Destino Ou Acaso

75 - Sim Ou Não

    Continuei chorando e peguei no sono

*Sonho 1 On*

- Para! Eu não aguento mais! – ela estava vermelha de tanto que eu fazia cócegas nela. Parei rindo muito.

- Você é linda vermelha – falei

- Nossa, eu não sabia que você tinha um fetiche por pimentões e tomates – rimos e me deitei ao lado dela na grama e ela me beijou, um beijo cheio de paixão

- Mamãe? Tá tudo bem? A senhora tá vermelha! – perguntou Eduardo

- Calma filho, foi seu pai que estava fazendo cócegas em mim – respondeu a Vilu sorrindo

- Dudu eu vou te pegar! – gritou Eduarda correndo e rindo

- Epa mocinha, mais devagar! – disse a pegando e jogando pra cima. Amo esses gêmeos...

*Sonho 1 Off*

*Sonho 2 On*

Eu estava muito nervoso, o coração na garganta, um frio terrível na barriga, todos me olhando, até que todos ficaram de pé, eu não conseguia vê-la por causa das pessoas que estavam em pé, mas então eu a vi. Ela estava linda com um vestido branco com rosas vermelhas, ela era perfeita. Cumprimentei o pai dela e beijei a mão dela. Fomos até o altar, o mestre de cerimônias falando umas baboseiras que nem prestei atenção, fizemos o juramento, colocamos as alianças e nos beijamos. Aquele era o dia mais feliz da minha vida, tudo era perfeito.

- Eu te amo tanto minha esposa – ela sorriu. Nunca me canso de vê-la sorrir

- Eu te amo mais ainda meu esposo

- Eu te amo mais

- Mas eu te amei primeiro – nos beijamos

*Sonho 2 Off*

    Acordei com a cabeça doendo, me levantei e fui até a sala ver se tinha algum remédio por lá, minha irmã tava sentada no sofá

- Oi Mille – ela estava com os olhos vermelhos

- Oi Júlio – peguei o remédio e tomei com água mesmo. Me sentei ao lado dela e a abracei

- Ainda não acredito – ela disse

- Também não. Tudo é tão estranho. Me diz, sabe como foi?

- Sei. Eu tava na hora. Algumas pessoas soltavam fogos, não sei como mas a Vilu dançava com a Paloma e de uma hora pra outra, Loma começou a gritar pedindo socorro, quando cheguei, a Vilu tava com a mão em cima da cintura, cheia de sangue. Chamamos a ambulância o mais rápido possível, ela então apagou – minha irmã começou a chorar, assim como eu, meu celular então começou a tocar. Atendi sem nem ver quem era

*Ligação On*

Júlio: Alô

Xx: Sr. Júlio César?

Júlio: Ele mesmo

Xx: Aqui é o doutor Leandro. Gostaria que, se pudesse, viesse até o hospital, precisamos falar sobre a sua namorada, a senhorita Aurora Boulevard

Júlio: Certo, estou indo agora mesmo

*Ligação Off*

Troquei de roupa, vesti uma calça jeans preta, meu agasalho bege da Vans que era o favorito da Vilu, coloquei o boné preto com dourado escrito ‘’CANALHA’’ e calcei um tênis preto e vermelho da Adidas. Quando desci, a Kamille tava com um vestido azul e uma sapatilha rosa. Fomos até o hospital, chegando lá, uma moça nos levou até uma sala onde o doutor Leandro estava. Entramos e nos sentamos de frente para ele, a Kamille segurando minha mão com força

- Eu creio que vocês estão bem abalados, mas precisava dar essa notícia a vocês. Depois que o senhor saiu daqui do hospital, juntamente com seus amigos, eu decidi levar a senhorita Aurora a sala de cirurgia para a remoção da bala do corpo dela. Estão prontos para ouvir?

- Sim, estamos – falei. Não havia notícia pior do que saber que ela está morta

- Ela não está morta – COMO É?????

- Como assim? – disse minha irmã surpresa. Eu não conseguia falar nada, apenas olhava espantado para o médico

- Quando estávamos fazendo os procedimentos, um dos enfermeiros me deu a ideia de tentarmos reanima-la, tentamos e conseguimos. O coração dela batia fraco, mas já era um milagre. Sedamos ela e retiramos a bala que estava alojada perto da cintura, graças à Deus que não atingiu o osso pois se isso tivesse acontecido, ela não se movimentaria mais. Depois de algum tempo, o efeito da anestesia passou e ela está bem, estava acordada a alguns minutos atrás, não sei se ainda está. Deixamos ela a maioria das vezes sedada, por causa de dores, mas ela não estava reclamando de dores a alguns minutos atrás

- Podemos vê-la? – consegui dizer

- Um de cada vez – me levantei, Kamille disse que iria pro hotel e avisaria os outros. O médico me levou até a sala onde ela estava, girei a maçaneta e entrei. Me virei, fechei a porta e quando me virei novamente, vi a Aurora com essas roupas de hospital, os cabelos ao redor do rosto, vários aparelhos ligados nela, aquilo doía, mas era melhor do que perde-la. Me sentei em uma poltrona ao lado dela e segurei a mão dela. As unhas estavam pintadas da cor favorita dela: azul escuro, quase preto. Me lembrei dos sonhos que tive e me lembrei que eu poderia realiza-los, todos eles

- Oi Aurora, não sei se pode me ouvir. Mas eu vou falar mesmo assim. A vida é muito curta e eu só vim realmente perceber isso depois do que te aconteceu e eu percebi que eu não havia falado ‘eu te amo’ como deveria ter falado, eu percebi que não falei que amava sua comida, que amava o seu jeito maluco de fazer todos felizes. Eu não falei que às vezes, eu acordo no meio da noite ou bem cedinho, antes de você acordar, pra te ver dormir porque você é linda até mesmo dormindo. Eu não te disse que amo quando você me abraça, que eu pararia o tempo quando você me beija. E quando me falaram que você havia morrido... – as lágrimas não paravam de rolar

- Eu percebi que minha vida não iria fazer sentido nenhum sem você nela. E eu comecei a imaginar minha vida daqui a 30, 50 anos sem você. E eu não consegui. Porque você tem que estar nela, dando cor a ela, puxando meus cabelos, me batendo, enchendo a cara comigo, me beijando, me fazendo carinho, cantando pra mim dormir, dizer que tudo iria ficar bem quando eu tivesse um pesadelo horrível. Eu preciso de você pra cuidar de mim. Eu preciso de você pra me amar, pois sem você... o que eu sou? Apenas mais um em meio à multidão. Apenas mais um youtuber que conseguiu fazer sucesso. E um dia, se tudo isso que faço acabar e um dia aparecer um repórter pra me filmar pra aqueles quadros da TV Record: ‘’Onde está Júlio Cocielo?’’, e eu estiver numa praia, vendendo geladinho num carrinho de sorvete velho e enferrujado, barrigudo... bom, barrigudo não porque pareço mais um sabugo de milho como sua mãe diz – eu ri me lembrando da mãe dela me chamando de sabugo de milho gigante

- Então, mesmo se eu estiver velho, sem dente, cabelo desgrenhado, feio, cheio de rugas, se eu tiver você, eu ainda serei o homem mais feliz do mundo. Eu deixaria tudo de lado pra viver em uma floresta dentro de um trailer velho com você. Eu poderia até mesmo morar debaixo da ponte, se fosse com você, me sentiria em uma mansão. As pessoas se perguntam: ‘qual o sentido da vida? Por que existo?’ A biologia explica que o sentido da vida está no pareamento das fitas de DNA 5 com a 3, mas o sentido da minha vida é o pareamento do meu coração com o seu. Eu não sei o porquê das pessoas existirem, mas eu existo porque você existe. Eu vivo porque você vive. Não me deixe, lembra do que a gente prometeu? Que nunca deixaríamos o outro? Não me deixa – as lágrimas desciam como rios pelo meu rosto, o médico chegou na sala e disse que eu tinha que ir. Beijei a testa dela cochichei

- Eu prometo, eu venho te ver todo dia – então, quando saí do hospital, decidi ir comer alguma coisa.