83 - Não

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    Acordei com o Júlio me encarando de uma cadeira

- Oi – ele não respondeu. Ele parecia furioso

- Ainda tá bravo comigo? – perguntei com medo da resposta

- Bravo é pouco, louco não chega nem perto – droga. Dava pra sentir a raiva na voz dele

- Quando parou de tomar as injeções? – ele se levantou e se sentou do meu lado na cama

- Eu tava nessa correria maluca, viagens, família, carnaval... Por favor, não fica bravo comigo – ele me olhou e passou a mão nos meus cabelos

- Tô tentando ficar bravo com você mas é meio difícil com você me encarando com esses olhos verdes – ele me abraçou

- A gente vai ver no que vai dar. Temos que avisar nossos pais – concordei

- Meus pais estão aqui em São Paulo, sua mãe mora aqui em Osasco, podemos fazer um jantar e chamar eles

- Pode ser. Tenho medo da reação da minha mãe

- E eu mais ainda

- Da reação da sua mãe? – eu ri

- Não, da reação da SUA mãe – ele riu e começamos a comer chocolate

[Horas depois...]

- Vilu, atende a porta, são seus pais

- Tô indo – disse indo abrir a porta – oi pai, oi mãe

- Oi filha – disse meu pai

- Oi filha, o que vocês querem nos contar hein? – disse minha mãe. Sempre apressada

- Calma mãe, vem a mãe do Júlio já chegou

- Oi sogrinhos – falou o Júlio com meus pais

- Já tá todo mundo aqui, agora conta filha – disse minha mãe. Olhei nervosa pro Júlio e ele segurou minha mão

- Se sua mãe tentar me matar me protege – sussurrei

- Ela já sabe

- Como é?

- Contei a ela porque fiquei com medo dela passar mal

- Tendi – suspirei fundo - Então, eu passei muito mal esses dias e numa ida a farmácia pra comprar remédio pra dor de cabeça o farmacêutico me indicou teste de gravidez, no começo eu fiquei com medo, mas comprei, levei mais de um pra ter certeza e então acho que vocês já sabem né? Eu sei que eu tô muito nova e tal, mas aconteceu e eu já amo... então gente, tô grávida – o Júlio me abraçou por trás e começamos a sorrir

- Eu já desconfiava, você não presta pra minha filha, você a colocou na perdição – meu pai estava muito bravo

- Para pai, não é verdade!

- Não? Por acaso você estaria grávida se não fosse por ele? Você é uma criança filha!

- Eu tenho 16 anos!

- E ele tem 23! Eu sabia que isso iria dar errado! Ele é um irresponsável!

- Escuta aqui meu querido pai, cê disse que ele é um irresponsável certo? Mas quem foi que estava ao meu lado todo esse tempo? Por acaso ele me deixou quando eu passei pelo pior momento da minha vida? Quem foi que raspou o cabelo junto comigo? Quem cuidava de mim depois de um dia terrível de quimioterapias? Quem foi? Foi o senhor? NÃO FOI!

- Christian, nossa filha tem razão. Ele é um bom rapaz sim, se fosse outra pessoa ele teria terminado com ela assim que ela ficou doente – ele nos olhou, agora mais calmo e parecia que o convencemos

- Tem razão. Desculpe filha e me desculpe Cocielo

- Pode me chamar de Júlio mesmo

- Espero que o bebê venha com saúde, nada mais importa

- Que bom, eu fico muito feliz com isso – falei. Eles nos abraçaram e foram embora

{Júlio Narrando}

    Eu quase morri quando soube que a Vilu estava grávida mas depois acabei ficando feliz, o problema foi contar pra minha mãe. Quando cheguei lá pra trazê-la pro jantar na casa da Vilu, decidi contar logo

- Mãe, eu tenho algo pra contar – ela me olhou espantada

- De novo? Conta

- É que... eu vou ser pai, e dessa vez não é pegadinha – ela me olhou espantada

- Como é que você vai resolver essa situação, cê pensa que é brincadeira? Mas e aí, como é que fica, uma criança Júlio! Eu não consigo entender

- Então vou pedir pra ela abortar – eu havia pensado nisso desde que a Aurora me contou que tava grávida

- Também não é assim. O que vocês resolveram?

- Não resolvemos nada ainda, a gente tá noivos mas depois que ela me contou eu saí e fui esfriar a cabeça, depois que eu voltei a gente nem teve tempo pra conversar ainda

- Você não sabe criar um filho, você mal consegue se cuidar!

- Não é bem assim

- Eu deveria ter levado você pra fazer aquela cirurgia pra não ter filho, cortar o pinto, só pra você não sair por ai aprontando

- Oxe, aprontando – Eu? Aprontando?

- Você tá merecendo levar umas porradas tá cara? – eu não conseguia parar de rir

- Tá cara – ela me olhou com cara feia

- Mas, parabéns filho, que meu netinho venha com muita saúde – minha mãe me abraçou e eu fiquei surpreso. Fomos para a casa da Vilu, quando ela deu a notícia, o pai dela não aceitou e ele só faltou pular em cima de mim e me matar, a Vilu começou a discutir com ele e ele acabou aceitando, eu fiquei feliz por eles terem aceitado.

- Cuide muito bem da nossa filha – ele me abraçou e agradeci, todos nos abraçaram e foram embora. Fui pro quarto e eu tava tão cansado que deitei e dormi

Destino Ou AcasoOnde histórias criam vida. Descubra agora