Capítulo 4

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        Hoje completa cinco dias que estou aqui, cinco longos dias de emoção e até desapontamento. Depois que eu descobri que meu suposto "Crush" é gay, cortei todo tipo de olhares que nós tínhamos, e até fingi que ele não existia. Mas por causa disso meu mau humor cresceu duas vezes mais, ultimamente ando sem paciência para tudo e o único que me compreende é o meu irmão. Nesse momento estou ajudando as garotas a limparem o banheiro feminino, Alex não para de falar que precisamos de um tempo só para nós, garotas. Quando acabamos o trabalho, caminhei até o lago e me sentei na beirada do mesmo, observando todo o horizonte, o céu e as nuvens. Nem de longe eu diria que hoje irá chover, pois o céu está mais limpo do que nunca. Bufei irritada quando meus pensamentos voltaram aquela luta que quase me fez ficar sem a coluna. Eu não sei do porque estar assim, isso não faz sentindo e está acabando comigo, mas que saco!

- Então, o que te aflige tanto? - por estar tão concentrada em mim mesmo, acabei levando um susto com Piper. Ela se sentou ao meu lado e começou a observar o horizonte também. 

- Nada demais. - dei de ombros.

- Sei... Não quero ser intrometida, mas vai fazer três dias que você está assim. - disse a garota, agora me observando. - Posso ajudar você. 

- Ninguém pode. - bufei mais uma vez.

- Esse é o problema de um filho de Zeus... Achar que pode resolver tudo sozinho, sem precisar da ajuda dos outros. Mas não é assim que funciona, Arielle. Não se esqueça que namoro o seu irmão. - apesar de ser verdade o que ela falou, sorri com o seu comentário. 

- Sinto que estou gostando da pessoa errada. - murmurei. Nunca foi fácil falar de meus sentimentos para alguém.

- E por que sente isso? - a encarei por um momento, só para ter certeza de que eu contarei algo a ela. Mas Piper parece ser tão gente boa, agora sei porque meu irmão gosta tanto dela. A garota é especial, é do tipo que quer ajudar todo mundo, tem um coração bom... E é filha de Afrodite. 

- Porque a pouco tempo descobri que ele é gay. - falei ainda mais baixo. Piper me encarou com uma feição indecifrável. 

- Bom, o sentimento é algo que jamais iremos entender. Mas não é você que escolhe de quem gostar não é mesmo? - neguei com a cabeça. - É o seu coração, e ele não escolheu por acaso. Sentimentos vem e vão o tempo todo, mas é quando se trata de amor ou paixão, as coisas só pioram, você fica sem saber o que fazer. Mas, lembre-se disso Ari, nada é por acaso. Você não escolheu gostar do Nico e não pode afirmar de uma vez, sem saber a opinião dele, se ele gosta ou não. Ele pode ser gay hoje, mas e o amanhã? Ninguém sabe, muito menos você. E isso foi bem mais rápido do que você pretendia. Me diz, quantas vezes você passou a gostar de alguém em apenas cinco dias? - apenas abaixei a cabeça. Ela está certa. - Então não tome decisões sozinha, irá se arrepender depois. - olhei bem no fundo de seus olhos e depois um enorme sorriso surgiu em meus lábios. 

- Muito obrigada... Você tirou um elefante de cima de mim! - em um pulo eu já estava em pé. - Vem, vamos para o refeitório. 

          O caminho todo fomos conversando, mas não sobre mim e sim sobre ela e o relacionamento louco que ela tem com Jason. Mas Piper disse que no fundo, agradece a Hera por ter feito tudo aquilo, foi graças a ela que o namoro hoje está dando certo. Nos separamos quando adentramos o refeitório, já lotado. Meu bom humor estava no topo agora, me sentia renovada e com esperança... E nem sei porque direito. 

- O que vocês duas estavam fazendo? - perguntou Jason, semicerrando os olhos. 

- Conversando... - semicerrei os olhos para ele também. 

- Sobre?

- Papo de garota Jason, não é da sua conta. - falei o encarando. 

- Nossa... Tão tá. 

        Pensei em frango com arroz e feijão, logo eles estavam em meu prato. Todos comiam e conversavam ao mesmo tempo, parece que a maioria estão de bom humor, assim como eu. Tessa, filha de Hefesto jogou seu prato de comida no Leo, que indignado jogou o seu nela, mas pegou em mais duas. E uma guerra de comida começou, desviei de um prato que veio na minha direção, mas Jason jogou todo o seu purê em minha roupa. Irritada, virei o meu suco de uva no mesmo. Logo todos estavam na brincadeira, até mesmo Nico, que desviou do prato de Leo. No momento em que Quíron gritou um leve "pare", um raio caiu bem ao lado do refeitório. Senti um arrepio percorrer todo o meu corpo. Sem pensar muito, corri para o lado de fora e levei meu olhar até o céu, Jason fez o mesmo e mais um raio caiu, bem ao meu lado e eu pude sentir toda a sua energia. Segundos depois o raio saiu de mim.... Cada vez mais energia exalava de meu corpo e eu me sentia mil vezes mais forte, sem estar muito consciente, cai de joelhos no chão e direcionei meu olhar para o céu, que não estava mais limpo e sim cheio de raios e trovões raivosos o cortavam. Essa eletricidade não é comum nem mesmo para mim, meu corpo não estava aguentando mais tanta sobrecarga em um lugar só. Agora ao invés de força, eu sentia dor, é como se eu estivesse sendo queimada viva, um grito fraco e raivoso saiu de dentro de minha garganta. Eu não conseguia ver ou ouvir nada do lado de fora do raio que ainda me cercava. Estou fazendo o possível para aguentar a dor, não me permiti rezar para o meu pai, porque eu sei que é ele que está causando isso... Sou filha de Zeus, Deus dos deuses, Deus dos céus e um raio é moleza para mim, mas esse não é um simples rio, é o raio de meu pai. Então a dor se intensificou ainda mais e um grito alto e agoniante saiu de mim. Consegui ouvir Jason gritar, mas ele não estava passando pelo mesmo que eu, só esta tentando me ajudar. Então tudo parou e de joelhos, passei a ficar deitada na grama, sentindo todo o meu corpo reclamar. Estou fraca é como se um trator tivesse passado por cima de mim.

- Arielle! - em um instante Jason estava ao meu lado. Seus olhos mostram sua preocupação. - Tudo bem? Consegue me ouvir... Não fecha os olhos! - falou no momento em que os fechei. - Vai ficar tudo bem.

- O que foi isso? - e aquela voz me fez acordar para a vida, abri os olhos e dei de cara com os negros dele. O garoto me observava, e como sempre, eu não sei decifrar o que está pensando. 

- Um aviso de Zeus. - murmurou Jason. 

- Um castigo. - o corrigi, parecia que eu não falava a séculos. - Foi um castigo e eu não sei o porque. - sussurrei. - Eu quero água. - tentei me sentar, mas não consegui. 

- Levem-na a ala hospitalar. - ordenou Dionísio, sua voz transmitia preocupação, algo que achei interessante vindo dele. 

       Senti os braços de Jason me levantarem, e todo o meu corpo doeu com isso. 

- Eu não sei o que fiz... - murmurejei não aguentando de dor.

- Xi, só descanse agora tá?        

Nada é por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora