prólogo:

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Ann Lynn.



É estranho dizer que lembramos de algo como se fosse ontem, mesmo sabendo que a lembrança em si não traga de volta as sensações da hora exata em que aconteceu.
Bom, no meu caso, posso dizer com toda certeza que ainda sinto como se fosse ontem o dia em que tudo começou, pois não só tenho a mesma sensação todos os dias, como também, ele não me deixa esquecer.

Taylor e eu estudavamos na mesma escola, éramos de salas diferentes, mas ele estava sempre no meu pé.
Acho que por causa da Antonella.
Nós nos tornamos amigas no jardim de infância, ela também é mais velha que eu, mas isso não nos impediu de sermos amigas.
No caso do Taylor, ele só me perseguia porque eu sou menor e mais fraca.
Ele era um desses garotos malvados que só sabe importunar.
Estava sempre na diretoria e uma vez foi para casa mais cedo por derrubar outra criança do balanço.
Minha vida na escola já não era uma maravilha com ele sempre na minha cola, mas foi na quarta série que tudo virou um inferno de verdade.

Como eu dizia, me lembro perfeitamente do momento como se fosse ontem.
Todos estávamos no pátio da escola brincando durante uma reunião de pais que ocorria numa sala de aula.
Taylor não parava de arremessar bolinhas de papel molhadas em mim, e o mais bizarro nisso? Ele sempre foi quatro anos mais velho.

Quatro!

Cresce Taylor.- limpo o rosto babado de novo, após devolver um olhar mortal para ele.

Antonella se aproximou com cara de choque e disse.

— você não vai acreditar quem eu vi falando com a sua mãe.

Arregalei os olhos e engoli seco, Taylor me deixou em paz por alguns minutos e então nós nos afastamos para que ela pudesse me contar.
Respirei fundo e fechei os olhos.

— okay, pode falar..era a diretora? Eu vou ser expulsa? É isso?

— quê ? Claro que não sua maluca! E porque a diretora iria te expulsar?- ela me encara.

— porque eu tirei 7 na prova de matemática?- dei de ombros.

Antonella revirou os olhos e riu.

— não, era só o pai do Taylor.

— ah. Mas oque tem de tão assustador nisso? Os pais sempre conversam em reuniões.- questionei.

Antonella olhou em volta para ver se ninguém ouviria e se aproximou mais para cochichar.

— eu ouvi eles rirem..

— e?

— você sabe.. Do mesmo jeito que minha mãe ria para o treinador.- ela arregala os olhos outra vez.

Meu coração deu um pulo no peito, minha garganta secou e por mais que eu tenha sonhado com um momento assim de novo, não estava preparada para ver minha mãe com alguém.

Não com ele.
Não com o pai DELE.

Larguei Antonella sozinha e corri para a sala de reuniões, cheguei na porta suada e com o coração acelerado.
Olhei em volta e então os vi.
Mamãe estava próxima o bastante para sentir o hálito dele, provavelmente falavam em voz baixa para que ninguém mais pudesse os ouvir.
Jhon Lautner a olhava no fundo dos olhos e ria também, os dois pareciam felizes ali, sozinhos no mundo deles.
Rindo um do outro, se tocando e conversando como dois adolescentes apaixonados.

Dei um passo em falso e congelei, até que senti uma presença atrás de mim e me virei bruscamente.
Taylor.

Ele riu e cruzou os braços fazendo aquele olhar maquiavélico de sempre.
Fechei a cara e cruzei os braços também, ergui o nariz para encara-lo e falei.

Meu meio irmão muito idiotaOnde histórias criam vida. Descubra agora