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Quando cheguei em casa eu estava tão abalada emocionalmente que fui direto para o quarto ignorando meu irmão que parecia empolgado querendo me contar algo.

Deitei na cama e desabei, eu não sei o que tem de errado comigo, e ao mesmo tempo, sei todos os meus problemas, é tão confuso.

- Eu esperava ver pelo menos um sorriso - ouvi a voz de Roni atrás de mim

- Roni agora não!

- Você contou para ele?

- Ele me contou algo eu não consegui esconder!

- Você contou sobre mim?

- Não Veronica - falo em um suspiro

- Vocês estão ficando muito próximos, você vai acabar contando tudo para ele.

- Não era isso que você queria?

- Não se for te fazer mal!

- Eu... eu não sei mais o que me faz bem ou o que me faz mal!

- Nessa eu te amo, eu não quero que você se afunde de novo!

- Então o que eu devo fazer?

- Você tem que contar para ele.

- Eu não te entendo! Você me diz uma coisa e depois me diz outra!

- Não é minha culpa!

- Certo... eu não sei se conseguiria contar para ele, isso significaria que perderia uma parte de você, não?

- Talvez você me perca por inteira

- Então eu não vou contar, não posso!

- Faça como quiser, eu vou te deixar para pensar sobre ok? - ela diz

- Ok - digo e vejo ela saindo pela janela

Seria o certo contar para ele, disso eu sei, isso fortaleceria a nossa relação e de algum jeito eu estaria mais livre, eu só não sei se estou pronta para isso. Quantas vezes me queixei se deveria contar para ele? Isso não era para ser uma escolha simples?

Confiar. A palavra mágica que traz calma, paz, mas se a sua confiança for quebrada dificilmente você confiará em alguma pessoa de novo.

Tantas escolhas, tantos motivos, tantos por que, eu não sei se seria capaz de escolher ou responder certo.

- Nessa? - ouço uma batida na porta, minha mãe

- Oi mãe, tá aberta - falo tentando me recompor, tentando não falhar a voz

- Como foi o passei com aquele seu amigo? - ela sentou-se do meu lado

- Foi legal, dormimos em cima do carro!

Ela ri e depois ficou seria de novo.

- Você tá diferente Vanessa, e isso me preocupa.

Diferente como? Diferente ruim? Ou um diferente bom?

- Eu não entendo...

- Eu também não te entendo, pode ser que eu não entenda muito bem sobre o assunto, mas acho que você não melhorou.

- Eu estou melhor mãe!

- Mas não boa o bastante, essa doença, isso tudo, destruiu a Nessa que eu conheço, eu te amo filha, eu quero que você volte a confiar em mim, eu quero que você me conte sobre as coisas...

- O que você quer saber? Eu te conto! - ela me olha estranho - vamos, me faz uma pergunta, eu prometo responder o mais sincera possível.

- Tudo bem - ela me olha no fundo dos olhos - Vanessa, você tem tomado seus remédios?

E agora? Se ela souber que eu não tomo qual será a sua reação? Ela vai querer me internar novamente? E se ela contar para minha psicóloga?

-Nessa?

- Não mãe, eu sinto muito - sinto meu rosto ficar molhado de novo - eu não me sinto bem tomando eles!

- Tá tudo bem - ela me abraça - Eles te fazem bem, mas se não quiser tomar conversa com a doutora, ela está aqui para te aconselhar! Tenho certeza que ela tem outros tipos de remédios que podem te agradar.

- Ok... - falo me recompondo

- Vou marcar a consulta para semana que vem - ela segura meu rosto - Você me promete conversar com ela?

Mais promessas, mais mentiras.

- Sim

Não! Eu não confio nem em mim mesma, quando tomo remédio tudo fica mais confuso!

- Descansa meu amor - ela deposita um beijo na minha testa e sai

A vida é a soma de todas as suas escolhas, por isso minha vida é um desastre

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Tá acabando
aiai

Xoxo, Girl

My Little Problems ※ J.AOnde histórias criam vida. Descubra agora