Capítulo Vinte e Cinco

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Serena

Naquela noite eu cedi à Gael apenas pelos beijos, nada mais que isso. Ele dormiu no meu quarto e quando viu que eu falava sério na parte de não querer terminar o que começamos, o mesmo sossegou e não demorou a pegar no sono.
Em compensação eu, demorei rios pra dormir. Me peguei muitas vezes no meio da noite o vendo dormir na poltrona, eu sentia falta dele, porém sentia mais falta da filha que a mãe dele me tirou.
Chorei por longos minutos e aposto  que quando peguei no sono, meus olhos estavam inchados.
Acordei por volta das dez da manhã, o quarto já estava vazio e nenhum sinal de Gael o que pra mim era ótimo, melhor parte é esquecer o que aconteceu e colocar a culpa na bebida.
Fiz minha higiene matinal, tomei meu banho e fui até o quarto de Patrick, aquele dia estávamos livres de remédios.
- Bom dia querido. - falei beijando sua testa.
- Bom dia querida, o que aconteceu?
- Nada, porque? - perguntei sem entender.
- Os seus olhos estão inchados.
- Chorei por Cecília... - falei. - Já tomou café?
- Já fui até para a piscina. - brincou. - Richard conseguiu tirar dois dias de folga e veio pra cá. - diz alegre.
Era minha deixa!
- Nossa, aonde ele está? - perguntei.
- Boa pergunta. - sorriu. - Precisa falar com ele?
- Não. - cortei. - Só quero vê-lo, sonhei com ele essa noite, um pesadelo horrível. - menti.
- Então procure-o. - brincou.
- Não vai sair do quarto?
- Vou ficar mais um pouco.
- Está tudo bem? - perguntei.
- Está sim. - sorriu, eu sabia que não estava mas não o cobraria por nada.
- Ok então. - beijei sua testa e sai do quarto.
Não foi difícil encontrar Richard, ele estava em uma das piscinas do hotel, ainda bem que eu estava de biquíni por baixo da roupa.
- E aí gatinha, saudade! - saudou.
- E aí rapaz, você está sumido! - falei ao pegar o celular e ligar discretamente o gravador.
- Muito trabalho.
Comecei.
- Nova novela?
- Também. Estou gravando pra um filme.
- Qual o gênero?
Ele ficou vermelho.
- É um pornô, mas por favor, não conte à ninguém da minha família por enquanto. É um contrato incrível!
- Você é doido! - falei surpresa. - Achei que seria um romance.
- Não que não envolva um romance, sou eu e uma mulher fantástica que me faz gozar sem efeitos especiais.
Me sinto ficar vermelha.
- Uau! E as fãs, muitas?
- Um pouco viu. Minha aparição na novela me fez muito bem, elas são fodas.
- Acho que pra mim seria difícil lidar com a fama, eu sou uma pessoa totalmente discreta. - argumentei.
- Não vou negar que às vezes enche o saco o fato de você não ter tanta liberdade, sabe? Se eu apareço só por aparecer com alguém, pra mídia eu estou namorando, planejando ter três filhos e quinze cachorros. - respondeu.
- Isso é muito foda. - falei.
- Por isso detesto dar entrevistas, às pessoas escrevem o que quer, sabe? Não adianta eu falar que estou solteiro, sendo que a filha da puta da mulher vai escrever que eu estou casado. Revista de fofoca é um lixo, você gosta?
- Detesto! - fui rápida.
- Ainda bem. Já tem um ponto comigo. - respondeu ele sorridente
Logo o vi olhar para os lados como se alguém pudesse estar vendo a gente, notamos que apesar de ter umas cinco a seis pessoas na piscina, elas estavam inertes à nossa conversa, então, ele resolveu dizer:
- Posso te contar um segredo?
- Claro. - respondi.
Senti vontade de parar de gravar mas sabia o quão difícil seria conseguir um próximo segredo, uma próxima conversa com o cara mais ocupado do universo.
- Eu não me sinto da família.
Vi seus olhos se encheram de lágrimas.
- Não? Porque? - curiosa perguntei.
- Não conta pra ninguém, até porque pode ser um escândalo pra família, mas, eu sou adotado.
Respirou fundo.
- Adotado?
- Sim!! Meu avô me adotou quando eu era criança.
- Como isso? - fiquei surpresa.
- Ele me contou quando completei quinze anos, que certo dia, uma mulher muito desolada passava por perto dele pedindo comida para que ela e seu bebê que no caso era eu, pudesse sobreviver. Ele já era bem de vida, já tinha seus filhos, mas sentiu dó de me ver naquela situação com a minha mãe biológica. Me contou que naquele dia, ele nos alimentou, eu tinha poucos meses de vida e que mesmo sendo total desconhecido, ele nos abrigou em sua casa que na época era ainda maior do que a que moramos agora. E que depois de dois dias que estávamos lá, ele percebeu que minha mãe não saia do quarto que lhe foi entregue por nada. Não se sentia à vontade de ir até o quarto dela mas naquele dia seu coração mandou e quando chegou a viu morta.
- Porra! - falei.
- Até hoje depois de todos esses anos não conseguimos entender o motivo da sua morte. É muito estranho! Então, fiquei com eles e cá estou.
- E porque seu avô é seu avô e não seu pai? - perguntei.
- Ele quis que eu fosse neto, não filho, até porque minha avó já não podia mais engravidar então como eu seria filho dele? Nascendo pelo Divino Espírito Santo que não dava. - sorriu.
- Que história hein!
- Então... Só tenho uma foto da minha mãe, a qual carrego pra cima e pra baixo.
- Mas todos da sua família sabem, não sabem?
- A grande maioria sim! Sabem que sou adotado mas não o real motivo. Ninguém sabe nem as mulheres que namorei nessa vida.
- Ah sim... Mas hoje você é feliz?
- Incrivelmente feliz! - sorriu. - Minha família é minha base é uma moça que conheci vem sendo a minha força, e esse é um outro segredo.
Ele olhou para trás e viu duas moças nos olhando, resolveu chegar mais perto pra contar.
- Ela é atriz? - perguntei.
- Uma pessoa comum! Ser humano, na verdade, pedagoga. Ela é linda naqueles óculos de grau, sexy com os vestidos soltos que usa para ir dar aula. Acho que estou me apaixonando. - seus olhos brilham.
- Cilada! - respondi rindo.
Disfarçadamente parei a gravação, aquilo era tudo que eu precisava para que minha carreira fosse para frente.
- Eu já te considero uma irmã, sabia? - ele falou pegando delicadamente minha mão.
- Que lindo Richard, obrigada! - sorri. - Eu também te considero, espero nunca poder te decepcionar.
- Eu te bato se me decepcionar. - brincou.

Paixão SublinhadaOnde histórias criam vida. Descubra agora