Todos os dias são um bom dia para chorar

23°Capítulo

Acordo às 11:00 e com mais preguiça do que o normal.
Lavo a cara, visto-me e tomo o pequeno-almoço. Quando ligo o telemóvel, tenho uma mensagem da Chris que diz: "Podes vir buscar-me a casa, para irmos dar uma volta?"
Obviamente que respondo que "sim".
Acabo de tomar o pequeno-almoço e pego na minha bicicleta e pedalo até casa da Chris.
- Olá! - cumprimento quando a vejo à minha espera no portão.
- Olá, hmm... - cumprimenta e hesita em dizer algo - ... achei que viesses de carro! - termina. Sinto-me tão constrangida.
- Pois... tens bicicleta? - pergunto tentando remendar o problema.
- Sim, eu vou buscá-la! - diz ela descontraída.
Algum tempo depois, Chris volta com a sua bicicleta enferrojada.
Vamos para o parque natural e falamos novamente sobre a PADI.
- Tens bastante sorte, sabes? - diz ela olhando para mim seriamente.
- Obrigada?! - agradeço sem saber se o devo fazer. - De certeza que também vais entrar para a Julliard!
- Obrigada! - agradece ela. - Gostava que me ouvisses tocar um dia destes! - diz com um sorriso tímido.
- Ouço com muito gosto! - respondo segura para a tranquilizar.
- Pode ser hoje? - pergunta ela.
- Sim, claro! - digo mal chegamos ao parque.
Estacionámos as bicicletas e vamos caminhar pelo parque.
Andamos um pouco e ela pergunta repentinamente:
- Tu e o Jason namoram?
- Pff... não, de longe! - respondo.
- É que vocês andavam muito próximos! - diz serenamente.
- Pois... afastei-me dele. Nós chegamos-nos a beijar, mas eu disse que não ia resultar e ele passou-se! - conto.
- Já não se falam? - quer ela saber mais.
- Não. Porquê tantas perguntas? - pergunto com um sorriso curioso.
- Nada, por nada! - responde atrapalhada.
- Não acredito! Tu gostas dele?! - especulo eu.
- Não! Credo, claro que não! - responde sem parar de abanar a cabeça.
- Pronto, está bem! - respondo quando percebo que ficou ainda mais atrapalhada.
- Olha, olha só que está aqui! - gritam as JJ atrás de nós. Nem fora da escola nos dão sussego, principalmente a Chris.
- Podem-nos deixar em paz?! - digo no meio de um suspiro.
- Só viemos cumprimentar-vos, calma! - diz Jess num tom fingidor.
- Ninguém quer falar convosco. Já podem ir embora! - digo já quase a gritar. Olho para Chris e percebo que está aterrorizada com toda esta situação.
As JJ entreolham-se e Julian grita apontando para Chris como se estivesse a dar um aviso: 
- Cuidado, não se aproximem desta víbora venenosa, com um veneno que mata uma pessoas aos poucos!
- Ah! E esta aqui, também precisam de ter cuidado, está a ter um ataque de raiva! - anuncia Jess apontado para mim.
Não aguento mais isto, elas estão a passar dos limites, tenho que agir. Inspiro fundo, avanço para elas e sussurro ameaçadoramente:
- É verdade, estou a ter um ataque de raiva! - olho-as nos seus olhos assustados e dou uma sova a cada uma. Colocam as mãos na cara e vão-se as duas embora sem pronunciar uma única palavra.
- O que te deu? - pergunta Chris surpreendida.
- Um ataque de raiva! - respondo ironicamente.
Ela ri-se e eu também.
- Vamos para minha casa? - sugere Chris.
- Sim!

Pedalamos até chegar a casa dela.
Quando chegamos, ela guia-me até ao seu quarto. O quarto dela é lindo: tem uma cama de casal com um edredão branco com circunferências de várias cores, as paredes são brancas com vários quadros e posters.
- Gosto do teu quarto! - elogio.
- Obrigada! - agradece - Queres que toque para ti?
- Ah, sim! - respondo sentando-me na sua cama.
Quando ela começa a tocar, sinto-me viajar para outro mundo. Ela toca mesmo muito bem!
- Tocas tão bem! Trata já da tua candidatura à Julliard! - ordeno sorridente.
- Estás a falar a sério? - pergunta.
- Claro que sim! - respondo excitada.
Ela pega no computador e começa a escrever o e-mail para a Julliard.
- Obrigada por me incentivares! - agradece-me abrançando-me.
- Oh! De nada.

Depois de longas conversas, a minha mãe liga-me:
- Arley, onde estás?
- Estou em casa da Chris! - respondo apressadamente para voltar à conversa com a Chris.
- Está bem! Podes vir para casa? - pergunta a minha mãe.
- Porquê? - quero eu saber.
- Estão aqui umas pessoas que querem falar contigo! - responde ela.
- OK! Já vou para aí! - desligo o telefonema.
- Já tens de ir? - pergunta a Chris.
- Sim, desculpa! - respondo.
- Não faz mal! - diz levantando-se da cadeira da secretária - Eu acompanho-te à porta.
Descemos as escadas e despedimo-nos uma da outra.