A Maestria Orquestrada Por Um Olho Só

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— Vamos matar esse filho da puta! — Camargo disse já se colocando em direção ao corredor de paredes de vidro.

Uma veia na altura de sua testa pulsava com força, mas ele não parecia ter raiva. A controversa situação era nada mais que uma oportunidade de voltar ao jogo em que sempre era eleito o melhor dos jogadores. A mensagem alarmante de Nasha indicando Monstro como potencial causa do mal-funcionamento e da submersão reversa logo trouxe o conhecido Camargo de volta. Depois dessas oito semanas, ele estava com sede de sangue. Nada o impediria de eliminar Monstro dessa equação de peculiaridades.

Os gritos ameaçadores de Camargo prosseguiram a todo vapor.

Joana entrou em sua frente e o desafiou com o olhar firme. Não queria deixá-lo causar mal algum a Monstro e nem a ninguém:

— Você está louco? — gritou a um palmo de seu rosto.

— Louco é o meu sobrenome — respondeu olhando em seus olhos e fazendo um gesto com as mãos para que ela se removesse de sua frente como um pássaro tendo que voar por ter pousado no lugar errado.

— Você não pode fazer isso! — disse Cris, entrando também na frente de Camargo junto com Joana.

Cris sabia que entrar na frente de Camargo daquela forma não o faria mudar de ideia. Mas que escolha tinha senão interceder pela vida de seu amigo? Apesar de estar de corpo presente fazendo pressão contrária à vil ideia de Camargo, sua mente estava navegando pelos corredores da ASMEC que ela tinha conhecido. Se perguntava a cada segundo onde Charles estaria. Onde Leafarneo estaria. Em seu coração, torcia para que ambos estivessem bem. Recuperaria os dois de vista assim que sentisse que Monstro estava seguro. Não podia se dar ao luxo de perder um amigo em detrimento a outro. Já tinha perdido pessoas demais.

Délia foi a única que permaneceu em uma posição passiva.

Ela começou a sentir um arrepio percorrer todo seu corpo. Começou a ouvir a voz de Camargo cada vez mais baixa. Ainda ouvia palavras como assassinato, sangrar, menino maldito. Outras ela não compreendeu com facilidade. Estava perdendo a voz dele. Estava perdendo a voz de Cris e Joana argumentando a favor de Monstro.

Seus ouvidos já não ouviam mais os sons da sala de controle de Nasha. Ela estava ali. Mas não se sentia verdadeiramente em seu lugar. Era uma mera coadjuvante da vida que continuava ao seu redor.

"Camargo não pode decidir o que fazer. Não ele. Jamais ele" — pensou a doutora.

Ela sabia que não podia ficar parada em frente às ameaças de Camargo. Ela sabia que ele não hesitaria em acabar com a vida de Monstro para eliminar a interferência e cancelar a submersão reversa. Utilizaria o que estivesse a seu alcance para tal feito: um pedaço de metal para espancá-lo até a morte, um caco de vidro para cortar a sua garganta assim como cortou a de Emu ou até mesmo suas próprias mãos para enforcá-lo até a vida se esvair de seu corpo.

Camargo mataria Monstro em um piscar de olhos. Sem hesitar, sem dar a ele chance alguma de fugir. E mesmo que isso não parasse as atrocidades de Nasha, ele pelo menos se sentiria satisfeito pela sua dose diária de assassinatos.

Mas... e se o fim da vida de Monstro causasse uma mudança ainda mais drástica nas funções de Nasha, fazendo-a ser ainda mais mortal do que estava sendo?

Era muito arriscado matar Monstro só por causa daquela alerta. Ela precisava entender mais. Precisava de mais tempo. Precisava de mais tempo para pensar.

"Droga, o que devo fazer?" — pensava consigo. — "Vou deixar esse garoto estúpido morrer... Não. merda. Morra, infeliz. Não. Não. Délia, controle-se!"

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⏰ Última atualização: Feb 15, 2018 ⏰

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LIVRO III - A Ordem do CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora