Dark Day I & II

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  O som de um vidro a quebrar ecoou por toda a cidade. Os dois rapazes que haviam provocado esse som, viraram se para verificar se não haviam despertado ninguém antes de entrar na loja que haviam aberto. O mais velho dos dois pegou na sua arma para protegê-los, no caso de um ataque surpresa. O outro fez o mesmo, mas cobrindo as costas.

- Pega em cobertores de sobrevivência e água- sussurrou o rapaz mais velho. Apenas certifica te se é potável, eu trato da comida.

O outro assentiu. Então eles separaram se. Encontravam se num supermercado. Não tinham certeza de encontrar tudo o que precisavam, mas pelo menos um mínimo.

O rapaz esticou os braços, segurando a sua arma ao longo do seu corpo indo em direção à prateleira dos alimentos.

Fazia já dois dias desde que os dois adolescentes não tinham comido nada. O seu estômago começou a doer por causa da fome.

Pegou então num pacote de arroz e um pacote de macarrão, quase vazio. Ele abriu um pouco para sentir o cheiro. Os alimentos não apresentavam odores muito fortes, sinal de que estavam bons. Colocou os então num saco de plástico grande o suficiente para levar várias coisas. Ele estava prestes a pegar num outro pacote, quando ouviu um grito abafado. Levantou então a sua arma.

Will:

- Mike... Mike? - falou baixinho. Mas não obteve resposta.

  Era alto o suficiente para ver por cima das prateleiras e a minha respiração foi interrompida quando o vi  encolhido num canto. Tinha mos que manter o silêncio era o principal meio de sobrevivência... se não já teria corrido para abraçá-lo e perguntar lhe se estava bem. Rapidamente juntei me a ele. Os meus olhos estavam constantemente a olhar para a direita e esquerda para certificar que não fomos identificados.

- O que tens Mike?- perguntei baixinho.

- Eu queria levar um pacote de doces, mas quando eu abri o para verificar se estavam bons ... Um bixo estranho saiu de dentro do pacote e mordeu me na mão.- explicou.

- Foste mordido há quanto tempo?

- Por volta de cinco segundos, acho ...

Comecei a contar os segundos, sabia se ele começasse a tossir ou a coçar, seria o seu fim, só teria que disparar um tiro entre os seus olhos para abranger o seu sofrimento.

- Dezanove ... vinte segundos.

Ele apalpou o corpo, enquanto que o seu coração perturbado tentava recuperar um ritmo normal.

- Estou bem, não tenho nada ...

Atirou se para os meus braços, não hesitei em abraçá-lo com força.

- Não tens nada ... Repeti, aliviado.

   Não me iria perdoar, se ele morresse,  e seria incapaz de apertar o gatilho.

- Vamos deixar este lugar- disse.

Estávamos prestes a sair da loja, quando Mike segura me no braço.

- Espera , os meus doces ... posso ir busca los, por favor Will...

   Sorri, quase ternamente.  Acenei a concordar, era incapaz de lhe dizer não, de qualquer maneira, mas desta vez fui eu quem abriu os pacotes para ter certeza de que ele não fosse mordido novamente.

    Antes de irmos embora, passei pela farmácia para arranjar desinfetante e fita, era o melhor para tratar a picada para evitar qualquer tipo de infecção, por menor que fosse. Depois mantendo a arma em posição defensiva, dirigimos nos ate ao nosso abrigo.

  Andamos e andamos até que me aproximei me dele, os nossos corpos estavam colados, aproveitei a oportunidade para agarrar lhe quadris para colocá-lo em cima do muro, para ajuda lo a subir.

- Nunca te esqueças, se eu me transformar num contaminado, terás que por fim aos meus dias- sussurrei lhe ao ouvido.

Ele inclinou a cabeça, pois sabia que nunca seria capaz de fazer tal coisa.

- Lembras me disso todos os dias, como queres que eu me esqueça- disse Mike não gostando de tocar no assunto.

Mike:

    O meu pedido deixava o com um gosto amargo na boca, ambos somos sobreviventes, mas o risco é grande, e o nosso mundo entrou em colapso, todo o cuidado é pouco.

- Já passaram dois anos  ... Se continuarmos assim, não há razão para ficarmos contaminados, garanti lhe, ainda apertando lhe a bochecha.

- Sim ...

   Gentilmente levantei lhe o rosto coloquei os dedos sob o seu queixo, e dei lhe um rápido beijo nos seus lábios.

- Nós vamos ficar bem, ok, eles vão encontrar uma cura...

-Sim ...- disse Will sem muita convicção.

Will:

    Soltei um pequeno suspiro, e  aproveitei a oportunidade para beijá-lo novamente, mas mais profundo, com os olhos fechados, os seus lábios abertos  permitiram que as nossas  línguas se encontrassem.

    De repente,  separamos nos quando ouvimos um som distante,  olhei para o horizonte antes de pegar no pulso dele.

- O sol não deve tardar a deitar se, vamos lá.

   Voltamos a andar pela cidade fantasma , os nossos passos eram silenciosos, não soltei o pulso dele mas ele decidiu o contrário. Ele retirou a mão, enquanto fazia um pequeno sorriso tímido. Levamos apenas mais alguns minutos para alcançar o nosso abrigo, era um buraco profundo escondido numa rocha, era suficientemente largo para rastejar até a uma espécie de  ninho. Era um lugar bem seguro e ali era certo ninguém iria encontrar nos.

Estiquei o pequeno cobertor que encontramos, no chão, para que o cão se instala se nele. Acendi uma fogueira. Coloquei uma panela, despejei um pouco de água e coloquei uma pequena dose de arroz. Depois sentei me contra a parede, e o Mike juntou se a mim, depois de ter alimentado o cão, puxei o para os meus braços e beijei o na bochecha.

- Mais um dia- suspirou Mike.

Nao respondi. Apenas acariciei o braço dele.

- Sinto falta dos meus pais Mike ... Dizendo isto deitei no seu pescoço, para esconder as lágrimas.

- Eu sei ... eu estou aqui, sempre estarei ao teu lado.

- Prometes.

Ele levantou a cabeça para olhar me nos olhos com as  mãos limpou me as lágrimas e disse:

- Prometo.

Continua...

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