- Arley - chama-me a minha mãe - Anda jantar!
Não estou com vontade de comer, mas mesmo assim desço as escadas e vou para a cozinha e digo à minha mãe:
- Mãe, eu...não quero comer.
- Porquê? - pergunta sem acreditar no que eu disse.
- Não tenho fome, desculpa! - respondo.
- Então podes ir para o teu quarto! - sei que está chateada comigo, mas também não quero saber, subo as escadas e vou a chorar para o quarto.
Este dia não podia correr pior!Pego na minha mochila e pego na folha que lá coloquei e acrescento: "Não tive fome"
Volto a colocar a folha na mochila, coloco também os livros das disciplinas que vou ter amanhã.***
Sem saber o que vou fazer, pego no meu telemóvel e ligo ao Jason.
- Estou? - ouço do outro lado.
- Olá, Jason! Sou eu, a Arley!
-Ah... olá.
- Desculpa estar a ligar a esta hora, mas não tinha mais ninguém com quem desabar... espero que não esteja a incomodar-te! - digo atrapalha. Quando acabo de dizer isto sinto correntes elétricas percorrem o meu corpo e não o consigo evitar.
- Não, não te preocupes... fala!
- Bem... obrigada! Como já te disse os meus pais hoje queriam falar comigo, mas quando cheguei a casa estavam mais estranhos que nunca e até agora mal me dirigiram a palavra, ao jantar eu disse à minha mãe que não tinha fome e mandou-me logo ir para o quarto. E o mais estranho, o meu pai estava a pendurar uma foto minha na sala! - conto stressada.
- Realmente é um pouco estranho. Mas tenta não te preocupares tanto. Isso passa-lhes, às vezes os nossos pais parecem doidos. - consola-me ele. As correntes elétricas voltam e sinto-me nervosa e, eu nem acredito que estou a desabafar com o rapaz que eu mais odiava.
- Muito obrigada. Mas acho que eles estão chateados comigo por não ter falado logo com eles.
- Isso é só uma fase, tenta não dar importância, assim eles vão ver que não te importas e param com isso. Vais ver! - não acredito que este rapaz me está a consolar.
- Eles não fazem ideia que estão a aumentar a minha dor. Parece que não gostam de mim. Sinto que não deveria estar neste mundo. - nunca me abri tanto com uma pessoa para abordar este assunto.
- Tu nem penses em voltar a dizer isso! Tu mereces mais que ninguém estar neste mundo! E fica sabendo que há muita gente que iria sentir a tua falta, está bem? - mal acaba de dizer isto sinto o meu coração disparar a mil.
- Tu irias sentir a minha falta? - não sei porque perguntei isto, mas sinto-me parva.
- Claro que ia! Sei que só estamos a ter esta conversa por causa do que aconteceu. Mas já quando namorava com a Angie, eu achava-te uma rapariga incrível. E desculpa-me pelo que te disse hoje. - sinto-me corar. Não consigo admitir, mas começo a apaixonar-me por este rapaz.
Fico em silêncio durante alguns segundos.
- Estás aí?! - pergunta-me por estar demasiado tempo calada.
- Sim, estou! Só... - hesito e acabo por me calar.
- O quê? - pergunta e sei que está curioso.
- Nunca tinha falado assim com com alguém. - acabo por dizer.
Agora quem fica em silêncio é ele.
Ficamos os dois calados e, a este silêncio chamo, um silêncio acolhedor!
- Encontramos-nos amanhã na escola? - pergunta, pois já não há mais nada a dizer.
- Sim, claro! - digo com o meu maior sorriso.
- Até amanhã e bons sonhos! - despede-se de uma maneira super carinhosa.
- Até amanhã e igualmente! - despeço-me também.
Desligo o telefone e encosto o telemóvel ao peito.
Visto o pijama e deito-me na cama para tentar dormir, lembro-me da minha conversa ao telefone com o Jason e adormeço com um grande sorriso.
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Todos os dias são um bom dia para chorar
RomanceNo mesmo dia em que Arley descobre que vai ficar sem a sua melhor amiga, algo diz adeus à sua amizade antes da hora prevista. Graças a esse acontecimento, Arley encontra o seu primeiro verdadeiro amor, mas também muitas contradições que a impedem de...