Capítulo 21

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           Para a surpresa até de Nico, Hades voltou com as perolas de Pérsefone, aquelas que a gente joga no chão, pisa em cima e pensa para onde irmos. E foi o que fizemos depois de nos despedirmos dos Deuses. Zeus me disse voltará para conversar comigo sobre o que aconteceu, mas eu não coloquei muita fé nisso não. Nesse exato momento estamos passando pela entrada do acampamento, todos bem, graças aos céus. Quando vi Jason correndo em nossa direção, pensei em correr para abraça-lo, mas lembrei-me de Piper e deixei a garota fazer isso, Percy fez o mesmo com Annabeth. 

- Graças aos Deuses vocês estão bem! - comemorou Anna, que me deu um beijo estalado na bochecha e eu me surpreendi. 

- Não foi graças aos Deuses e sim a Arielle. - Alexia riu e eu revirei os olhos. 

- Vocês irão me contar detalhe por detalhe. - Anna nos olhou com os olhos transbordando de curiosidade. - Mas agora precisam ir falar com Quíron. 

          Assentimos e fomos para a casa grande, Quíron está sentado em sua habitual cadeira de rodas, bebendo um chá verde. Um sorriso surgiu nos seus lábios quando Percy abriu a porta com tudo, quase o fazendo derrubar. Anna e os outros se juntaram a nós e contamos toda a história, e até de que eu acabei virando o raio-mestre por escolha de Zeus, isso fez Jason sorrir orgulhoso. Deixei alguns detalhes de fora, tipo eu ter matado a minha mãe, ninguém precisa saber disso. Depois de relatar toda a missão, finalmente eu pude me jogar na maravilhosa cama do chalé de Zeus, Jason me acompanhou, deitando-se na cama ao lado da minha. Ele não parava de falar que tinha algo de estranho, coloquei a culpa no meu "novo" eu e ele deu de ombros, acabei contando sobre o rolo com o Nico, e o tanto que sua namorada ajudou nisso, de início ele ficou surpreso, mas depois riu negando com a cabeça.

- Se aquele idiota fizer algo, eu acabo com ele. - Jason murmurou. 

- Você teria que entrar na fila, irmão. - falei e rimos juntos.

         Passamos mais um tempo conversando, até a concha tocar e irmos para o pavilhão jantarmos. No momento em que coloquei os pés no chão, a imagem de minha mãe me atingiu em cheio, suspirei tristemente... Eu consegui, cumpri a promessa e espero que a senhora esteja bem. Não falei mais com Jason, só continuei andando em direção ao refeitório, e mais uma vez eu virei o centro das atenções de novo. Nico já estava sentado a sua mesa, sem Hazel dessa vez. O olhei, ele me mandou um breve sorriso e voltou sua atenção para o prato, sinceramente, estou começando a achar que ele só fez tudo aquilo na missão para que eu salvasse a todos, pois ele não me deu mais atenção depois disso. Pensei em macarronada e ela apareceu, levantei-me para queimar a oferenda para os deuses, joguei metade e murmurei um: Obrigada pai, espero que tudo fique bem dessa vez. Engolir o choro estava se tornando uma missão horrível e impossível, virei-me para voltar a mesa, mas os olhares de todos em mim estava me assustando. Senti uma mão tocar o meu ombro, quase deixei o prato cair no chão. Virei-me e encontrei os olhos de meu pai, que sorria tristonho para mim. 

- Vamos, temos muito a conversar. - disse virando-se e seguindo em frente. 

         Joguei o prato no fogo e o segui. Caminhamos em silêncio, é como se um estivesse pensando em algo sensato a dizer. Lado a lado, com os braços quase tocando um no outro. Só paramos quando demos de cara com o lago. 

- Sua mãe costumava gostar de lagos. - comentou, parecendo pensativo. - Uma ótima mulher e uma forte guerreira. 

- Está me dizendo isso por dó? - indaguei cruzando os braços.

- Não, estou dizendo isso porque eu sinto tanto quanto você, eu a amava e ainda amo. - um suspiro pesado e triste escapou de seus lábios e eu soube que ele não mentia. - Sinceramente, é bem a cara dela se sacrificar por pessoas que ama. E você não pode desistir de tudo agora, a vida dela acabou, a sua não. - essa frase doeu, mas eu sei que é a mais pura realidade. - Prometi que tomaria conta de você, e é por isso que vou permitir que meu raio fique com você. Treine, e use esse poder com responsabilidade, Arielle. Estou lhe dando a minha mais poderosa arma, e não é por dó, eu jamais daria o raio-mestre a alguém que não saberia usar o seu poder, ou alguém que eu não confie. Ele irá te proteger, pois não ficarei disposto por muito tempo, as coisas no Olimpo estão um caos e todos precisam de mim, mas as portas de lá sempre estarão abertas para você e seus irmãos. - seus olhos me fitavam com intensidade. - Pode parecer, mas me importo com meus filhos, principalmente os semideuses. Mantenha-me atualizado das coisas, reze para mim e converse comigo, eu sempre estarei a disposição para ajuda-los, mesmo quando não pareça. 

          Antes que ele desapareça, o abracei, um abraço inesperado para o Deus, pois o mesmo demorou a retribuir. 

- Obrigada, pai. - sussurrei e o larguei. Depois de um sorriso, ele sumiu como pó. 

           Sentei-me no chão e continuei fitando a maré fraca. Assustei-me quando Hedwig apareceu a minha vista, piando como senão tivesse acontecido nada, ela pousou ao meu lado e esfregou sua pelagem em mim. Um pio foi o suficiente para eu deixar uma lágrima escapar e então o resto saiu em disparada, o meu choro é forte, o que me faz soluçar o máximo e sentir falta de ar. Passei a mão na coruja, que mantinha o olhar em mim, pareciam triste por mim e eu me senti agradecida. Não sei quanto tempo fiquei ali, chorando e observando a água, eu só sei que foi tarde da noite que voltei para o meu chalé, Jason já dormia tranquilamente em sua cama. Me joguei na minha e fechei os olhos, na tentativa de fazer isso tudo acabar.     

Nada é por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora