Adrienne escondeu o rosto entre as mãos. Trêmula, deu as costas ao espelho, enquanto se perguntava sem cessar: Como isto pôde acontecer? Seria um sonho? Ou um pesadelo? Estaria ela sofrendo alucinações? Ou teria enlouquecido? Com uma ponta de esperança, deixou as mãos caírem e olhou mais uma vez a seu redor, esperando encontrar algo familiar. Talvez, por obra de um milagre, pudesse ver-se no cômodo que a abrigara desde a mais tenra infância; e assim, quando tomasse a se mirar no espelho, enxergaria seu próprio semblante emoldurado pela cabeleira castanha...
Mas qual não foi a decepção de Adrienoe, quando o espelho insistiu em lhe devolver outra imagem que não a sua! Lá estava, refletida na superfície polida, a beldade de olhos cor de mel e' longos cabelos loiros. E, para seu desespero, o quarto também permanecia o mesmo: o luxuoso aposento de uma era perdida no tempo. Os olhos de Adrienne então detiveram-se em algo que antes havia lhe passado despercebido. Numa das paredes, pendia o fatídico retrato que ela se habituara a ver durante toda a sua vida. O retrato de Isabella di Montetíore, que guardava a câmara secreta do castelo dos Beaufort.
Adrienne aproximou-se lentamente do quadro. Estendeu a mão vacilante para tocá-lo. Nisso, a porta do quarto se abriu. Adrienne virou-se no mesmo instante. Uma pequena multidão de farristas, liderados por um anão fantasiado de bufão, invadiu o recinto.
Aí está ela! Anoiva virginal! o anão esclamou, brandindo um bastão cheia de fitas coloridas e guizos.
Adrienne recuou aterrada. Sob as longas mangas do robe enfeitado, crispou as mãos. Seus olhos pousou na multidão que exibia roupas festivas e ricamente adornadas. Ainda que desorientada, ela reconheceu aquelas roupas do período renascentista. A seguir, tornou a examinar o anão. Gianni. Ao constatar que sabia o nome dele, sua confusão aumentou. Sentiu-se como se tivesse sido atingida por um raio.
Ordenei que Giani, o anão, fosse chicoteado hoje. Mas apenas com cordões de seda. Talvez isso servisse para atiçar sua imaginação e o fizesse empenhar mais para me entreter...
Adrienne sentiu uma onda de náusea ao recordar aquele comentário corriqueiro de Isabella. Sempre se perguntara qual seria a aparência do pobre bobo da corte que sua ancestral perseguia sem piedade. Meneou a cabeça com franco estarrecimento. Aquilo não podeia estar acoantecendo. Tudo não passava de um sonho bizarro. Era evidente que não tardaria a acordar em sua própria cama, no castelo dos Beaufort.
O anão veio saltitando até ela, a cabeça parecendo desproporcional para o corpo de baixa estatura. Pulou sobre um banco, de modo a ficar da mesma altura de Adrienne. Ela sentiu seu hálito impregnado de vinho e inconscientemente se encolheu. O anão voltou-se então sorridente para sua pequena platéia.
Isabella la bella! Giani encarou-a, por um segundo, seus olhos encheram-se de surpresa e perplexidade. Por que fica aí parada como um cão acuado, quando tem pela frente uma noite de prazeres com seu novo senhor?
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Dito isso, o anão pulou do banco, abaixando a cabeça como se temesse levar uma bordoada. Entretanto, como Adrienne não fizesse menção de estapeá-lo, ele se endireitou. Como medida de precaução, afastou-se da ama e só então perguntou:
Mas o que houve? De certo essa não é a Isabella que todos conhecemos! Gianni endereçou um olhar enviesado para sua audiência. Apertou a mão contra o peito e franziu a testa em sinal de incredulidade. Onde está nossa poderosa Isabella, capaz de aniquilar a vida de um homem com um mero aceno?
Em resposta houve uma gargalhada geral.
Adrienne assistiu a sena, cada vez mais espantada. Certamente estava tendo alguma espécie de delírio. Aquele quarto, aquele anão, aquelas pessoas não passavam de uma ilusão. Só que por mais que tentasse se convencer disso, em seu íntimo fortalecia-se a convicção de que um poder sovrenatural estava atuando ali. E seu horror so fez crescer. Ela era capaz de compreender o que aquela gente dizia. Reconhecia o italiano arcaico que estudara a fim de entender os escritos de Isabella. Desesperada, continuou a repetir de si para si que tudo era apenas um sonho. Acreditava que, assim, conseguiria alterar a estranha realidade que agora se apresentava diante de seus olhos.
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Todavia, a cada minuto que transcorria, tornava-se mais e mais ecidente que não estava sonhando. Por obra de alguma mágica ela havia, de fato, viajado no tempo. E sua viagem cobrira quase três séculos!
Agora Adrienne se sentia à beira de um colapso nervoso. Ainda se recusava a crer no que lhe havia sucedido. Entrementes, nas profundezas de seu ser, cristalizava-se a certeza de que aquilo era tão real quanto qualquer acontecimento de sua vida. A alma de Adrienne de Beaufort atravessara os séculos para se instalar no corpo de Isabella di Montefiori em sua noite de núpcias.
O anão agitou o bastão e continuou saltitando por entre os presentes.
Vejam só, ela se cala! Acaso isso significa que Madonna Isabella não está ansiosa para se entregar a uma noite de prazeres com seu novo senhor?
Uma jovem, envergando um rico vestido azul com pedrarias, adiantou-se. Sua voz, que era melodiosa como o trinado de um pássaro, fez Adrienne estremecer.
E como não haveria de estar ansiosa, meus senhores? Pois se passará uma noite com Alessandro, o mais belo homem de Siena! A primeira de muitas outras noites, aliás!
Ela levou aos lábios uma taça de cristal, sorveu o vinho e sorriu. Depois atirou os cabelos ruivos para trás. Transferindo a taça de uma mão para outra, fitou um homem parado a porta do quarto. Ele devolveu-lhe o olhar com expressão sombria e cruzou os braços.
Entre Alessandro. Venha consumar seu matrimônio. Mal podemos esperar para comprovar com nossos próprios olhos a sua tão proclamada valentia!
Assim dizendo a mulher riu. Passou o braço sobre os ombros de Adrienne e gesticulou para Alessandro.
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Com uma onda de choque, Adrienne reconheceu-ª Luísa. Sim, Luisa Barbiano, amiga íntima e confidente de Isabella. Por que então sua aproximação lhe provocava um calafrio? Porque pressentia uma aura de malevolência naquela mulher? Sem refletir, Adrienne se desvencilhou-se dela.
Luiza estreitou os olhos azuis. Nada disse e continuou a sorrir, imperturbável. Porém, não se aproximou mais da amiga.
Enquanto examinava os presentes, o olhar de Adrienne foi atraído para o homem parado à porta do quarto. Sua expressão enigmática era a um só tempo cativantes e ameaçadora. Dele emanava uma eloqüência silenciosa, que dificilmente passava despercebida. Seus cabelos muito negros lhe chegavam a altura dos ombros, emoldurando traços tão perfeitos que poderiam ter sido lapidados em mármore de Carrara por um mestre artesão. Adrienne notou que ele usava jaqueta e calças justas de veludo branco com adornos vermelhos e dourados, perfeitos para ressaltar sua beleza quase impossível. Seu corpo parecia uma obra-prima da escultura, com a carne rija e os músculos proeminentes de um guerreiro. A pele morena rebrilhava como bronze, os olhos penetrantes luziam como o ônix sob o sol...
Ontem, pela primeira vez, vi Alessandro di Montefiore face a face. Estávamos reunidos no grande salão do Palazzo Motefiore, durante a cerimônia de nosso casamento. Eu me consumia de ódio por ele. Durante toda a minha vida, fui ensinada a odiá-lo. Porém, quando olhei dentro dos olhos escuros de Alessandro, eu me consumi de excitação pela noite que estava por vir. Eu me consumi no desejo de compartilhar meu leito com ele.
Adrienne arregalou os olhos enquanto continuava a encará-lo. Pousou as mãos no peito, como se assim pudesse acalmar seu coração repentinamente inquieto. Então aquele era Alessandro di Montefiore, pensou, relembrando as palavras de Isabella Alessandro, o homem que sua ancestral havia odiado, amado e traído. Alessandro, cuja morte se entrelaçava à morte da própria Isabella. Petrificada, Adrienne voltou o olhar para o belo rosto dele. Como seria possível que Isabella um dia tivesse devotado ódio àquele homem? Ela analisou seus próprios sentimentos. Não, não era capaz de nutrir nenhum rancor por Alessandro di Montefiore. Pois, muito além da fisionomia altiva dele e do desafio que animava seus olhos negros, Adrienne detectou algo indefinível. Não soube precisar o quê. Intensidade, talvez. Ou poder. Ou paixão, violência. Sim, pensou. Aquele não era um homem passivo. E, no entanto... havia algo mais nele. Suavidade. Uma suavidade que a fazia ter vontade de tocá-lo e...
Antes que pudesse concluir seu pensamento, as outras mulheres rodearam-na e empurraram-na para a cama. Gracejando maliciosamente sobre a noite de núpcias, despiram-lhe o robe antes mesmo que pudesse protestar. Mas, quando puxaram os laços de sua camisola, ela resistiu. As mulheres riram e não se intimidaram. Adrienne se debateu, repeliu as mãos que a tateavam e, por fim, contorcendo-se, conseguiu sair do círculo de mulheres. Cambaleante, apoiou-se ao dossel. Só então se deu conta de seu desalinho. Puxou bruscamente a cortina de veludo azul e com ela escondeu o profundo decote da camisola.
Não! Lasciatemi! Deixem-me em paz! gritou, e as palavras ecoaram em seu cérebro, palavras proferidas por uma voz que não era em absoluto a sua.
Houve um instante de silêncio constrangedor antes que o burburinho tomasse conta do aposento. As mulheres voltaram a se acercar de Adrienne, os vestidos ondulando, as mãos estendidas de modo ameaçador.
Basta! interveio uma voz cheia de autoridade.
No mesmo instante, fez-se silêncio. Todos se quedaram imóveis.
Parem de molestá-la volveu a voz.
A multidão abriu caminho para Alessandro. Ele avançou em direção ao dossel. Parou a um passo de Adrienne. Franziu o cenho ao vê-la arregalar os olhos. Afinal, que tipo de jogo era aquele? perguntou-se. Teve raiva de si mesmo por ficar comovido com a pequena cena que Isabella armara. Ora, por que ela insistia em se fingir de donzela pudica, quando os boatos insinuavam exatamente o contrário?
Ele a vira, desamparada, levar a mão ao coração e fitá-lo com choque, angústia, assombro, medo e cautela. As emoções sucederam-se em seus olhos límpidos com uma transparência desarmante. Alessandro praguejou silenciosamente. Se Isabella era de fato tão boa atriz, ele acabaria se tornando presa fácil para seus ardis.
Perscrutou-a, tentando flagrar um indício de hipocrisia em seu semblante. Percebeu que Isabella agarrava a cortina do dossel, as juntas dos dedos brancas tal era a força que empregava. Ficou desconcertado. Aquela não podia ser a mulher que mandava açoitar seus servos com a mesma naturalidade com que pedia ao bobo da corte para encenar um número; a mulher que chicoteava seu cavalo até arrancar-lhe o sangue; a mulher que, dizia-se à boca pequena, havia se deitado com mais de um homem, inclusive com os próprios irmãos.
A balbúrdia atrás dele recomeçou. Fez menção de se virar, mas imobilizou-se quando Isabella estendeu-lhe a mão, suplicante.
Por favor. Mande essa gente embora daqui ela sussurrou com voz quase inaudível.
Alessandro arqueou as sobrancelhas. Obviamente Isabella estava a par da tradição da corte. Devia saber que um casamento como aquele era consumado perante testemunhas, a fim de que não pudesse ser anulado mais tarde. O olhar dele percorreu a mesa repleta de bebidas e finas iguarias destinadas aos convidados que passariam a noite ali, gracejando e registrando todos os acontecimentos. A despeito de sua prevenção, Alessandro sentiu a excitação dominá-lo ante a perspectiva de possuir aquela mulher.
Por favor Isabella insistiu.
Não fosse pela veemência no olhar dela, Alessandro não teria feito caso de seu pedido. Os olhos cor de âmbar de Isabella revelavam temor e confusão, mas também uma resolução que vinha de seu âmago. Ele não havia detectado tamanha coragem nem sequer nos oponentes com que duelara.
Condenando-se por seu sentimentalismo, ele se virou e encarou os convidados.
Deixem-nos a sós. Este casamento será consumado sem testemunhas.
Houve murmúrios consternados. Dois homens destacaram-se da pequena multidão.
Se pensa que vai se safar desta, está muito enganado! Não conseguirá encontrar pretextos para repudiar nossa irmã e pedir a anulação do casamento! o mais baixo deles vociferou.
Adrienne retraiu-se ao reconhecer os mesmos olhos castanhos e cabelos loiros que vira ao espelho. Aqueles eram Piero e Alfonso Pulcinelli, irmãos de Isabella.
Achei que ficariam satisfeitos Alessandro retorquiu,o olhar duro desmentindo a brandura de sua voz. Ele sorriu friamente. Pensem no dote que voltaria para suas mãos. Isso sem mencionar que poderiam vender sua irmã a um pretendente mais rico.
O mais baixo dos irmãos Pulcinelli quis revidar. Porém, bastou que Alessandro franzisse o cenho para ele desistir de seu intento.
O que há? provocou o outro com uma careta irônica. Receia fracassar em público? É isso? Teme por sua reputação?
Alessandro mediu Alfonso dos pés à cabeça. Para mostrar seu desdém e também para ter tempo de se acalmar. Pousou a mão no cabo incrustado de pedras preciosas da adaga que pendia em sua cintura.
Têm muita sorte de ser convidados desta casa disse em voz baixa e contida. Sua ira cedeu um pouco quando percebeu a perturbação de Alfonso.
Um homem mais velho empurrou os Pulcinelli para o lado e deu um passo à frente. Ignorou Alessandro e, olhando diretamente para Adrienne, ordenou:
Agora basta. Não ficaremos à mercê de seus caprichos, rapariga. Venha cá.
O homem tentou arrastá-la para o centro do quarto, mas Alessandro bloqueou-lhe o caminho. O homem encarou-o com expressão pétrea.
O casamento será consumado sem testemunhas, pai Alessandro reiterou.
Francesco di Montefiore cerrou os maxilares. Lançou um último olhar a Adrienne. Pois muito bem. Se ela se mostrasse capaz de acalmar os ânimos de seu filho, então nem tudo estaria perdido. Por outro lado, se trouxesse mais complicações para a família, haveria muitos meios de fazê-la se comportar. Tomando uma decisão, ele se voltou para os convidados.
Saiam do aposento nupcial.
Um dos Pulcinelli quis objetar. Francesco silenciou-o com um único olhar e permaneceu imóvel até que o último convidado se retirasse. Aí dirigiu-se ao filho:
As testemunhas examinarão seus lençóis logo pela manhã. Espero que não se torne motivo de riso na cidade.
Alessandro fixou o rosto do pai, tão despido de emoções. Houvera época em que, ainda menino, ele teria feito qualquer coisa para agradar Francesco, para iluminar seu semblante impassível como só sua esposa era capaz de iluminar. Agora, entretanto, Alessandro limitava-se a cumprir seus deveres e a agir conforme suas próprias inclinações.
Alguma vez faltei com minhas obrigações, pai?
Não. Sempre me proporcionou muito orgulho. Francesco di Montefiore deu um suspiro, sentindo o peso dos anos. Se sua mãe tivesse sido minha esposa e não minha amante, talvez eu pudesse lhe dar mais do que dei.
Ele apertou a mão do filho e deixou o aposento. Adrienne havia observado os dois sem conseguir entender o que diziam em voz baixa. Quando Francesco di Montefiore fechou a porta atrás de si, ela sentiu um aperto no peito. Sua vontade fora feita e livrara-se da multidão que se apinhava no aposento. Agora, porém, estava a sós com um completo estranho. Um estranho que em breve a faria sua mulher.
Seus lábios se entreabriram, mas ela foi incapaz de falar. O que poderia, afinal, dizer a Alessandro? Como fazê-lo compreender que era Isabella apenas em corpo e não em alma? Como explicar-lhe que viera de outro lugar, de outro tempo? Ele jamais acreditaria em sua história. Adrienne podia sentir o medo crescendo em seu peito. Não obstante... o medo desvaneceu-se sob a força de uma estranha certeza. A certeza de que ela pertencia àquele lugar e àquele tempo. Tinha uma missão fundamental a cumprir ali.
Alessandro fitou a noiva. Poderia jurar que, quando os dois haviam ficado frente a frente no salão para assinar o contrato de casamento, a fisionomia de Isabella traíra fria deliberação. Agora, contudo, ela parecia indefesa, com o olhar turvado de dúvidas. Teria sido sempre assim? Ou ele ignorara o desamparo de Isabella simplesmente porque fora ensinado a desprezar qualquer um que carregasse o nome dos Pulcinelli?
Devagar, Alessandro aproximou-se de Adrienne. Com os olhos fixos nos dela, começou a soltar seus dedos da cortina, um a um, até que o veludo do dossel voltasse à posição original. Só então o olhar dele percorreu o corpo de sua noiva.
Os laços desfeitos no decote da camisola deixavam entrever a curva dos seios generosos. Enquanto a fitava, viu a carne macia estremecer no compasso acelerado da respiração de Isabella. Seu próprio corpo, em contrapartida, pulsou de desejo.
Com as mãos pousadas nos ombros de Adrienne, puxou-a para si. Ela não resistiu. Mas não escapou a Alessandro seu nervosismo.
Os dois ficaram a apenas alguns centímetros um do outro. Adrienne forçou-se a ficar ali, sem recuar. Quando Alessandro segurara-lhe os dedos para fazê-la soltar a cortina do dossel, ela experimentara um lampejo de pânico. Não!, protestara silenciosamente. Não poderia sustentar semelhante farsa!
E tampouco fora capaz de proferir seu protesto, pois, naquele momento, seus olhos encontraram os de Alessandro. Os olhos dele eram negros como a noite e, ainda assim, exibiam um brilho irresistível. A luz daqueles olhos deixaram-na completamente sem defesa.
Sentindo-se sem ação, Adrienne continuava com os olhos presos aos dele. Ao perceber as intenções de Alessandro, seu coração disparou novamente. Em sua boca ela provou o gosto do medo. Mas não era somente o medo que lhe acelerava o pulso e lhe causava vertigem. Não. Uma estranha sensação, que lhe era desconhecida, acabou sobrepujando o medo. Agora seu corpo inteiro vibrava ao suave toque de Alessandro.
Tinha que tentar retomar o autocontrole, disse a si mesma. Não podia permitir que ele se aproximasse mais. Oh, por Deus, precisava encontrar as palavras certas para esclarecer-lhe que não era Isabella...
E, no entanto, estava sem fala diante daqueles olhos luminosos que a encaravam, numa invencível mescla de ternura e desejo.
Adrienne espalmou as mãos no peito dele.
Alessandro, ti prego...
O quê? O que quer me pedir? ele murmurou.
Perdida, ela não soube o que dizer. Balançou a cabeça, cheia de pesar e aflição.
Sem aviso, Alessandro aprisionou-a em seus braços.
Que tipo de armadilha está me preparando? Diga-me, quem é?
Mais uma vez, Adrienne tentou confessar-lhe a verdade. E, mais uma vez, conservou-se muda. Ao cabo de alguns segundos, ela tomou uma resolução. Se o destino, um feitiço ou o próprio Deus a haviam enviado para aquele homem, para aquele tempo, não seria sua missão cumprir o papel que lhe estava reservado?
Antes mesmo que seu espírito respondesse a essa pergunta, Adrienne levantou o rosto para o homem que a perscrutava.
Sou Isabella di Montefiore. Sua esposa declarou com firmeza.
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As Duas Vidas de Adrienne
RomanceAo ser levada para o leito nupcial, Adrienne não tinha como fugir: dentro de instantes teria de entregar sua pureza a um estranho! O duque Alessandro di Montefiore, precisava consumar aqueles casamento arranjado. Mas não confiava em sua esposa: Isab...