Capitulo Sete

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Serena

O dia pareceu não querer passar. Na hora do almoço, novamente almoçamos todos juntos, em seguida, novamente cada um foi para seu canto.
No início da tarde, a campainha tocou e eu tomei a liberdade de atender já que não tinha quem atendesse.
- Aqui é a casa dos senhores Monteiro? - um rapaz perguntou.
- Sim. - falei. - Posso ajudá-lo?
- Mandaram entregar essa encomenda à Serena, é aqui?
Gelei.
- À Serena sou eu, porém, deve haver algum engano.
- Acredito que não senhora. Até logo. - deixou a caixa em minhas mãos e saiu, sumindo aos poucos pelas árvores próximas da entrada de casa.
Respirei fundo e temi abrir. Não era normal receber uma encomenda dessas, sem ninguém da minha família saber aonde era meu endereço e comigo morando há menos de uma semana aqui dentro.
Fui vencida pela curiosidade após tanto imaginar o que poderia ter ali dentro. E então, ao abrir, vi um vestido dentro de um plástico. O vestido por sua vez, era de um azul lindo que com certeza cairia super bem no meu corpo.
Mas quem me mandaria um vestido? Após tanto vasculhar a caixa, acabo encontrando um pequeno bilhete com os dizeres:
" Ainda é impossível distinguir qual é a sua cor predileta, porém, espero ter aceitado. Gostaria que jantasse comigo essa noite e usasse esse presente. Detalhe: Não aceito não como resposta. Ass. Patrício Monteiro."
Estranho foi dizer que meu coração não acelerou ao ler aquilo. Logo ele, um homem aparentemente tão reservado, caindo nas graças de uma cuidadora farfique como eu.
Ok, não podia dizer não, porém no bilhete também não tinha a hora que iríamos jantar.
Fui até o quarto de Patrick e o vi sentado na varanda, fitando o céu.
- O que te aflige, bela moça? - ele pergunta ainda sem me olhar.
- Como sabia que era eu aqui?
- O seu perfume é reconhecível de longe. - disse.
- Ah. - digo envergonhada.
- Ainda não me respondeu. - ele diz enfim me olhando e cruza os braços em seguida.
- Eu posso confiar em você, não posso? - perguntei.
- Com toda certeza querida! Acima de tudo, somos amigos. Quer sentar?
- Não. - ameaço um sorriso. - Patrício me chamou para jantar essa noite e me mandou um vestido de presente.
- Uau! - ele diz surpreso.
- Você acha que é possível uma pessoa fazer isso com a outra em menos de uma semana? Eu acho tão estranho, sei que é da tua família, mas né.
- Acho possível sim querida. Patrício sempre foi um homem muito reservado, só fazia essas coisas quando realmente achava alguém interessante e você foi a contemplada.
- Talvez eu não gostaria de ser. Eu não quero me envolver com ninguém, porém, não quero ter que ferir às pessoas que estão ao meu redor.
- Vá ao jantar minha linda. Se nada der certo, pode ao menos existir a amizade, não pode?
- É, porque não... - suspirei.
- Então vá se arrumar que creio eu que você já está atrasada.
- Talvez! Eu nem sei o horário que vou. - falei.
- Melhor se arrumar e estar pronta com antecendência do que fazer um cavalheiro esperar, não acha? - diz com a sobrancelha arqueada.
- Você está certo. Depois eu venho pra você ver se estou bonita.
- Tenho certeza que vai estar. Irei te esperar. - falou ele sorridente.
Sai do quarto e fui pro meu. No corredor, ouvi um som alto vindo do quarto que eu sugiro ser de Gael. Ele gostava mesmo de ser o centro das atenções.
Quase uma hora e meia depois, eu estava pronta e deslumbrante! Fiz uma maquiagem que aprendi com uma colega de trabalho e realcei nos lábios um batom vinho. O cabelo, deixei solto com leves ondas. Coloquei o vestido, acessórios que eu havia trago e a pulseira... Aquela que ganhei há seis anos atrás e não conseguia desapegar.
Ao sair do quarto, dei de topa com Gael no corredor.
Não demorou nada para que ele me notasse e seus olhos corressem por todo o meu corpo e parasse nos meus.
- Uau! Aonde você vai?
- Eu preciso mesmo te dar satisfação? - perguntei irônica.
Após dizer isso, caminhei para que pudesse passar por ele. Seus olhos logo cairiam para a pulseira que ele mesmo havia me dado naquele aniversário.
Com toda ousadia do mundo, ele me fez parar e tomou a liberdade de tocar meu braço, mais precisamente em cima da pulseira.
- Vejo que não fui totalmente esquecido.
Revirei os olhos.
- Isso aqui é apenas um acessório. Diga-se de passagem, sem valor sentimental algum. E você é um passado que foi além do esquecimento. Aceite Gael!
Após dizer isso, sai andando e logo entrei no quarto de Patrick.
- Você está fantástica!

Paixão SublinhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora