Capítulo 6

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Depois de quase um dia e meio de viagem, Nathan, Sirius e os príncipes chegaram aos portões de Koholt. Uma grande muralha guardava as terras de Nerar, e à primeira vista era de tirar o fôlego. Assim que passaram pelo portão feito de enormes rochas habilmente esculpidas como dois guardiões, viram a cidade crescendo, iluminada por archotes e lamparinas. À cavalo, ou a pé, era como se todos os holts dos reinos estivessem ali naquele momento. Era tanta conversa, cheiro de boa comida vindo das tabernas e hospedarias, que mesmo depois da viagem cansativa, debaixo de sol forte, Sirius não deixava de pensar em como era bom estar em Koholt. Seguiu pela rua do comércio onde ouvia claramente o martelar dos ferreiros. Alguns comerciantes de armaduras já fechando seu estabelecimento, jovens recém-saídos da Academia Marcial e mais negociantes de pedras preciosas, ou material para forja especial. Deixaram pra trás o comércio da cidade e seguiram a diante, passando por duas pontes ladeadas por longos corredores rochosos que cercavam o Castelo Cinza de Koholt como se fosse um cinturão. A última ponte era levadiça e ficava sobre o fosso. Os guardas viram os três viajantes se aproximando e se aprumaram no seu posto. Sirius afastou o capuz, sacudindo a espada, e surpreendendo aos príncipes. Os homens o saudaram com reverências respeitosas.

Passaram pela ponte e minutos depois alcançaram a entrada do castelo. Era muito diferente do etéreo castelo de Ihgraime, do luxuoso castelo de Maherac. Era mais rústico, mas não menos imponente, e talvez o maior deles, também. Sirius os guiou pelo salão principal, onde um serviçal veio ao encontro dele, também reverenciando o General, dizendo que o chefe de guerra os aguardava no salão aberto, o que devia ser considerado uma grande honra, já que os holts raramente receberiam alguém lá se não lhe parecesse importante. Nerar construiu o salão aberto, e ali eram feitas as comemorações mais importantes do reino no tempo dos heróis. A vista era totalmente livre de janelas, e de sua amurada podia-se ter uma visão fantástica das quedas d'água quase inexploradas de Koholt.

Seguiram por corredores e escadas ao Norte do castelo, e quando estavam próximos, podiam escutar a música animada que vinha do ambiente, e a recepção não poderia ser melhor. O chefe Owen os recebeu com seu melhor sorriso, vestindo uma cota cinza escura, com detalhes em prata e azul. Cumprimentou Nathan, Noah e Kane com um afetuoso abraço, e depois analisou Sirius rapidamente, antes de também o abraçar.

- General, hein. - Ele sorriu. - Lorde Rupert é um homem de sorte em tê-lo a serviço de Ihgraime.

- Eu me sinto honrado em servir ao povo graime - Sirius disse.

- Vocês devem estar famintos, e cansados também. Por favor, não façam cerimônia. O Castelo Cinza está honrado em recebê-los! - exclamou o chefe de guerra, olhando impressionado para Kane.

- A legítima cerveja de Koholt - um oficial disse, servindo o príncipe Noah.

- A melhor cerveja do reino - Noah concordou.

Nathan e o chefe Owen sentaram-se próximos à mesa, e Sirius imaginou que o líder holt deveria estar contando sobre os acontecimentos em Maherac. Percebeu que o chefe de guerra parecia preocupado, mas achou aquilo muito normal, afinal, se havia alguma manifestação mágica nas minas, o lugar poderia ser perigoso. Viu que Kane e Noah logo estavam conversando com os oficiais e alguns homens de confiança de Nathan, observando tudo da vista diante de um céu estrelado. Sentia-se cansado, e tampouco tinha fome. Estava mesmo querendo mais cerveja e uma boa noite de sono. Inevitavelmente, estava lembrando de suas últimas horas em Maherac. Havia dormido mal, preocupado que no dia seguinte Lyra iria para Ihgraime com Lorde Rupert. Gostaria de ter partido com eles, tinha um mal pressentimento quanto a essa ida de Lyra a Myran nos dias que se seguiriam. Não havia resistido, e acabou por quebrar sua promessa, de que não se aproximaria mais dela. Mas acabavam sozinhos durante o tempo em que ela trabalhava na torre do Castelo Branco, e aquilo parecia o destino querendo testá-lo. Acordou mais cedo que o normal e resolveu que iria se despedir dela, rindo de si mesmo. Como havia sido inocente achando que só iria se despedir dela e dizer que tomasse cuidado.

Loyalty - Reclamada Pela Realeza - Duologia AmbarysOnde histórias criam vida. Descubra agora