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  Bom, era pra estarmos na metade da estória, mas estou tão empolgada em escrever, que acho que teremos mais de 20 capítulos! 
Esse aesthetic do nosso justiceiro favorito foi feito pela @StarksLady, portanto todos os créditos e parabenizações à ela! 


Tenham uma boa leitura!  



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– Como assim ela foi assediada e vocês não fizeram nada? – Fábio indaga com um tom de voz alterado na sala de espera do hospital, atraindo olhares reprovadores de outros pacientes, acompanhantes e funcionários.
– Senhor, peço que fale mais baixo, ou teremos que retirá-lo daqui! – orienta uma enfermeira, antes de se afastar.
Thiago começa a se arrepender de ter ligado para eles, informando que Pâmela havia passado mal. Ao chegarem, fez questão de explicar o motivo de estar com ela no momento da crise, mas o vizinho não parecia querer entender.
– Amor... Acalme-se, por favor! – Maria pede, acarinhando seu ombro.
– Calma? Olha, se algo pior acontecer à minha filha, eu vou processar a delegacia! – vocifera, a paciência esvaindo-se rapidamente. Uma revirada de olhos é inevitável. Não tem culpa do que aconteceu com a garota. Essa é a justiça no Brasil!
– Dona Maria... Seu Fábio...? – uma figura conhecida aproxima-se do casal, abraçando-os.
"Agora essa para piorar ainda mais meu dia!" – ralha consigo mesmo.
O jovem de cabelos louros, barba bem desenhada e extremamente bem vestido, aproxima-se com desdém.
– O que faz aqui, Thiago? – sente a fúria em suas palavras.
– Pâmela sofreu assédio sexual na empresa e foi à delegacia mais próxima de sua casa, que por coincidência é a mesma onde trabalho. Ao revelar que não tinha provas para a acusação, o delegado disse que não poderia fazer nada. Ela surtou e acabou sendo expulsa. Vi que não estava bem; por sorte a trouxe para cá a tempo de socorrê-la! – dispara. – Agradeça-me depois! – pisca, sorrindo debochadamente.
Apesar do ciúme que o consumia, Daniel só consegue prestar atenção no mesmo ponto que Fábio insistia segundos antes.
– Como assim não fizeram nada por ela? Que tipo de justiça é essa?
– Seja bem-vindo à legislação brasileira, meu caro. Para cada lei que te protege, existe uma brecha que defende um criminoso! Mas acredito que você deveria ter coisas mais importantes para se preocupar, como o estado de saúde de sua namorada, por exemplo... Né? – alfineta, fazendo o rapaz erguer as sobrancelhas.
– O que os médicos disseram?
– Ela está em repouso. Precisa descansar. Ainda está desmaiada devido à falta de ar, mas em breve estará bem! – o pai esclarece.
– Ótimo! Obrigado por me avisarem! – coloca as mãos nos bolsos. – Vim correndo do trabalho para cá, nem avisei ao meu chefe que sairia mais cedo! – diz, preocupado.
– Não fez mais que sua obrigação... – Thiago murmura, mas é ouvido por todos, que o encaram sérios.
– Do que está falando, coroa? – Daniel dá um passo, parando em frente a ele.
– Eu também abandonei meu trabalho e trouxe Pâmela para cá. Mas não estou pedindo crédito por isso. Fiz porque era o correto! – retruca.
– Você não tinha nem que estar aqui, querido! – altera o tom de voz. – Vem cá... Por que sempre tem que estar perto da minha noiva? – Todos os presentes os encaram assustados e curiosos.
Antes que o ex-policial pudesse responder, um segurança aparece e orienta para que se retirem dali. Eles obedecem, mas as provocações continuam ao lado de fora do hospital.
– Daniel, preciso responder sua pergunta com outra pergunta... Por que você é tão babaca e abusivo com sua noiva?
– O QUÊ? – grita.
– Ela me contou sobre a chantagem que você fez. Isso é abusivo! Pâmela não é sua propriedade.
– OLHA AQUI... A FORMA COMO EU TRATO OU DEIXO DE TRATAR MINHA NOIVA, É PROBLEMA MEU! EXCLUSIVAMENTE MEU!!! – brada, tentando desferir um soco em Thiago.
Sua mão é parada, ao mesmo tempo em que o mais velho o encara com firmeza.
– Agressão a um policial? Isso é sério? – ri. Em seguida, o empurra, fazendo-o se desequilibrar e quase cair.
Agarra-se à parede atrás de si, enquanto uma pequena aglomeração se forma em volta deles, a fim de assistir à briga. Recompõe-se e acerta um soco no estômago de Thiago, que se curva, com as mãos na região.
– Ninguém mexe com o que é meu! – Os olhos de Daniel fervilham em ira. Ele estava pronto para acertar outro golpe no justiceiro, quando é agarrado pelas pernas. Tentaria jogá-lo contra o chão, quando vê Fábio saindo do hospital.
– QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – estrondeia, obrigando-os a se separarem.
[x]
Após Thiago ser convidado a se retirar, foi para casa, esperando relaxar um pouco. Pelo menos foi o que pensou, já que seu chefe ligou, dizendo que ele seria suspenso por um dia por ter saído sem avisar. Nem argumentou. Precisava mesmo de um descanso.
Depois de um bom banho, abriu uma lata de cerveja, ligou a TV e assistiu a um filme qualquer. Seus pensamentos devaneavam sobre o acontecimento com Pâmela. O endereço da empresa de call center estava cravado em sua mente.
Pegou o telefone e discou o número do amigo advogado.
– Fala, meu querido! – cumprimenta Rodrigo, com um sorriso na voz.
– E aí, Rodrigo! Preciso de uma informação... Se uma mulher é assediada no local de trabalho e não possui provas do crime, o que você, como advogado, pode fazer por ela?
– Uh... Sem provas é complicado, cara! Poderíamos trabalhar em cima da verdade dela, mas é difícil. A vítima teria testemunhas?
– Não. O crime foi praticado em uma sala fechada. Pode ser que a empresa tenha câmeras de segurança no local... – comenta.
– Huum... Câmera da empresa só pode ser usada a favor dela. É um caso realmente difícil de ganhar. Mas por que a pergunta?
– Depois te explico... Parece que o justiceiro tem um trabalho!
Rodrigo sorri do outro lado da linha.
– Então pega esse filho da puta, tigrão!
[x]
Já devidamente trajado com seu colete e máscara de caveiras, Thiago sobe em sua moto e sai soturnamente, a fim de não ser notado.
Com a rota traçada na mente após ler no GPS, ruma para a empresa de telemarketing, onde observava Antônio, baseando-se nas características descritas por Pâmela. Não poderia matá-lo. Não agora. Senão, desconfiariam rapidamente da coincidência.
Queria caçar sua presa como um leão faz com as zebras. Poderia estar faminto e sedento, mas deveria esperar o momento certo de agir.
Não muito tempo depois, vê um homem de baixa estatura, cabelos castanhos claros e cavanhaque da mesma cor, andando ao lado de uma mulher negra com cabelos cacheados, rindo de algo dito por ela.
"Então é você, né, filho da puta?" – pensa.
O justiceiro se esconde atrás de uma árvore, retira o capacete da moto e os segue. Provavelmente iriam para a estação de metrô mais próxima. Irão, pois foram interrompidos quando três homens armados surgiram, cercando-os.
As pernas da mulher tremem e os olhos de ambos se arregalam.
– Encostem na parede! Vai, vai, vai! – um dos mascarados ordena.
Outro, vestindo um colete à prova de balas preto, se coloca em frente ao casal e fala.
– Então quer dizer, senhor... – lê uma anotação em seu celular. – Antônio Mantovani... Que o senhor gosta de assediar suas funcionárias?
– Não sei do que está falando... – abaixa os olhos.
– NÃO FODE, PORRA! – o indivíduo dá um tapa em seu rosto.
A mulher geme, com as mãos do outro tampando sua boca.
– Não adianta negar... Eu pesquisei sua ficha na polícia. Tenho informantes lá! Você mexeu com a pessoa errada...
Ergue sua máscara, assustando Antônio. Thiago não consegue escutar a conversa, tenta se aproximar, mas acaba pisando em um galho de árvore, chamando a atenção dos mascarados.
– É melhor terminarmos logo esse trabalho... – o ameaçador pega a arma da mão do colega e a carrega. – Diga suas últimas palavras, babaca!
– Por favor... Eu não fiz nada! Sou inocente! Vocês pegaram o cara errado! Eu sou inocen... – antes que pudesse terminar a frase, recebe um tiro no meio da testa.
Sangue jorra na parede atrás do corpo sem vida, enquanto a mulher se debate nos braços do homem.
– Vamos te deixar na estação... Se ameaçar falar um "piu" sequer para a polícia, família, qualquer pessoa... – dá uma pausa, sorri. – Vou te caçar até no inferno! Estamos entendidos?
– Uhum! – responde com lágrimas nos olhos e a boca ainda encoberta.

Ergue-a, empurrando-a para dentro do carro, e dá partida em seguida.

Aquela barbárie havia sido demais até mesmo para Thiago. Antônio merecia morrer, mas deveria ser por suas mãos e não naquele momento.

Desnorteado, pilota até a casa de Rodrigo, que é surpreendido ao vê-lo. Vestindo apenas uma camisa velha e uma cueca, recebe-o com uma expressão de surpresa. Observa as redondezas para garantir que não estão sendo vigiados.

Constatando que não há ninguém à vista, Thiago se joga no sofá e tira o capacete, passando as mãos pelo rosto em seguida.

– O que aconteceu, Thiago? – é tudo o que o advogado pergunta.


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Olha a cara do embuste, vulgo Daniel! (Esse gif combinou perfeitamente!) 


Quem matou Antônio? O que acharam da treta? Estão com saudades da Pâmela? Não deixem de comentar! 
Criei um quiz, onde vocês poderão descobrir qual personagem de Inerzia vocês são! Faça o teste e comente seu resultado!

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