lenda de Túrin Turambar, a qual a rainha sempre se interessou. Lewis nunca tinha ouvido a tal história, por isso Rhienam ajudou a esclarecer; era impressionante o quanto o elfo conhecia tão bem as histórias antigas, até Haënya ficara boquiaberta.

- Como ele não reconheceu Niënor? - Lewis continuava se perguntando, horas após ter ouvido o relato. Rhienam sorria vendo a incredulidade no rosto do amigo de Haënya.

- É difícil dizer, mas essa é a verdade. Turambar deve ter sentido uma dor indescritível ao descobrir que sua irmã era, de fato...

- Não precisamos relembrar agora - Haënya resmungou, enxugando as lágrimas que insistiram em descer após ouvir a história mais uma vez. Quando criança, sempre se emocionava, e mesmo após tantos anos, o conto sempre lhe deixava triste e reflexiva.

- Como minha rainha quiser. - Rhienam dirigiu-lhe uma reverência, fazendo a rainha sorrir. - Mas agora, chega de tristeza. Está na hora do almoço.

- Estou gostando cada vez mais de você, senhor - Lewis disse-lhe, apertando-lhe o ombro.

Era domingo, os três passaram a manhã toda no pátio da Cidadela, e agora se dirigiam às cozinhas, pois já passava do meio dia. Poucas pessoas saíram de casa naquela manhã, pois o céu estava completamente nublado e prometia chuva o dia inteiro. Haënya e Lewis, no entanto, gostavam de quando o tempo estava assim, e durante o caminho para o pátio, encontraram Rhienam fazendo o mesmo percurso, e logo ele se juntou aos amigos para uma longa conversa sobre histórias e lendas antigas das primeiras Eras do mundo. Rhienam contara e cantara tantas baladas que Haënya mal podia se lembrar, especialmente porque a maioria fora cantada na bela língua élfica de Lothlórien.

- Espero que possa me ensinar, algum dia, mais baladas como essas - comentou a rainha enquanto caminhavam lentamente. - Assim como o sindarin, uma língua tão bela e agradável.

- Toda língua élfica requer muita dedicação e tempo de aprendizado, embora o resultado seja muito satisfatório. Suponho que vossa majestade não disponha do segundo requisito.

Haënya pareceu levemente desapontada. - É verdade, mas darei meu melhor, caso decida me ensinar.

- Está bem, então - Rhienam sorriu, abrindo a porta da cozinha para que passassem.

Os criados não sabiam que eles chegariam tão cedo, por isso quase se desesperaram ao ver a rainha e seus companheiros. Haënya precisou tranquilizá-los, dizendo que eles se sentariam num canto até que o almoço estivesse pronto. Selene estava entre eles, e por meio de um aviso silencioso, Haënya lhe disse que queria falar com ela depois. Sentia sua falta, e precisava saber se ela descobrira algo sobre Elian e Mestre Anathor; durante quase um mês e meio, a rainha não ouvira nada deles, e a falta de notícias estava lhe deixando perturbada. Pelo que Selene lhe dissera antes, não era do feitio deles não fazer nada, e embora Lewis continuasse lhe convencendo de que eles simplesmente haviam desistido de revidar, Haënya não estava completamente certa disso.

- Irá se encontrar com Selene hoje à noite? - Rhienam perguntou. Haënya havia lhe contado que Selene costumava passar em seu quarto após o serviço do dia, sem revelar muitos detalhes. A jovem estava firme na decisão de não contar nada a Rhienam por enquanto.

Haënya assentiu.

- Espero que sim. Não sei se esta noite ela irá se encontrar com o noivo secreto.

Lewis riu, o fato também o deixava curioso.

- Bem, suponho que no casamento nós teremos que ver o dito rapaz.

A RAINHA DE GONDOR - Contos da Terra Média (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora