Aventuras na capital

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João estava estranho, eu estava estranha. Sentia falta do Fernandinho, chorava todos os dias no banho. Pra piorar ainda sofri um acidente e quebrei a perna. Trinta dias com gesso, vendo um monte de merda na televisão. João bebendo com um monte de pinguço no bar, sem criatividade pra esquentar o nosso relacionamento. Toda semana traz uma porcaria de brinquedo diferente, cismou que quer enfiar umas bolinhas na minha buceta. Não sei se isso é o fim, mas acho que é próximo. A gota d'água foi o dia em que chegou em casa quase meia noite e ficou o dia inteiro sem me dar satisfação. O João acha que me engana. Ele é um mongoloide. Todo dia ele manda mensagem pra mim, me dá satisfação de tudo que vai fazer mesmo sem eu pedir. Nesse dia ele chega tarde, cheirando a puta e vai direto pro chuveiro, volta com a barraca armada. É claro que sabia que ele tinha feito merda. Ainda não sabia o que era, mas não ia demorar muito pra descobrir. Nem tentou se explicar. Ficou em casa a semana inteira, enchendo o meu saco, como se isso fosse um pedido de desculpas. Eu não ligo de ele pular a cerca. Desde que seja comigo, ou que ele me avise. Foi o que a gente combinou. Se for pra continuar desse jeito, não vai dar certo. Eu vou dar uma lição no João. Mas a vingança é um prato que se come frio.

Uma semana depois da noite misteriosa, ele chegou no fim da tarde, pulou na cama chorando, confessou todos os seus pecados, me beijou o corpo todo e pediu pra eu perdoar. Eu apenas disse:

- João, eu te amo. Mas eu vou te dar uma lição.

- O que você vai fazer?

- Você verá.

Virei para o lado e dormi.

No dia seguinte, o João levou café na cama, fizemos um amorzinho gostoso e depois eu dei-lhe um sermão

- João, você sabe que eu te amo, ne?

Ele começou a chorar. Entre soluços ele dizia que também me amava, que não iria mais vacilar.

- João, a nossa proposta era de parceria. Quando você comeu a Jaque escondido, você não foi parceiro. Achei que o meu showzinho com ela ia te ensinar uma lição. Agora você fez a mesma coisa com a Katia. E ainda comeu ela sem camisinha. Essa mulher é uma piranha. Sabe-se lá pra quem ela dá. Hoje a gente teve que transar de camisinha. Quantas vezes mais você vai vacilar? Eu não quero viver isso a minha vida toda. Eu quero poder confiar em você da mesma forma que você confia em mim. João, olha pra mim. Eu nunca traí a sua confiança. Todas as fodas fora do casamento eu te contei e não tiveram importância. Você está transtornado. Olha o que você fez. Você comeu uma mulher sem camisinha! Aquela mulher é uma puta! Como eu posso confiar em você assim? Como? Se a piranha não tivesse te dado um chega pra lá, você ainda ia estar lá nos braços dela. E ainda, quando eu estou doente aqui, toda fudida. No momento que eu mais preciso de você. Você tem que aprender a falar os seus sentimentos comigo. Você tem que confiar em mim. Você tem amar apenas a mim.

Nessa hora eu comecei a chorar e apenas disse:

- Você vai fazer um teste aí de DST e só vai voltar a encostar em mim depois disso.

O clima ficou meio merda na casa. Naquela semana João fez o teste, que deu que ele estava limpo. Mas queria que ele fizesse outro, um mês depois também, pra certificar que não tinha nada mesmo. Nesse meio tempo ele ficou sendo o melhor marido do mundo. Eu tirei o gesso, mas ainda estava meio ruinzinha. João fazia comida, faxina, trabalhava só em casa, quando tinha que encontrar um cliente nem demorava muito ou então pedia encontrar lá em casa, fazia massagem nos meus pés, me levava pra fisioterapia. Nesse meio tempo minha irmã passou um mês lá em casa pra ajudar, já que ela estava de férias da universidade. O João devia achar que a minha vingança era trazer a minha irmã tagarela e abelhuda. Mal sabe ele o que lhe estava por esperar. Passou Natal, Ano Novo, Carnaval, Páscoa, todas as sessões de fisioterapia, o exame de sangue do João, e a defesa do meu mestrado. Pra comemorar, chamei o João para passar um fim de semana na capital. No caminho fomos conversando, cantando, ouvindo músicas, fazendo planos para o fim de semana. Enquanto o João pegava as malas no carro, eu fui fazendo o check-in e pegando a chave do quarto. Entramos. O quarto já estava preparado com a cama cheia de pétalas de rosa, champanhe, uma venda, chicote e algemas.

João & Maria - e os universitáriosOnde histórias criam vida. Descubra agora