Tudo ficaria bem...

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Não queria ir para casa da minha mãe, então, Regina ofereceu seu apartamento para eu ir tomar um banho e descansar um pouco.
Zelena e Cora ficariam com ela, pois ao mesmo tempo que não queria deixá-la, queria sair correndo dali. Nós duas fomos para o edifício em que ela morava, ficava um pouco afastado do centro da cidade.
Ela abriu a porta e eu já fui para o banheiro daquele lugar que eu conhecia tão bem.
Tomei um banho e cai na cama. Não estava com fome, não estava com sede, não estava triste, não sentia nada.

Acordei por volta das 19, Regina estava fazendo comida. Porém não queria comer. Precisava sair.
Fui até o quarto da morena e coloquei uma das suas roupas, estava usando calça jeans clara de cintura alta, um cropped de alças preto, uma blusa xadrez preta e branca e nos pés um all-star branco clássico. Coloquei meus óculos, fiz uma maquiagem leve e prendi meus cabelos em um coque mal feito.

-Me empresta seu carro?-Perguntei para Regina que estava sentada na bancada de sua cozinha enquanto lia um livro e tomava um chá.

-Onde você vai?-Disse sem desviar os olhos do livro.

-Dar uma volta.-Peguei as chaves que estavam na mesa do lado da porta.-Estou indo, meu celular está com pouca bateria e não sei que hora vou voltar.

-Lena...-Sai e fechei a porta atrás de mim, mas pude ouvir ela dizendo:"Odeio essa forma que você lida com a sua dor..."

Eu também odiava, mas não sei outro modo de lidar com ela sem ficar louca.
Sai com o carro, não sabia onde queria ir, somente dirigi.
Acabei parando em um barzinho perto da minha antiga faculdade. Pedi uma dose de whisky, virei de uma vez e pedi mais uma. Repeti a ação mais umas duas vezes antes de pagar a conta.
Peguei o carro é novamente sai andando sem rumo. Cheguei em um baile bem famoso em São Paulo. Decidi parar.

O tema do meu tcc foi como a batida da música influenciava as pessoas, então acabei frequentando muitos lugares assim durante o final da faculdade para estudar, mas nunca me diverti.
A bebida em meu organismo começava a fazer efeito, então tirei a blusa que estava usando e amarrei em minha cintura.
Tinham muitas pessoas, bebidas e drogas.
As música alta era algo quase ensurdecedor, as pessoas dançavam com o corpo colado umas nas outras.

Fui até uma barraca de bebidas e peguei um copo de catuaba com gelo de coco, algo bem típico aqui de São Paulo. Estava aproveitando a batida da música com meu copo na mão, quando senti uma mulher dançando atrás de mim. Dei um passo para frente e sai dali.

Bebi todo o líquido do meu copo e peguei outro. Encontrei um garoto vendendo maconha, não pensei duas vezes e comprei quatro de seus cigarros prontos, pois não queria ter trabalho, acendi um no esqueiro de uma garota que estava ali e guardei os outros na caixinha de meus cigarros normais.

Na primeira tragada senti um alívio imediato, continuei a beber e a fumar.
A cada vez que puxava a fumaça, mais o sentimento ruim que sentia em meu peito sumia. Fazia tempo que não fumava, a última vez foi antes de conhecer Kara.
Não contive uma risada ao pensar no que ela diria se me visse assim.

Meu celular tocou, eu estava no meio do baile, e não queria atender. Estava tentando ir para o meu carro, com meu copo na mão e meu cigarro na outra. Com muita dificuldade cheguei até onde o automóvel estava e entrei nele. Continuei fumando tranquilamente.
Consegui esquecer completamente o que fazia ali.
Meu celular tocou de novo.

-Alô?-Atendi e dei risada.

-Lena?! Onde você está?-Era Regina, ela parecia preocupada, mas não me importei.

-Estou aqui!-Disse enrolada.

-Aqui aonde Lena?

-Aqui no carro.-Dei risada.

Thinking 'bout youOnde histórias criam vida. Descubra agora