24°Capítulo

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- Finalmente chegaste, Arley! - diz-me a minha mãe mal entro em casa -Viste aquele carro lá fora?
- Sim, só para avisar ele está pintado com tinta spray! - digo.
- Pois, é por isso que a mãe da Jess está aqui! - olho para o lado e está alí a Jess de braços cruzados olhando ameaçadoramente para mim, como se eu tivesse medo dela.
- Ah! Olá! Não vos tinha visto! - digo desastradamente.
- Eu quero saber se foste tu que pintaste o carro da minha filha! - atira a mãe da Jess.
- O que a leva a pensar que fui eu? - pergunto educadamente.
- Porque... - começa a mãe dela, mas é interrompida pela Jess:
- Visto que no parque me deste uma sova e à Julian também! - começa ela. E eu começo a arder de raiva. - E visto que o que está escrito no carro é  "Ataque de Raiva", que por acaso foi o que nos disseste! Admite o que fizeste, Arley! - atira ela descaradamente.
- O que é que fizeste?! - pergunta a minha mãe perplexa.
- Dei-lhes uma sova, porque estavam a gozar com a Chris, cuja mãe tem SIDA e elas brincam com isso e porque, ao defender a minha amiga, elas disseram que me estava a dar um ataque de raiva. Também não tenho o direito de me defender, é?! - digo começando a levantar o tom de voz.
- E também foi por isso que pintaste o carro? - pergunta a mãe da Jess como se também fosse minha mãe.
- Já perguntou à sua filha se não foi ela que o fez para me tramar?! - começo a passar-me. - Ah! Desculpe, esqueci-me que as meninas riquinhas não cometem erros. Ou será este um caso diferente? - grito.
- Olha as maneiras, Arley! - alerta a minha mãe.
- Eu não fiz nada, podem ir embora! - expulso.
- É melhor irem! - apoia a minha mãe.
- Isto não fica assim! - diz a mãe da Jess indo embora.
Quando Jess está prestes a sair, olha para mim e lança-me um sorriso maldoso. Eu sabia que tinha sido ela.
A porta fecha-se e a minha mãe diz:
- Aquela mulher é insuportável!
- Completamente apoiada! - concordo eu.
- Tenho que te castigar! - diz a minha mãe.
- Porquê? Não fiz nada! - defendo-me.
- Deste-lhes uma sova!
- Que mais querias que fizesse?! - pergunto - E para além do mais, elas é que armaram isto tudo e não vão receber castigo algum!
- Não são elas que me importam, és tu! - diz - A partir de agora, ao fim de semana só sais comigo e com o teu pai e durante a semana vais de casa para a escola e da escola para casa, sem passeios! - castiga-me injustamente - Só durante esta semana.
- Isto é tudo tão injusto! - digo e vou a chorar de raiva para o meu quarto.
Eu simplesmente me defendi, para quê este castigo?
Estou tão chateada!

Deito-me na cama e fico a olhar para o teto, nesse mesmo instante estremeço com o som da campainha.
- Eu abro! - grita a minha mãe da cozinha.
Ouço a chave rodar na fechadura da porta, segundos depois da minha mãe ficar a falar com a pessoa que tocou à campainha. Ela chama-me:
- Arley, tens uma visita!
Desço as escadas e vejo o Jason à porta com um ramo de rosas.
- Jason, que fazes aqui? - pergunto fazendo olhares à minha mãe para ela se ir embora.
- Eu vou-me embora, fiquem à vontade! - diz a minha mãe finalmente.
- Arley, desculpa-me! - implora oferecendo-me o ramo de rosas.
- Entra! - convido depois de pegar no ramo. Subimos para o meu quarto e sentamos-nos na minha cama.
- Não sei se já viste, mas a foto já não existe! - conta ele.
- A sério? - pergunto sem acreditar.
- Sim! - diz feliz.
- Obrigada! - agradeço também feliz.
- Arley, desculpas-me? - pergunta seriamente.
- Eu também tenho que te pedir desculpa! - digo olhando-o nos olhos.
- Não, eu... - diz ele.
- Shh! - interrompo com um beijo.
- Isto quer dizer que namoramos? - pergunta confuso e ao mesmo tempo excitado.
- É isso que queres? - pergunto.
- Sem dúvida! - responde e beija-me.
- Tenho que te contar uma coisa! - digo - Convidaram-me para ir para a PADI, é uma escola de mergulho em França! - conto.
- E tu vais? - pergunta contente.
- Vou ligar para lá no final do ano letivo.
- Que bom, fico feliz por ti! - sáuda-me.
- E nós, como ficamos? - pergunto preocupada.
- Dizem que o namoro à distância fortalece a relação! Acho que podemos tentar! - propõem ele.
Abraço-o.
Tempo depois a minha mãe chama-me para almoçar.
- Acho que está na minha hora de ir! - diz o Jason.
- Espera aqui! - digo e vou a correr pelas escadas até à cozinha.
- Mãe, o Jason pode almoçar connosco? - pergunto.
- Claro! - responde sorridente.
- Jason, desce para almoçar! - chamo-o.
Ele desce as escadas e pergunta timidamente:
- De certeza que não há nenhum problema em almoçar aqui?
- Não, de maneira alguma! O meu marido não está em casa, agora ele chega mais tarde, por isso até nos fazes mais um pouco de companhia! - diz a minha mãe. Já andava para lhe perguntar porque o meu pai tem chegado tarde, agora tenho a minha oportunidade:
- Porque é que o pai tem chegado tarde?
- Porque ele aceitou ir ajudar uma instituição de pessoas com defeciência. - diz a minha mãe.
- Ah, está bem!
Sentamos-nos à mesa e a minha mãe começa a fazer perguntas desnecessárias:
- Então, vocês estão juntos?
- Sim, estamos, mãe! - respondo. Eu só quero evitar este tipo de conversas. Ela não sabe o quão constrangedor isto é!
- Jason, quantos anos tens? - continua ela.
- Mãe! - chamo para ela parar.
- Não faz mal, Arley! - diz o Jason descontraído. - Tenho 18 anos.
- És da mesma turma da Arley? - continua a minha mãe. Eu simplesmente limito-me a ficar concentrada na comida.
- Não. - responde ele.
- Mãe, já chega! - digo constrangida.
- Pronto, está bem! - diz a minha mãe.

Acabamos de almoçar e o Jason tem de ir embora.
Ao abrir-lhe a porta digo:
- Desculpa, pela minha mãe! Ela é muito chata!
- Oh, não faz mal! - diz - Eu até gosto da tua mãe, ela é fixe.
Dámos um beijo e ele vai-se embora.

Todos os dias são um bom dia para chorarOnde histórias criam vida. Descubra agora