⊹──⊱Capítulo 3⊰──⊹

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Meg Hamilton

Sinto o sol a bater na minha cara. Vou acordando aos poucos. Sinto o cheiro de panquecas. Estou morrendo de fome. Me levanto e vou me vestir. Escolho umas leggings pretas e um moletom rosa. Meu cabelo está muito bagunçado. Penteio e aliso ele com a prancha e estou pronta. Desço as escadas e vou direita ao salão de refeições. Chego lá e vejo meus bisavós, meus avós, meus pais e meus irmãos que param a conversa quando me vêem. Mas cadê aquela garota? Me sento ao pé do Milo e todos voltam a conversar. Me viro para ele e pergunto num sussurro:

- E a garota?

- Qual garota?- ele pergunta em sussurro se fazendo de desentendido.

- A garota que você ajudou ontem.- a gente fala em sussurro para os outros não ouvirem nossa conversa.

- Ah! Aquela garota! Ela ainda está dormindo.- ele mente, consigo senti-lo. Conheço ele bem de mais.

- Milo.- olho para ele como quem diz "eu sei que você está me mentindo".

- Tá bom. Ela está esperando por comida. Os pais não podem saber que...

- Saber o quê?- o nosso pai pergunta interrompendo a nossa conversa e a de todos. O Milo me olha como quem diz "porque você falou".

- Nada.- ele responde.

- Tem certeza?- papai o confronta.

- Tenho.- o Milo afirma.

- Não me pareceu.- diz nosso pai e a Emily olha para o Milo como quem diz "conta para ele". Eles sempre foram chegados, mas não tanto como eu e ele. Ela já deve saber da garota.

- Promete que não se zanga?- Milo pergunta nervoso.

- N...

- Promete.- minha mãe o interrompe pondo a sua mão sobre a de meu pai acalmando ele.

- Ok. Cá vai. Ontem à noite, na caçada, eu encontrei uma garota na floresta. Ela estava perdida e ferida. Eu só quis ajudar ela. Então trouxe ela para casa.- o Milo se justifica.

- O que você fez seu...- Kaio começa.

- Kaio!- a minha mãe grita interrompendo ele pela segunda vez hoje. Meu pai nunca gostou do Milo. Não sei bem porquê.- Querido, você fez bem. Onde ela está?- minha mãe fala se dirigindo ao Milo.

- No quarto ao lado do meu.- ele responde.

- Ela já está acordada?- minha mãe pergunta.

- Já.- ele responde.

- E ela não terá fome?- minha mãe pergunta preocupada.

- Talvez. Eu disse a ela que levava o café depois.

- Porque não vai buscar ela e ela come com a gente.- meu pai olha para a minha mãe como que a dizer "não é boa ideia".

- Tá bom.- Milo se levanta e segue o seu caminho. Quando ele já está longe o meu pai diz:

- Porque você deixou...

- Kaio! Você não vai começar com essa conversa.- minha mãe o interrompe visivelmente irritada com o marido.

- Tá bom.- ele cede.

- E então como foi a caçada ontem, Meg?- a minha avó Sophia pergunta tentando mudar de assunto.

- Bem.- respondo.

- Só isso? Bem?- o meu pai fala.

- Na verdade...- quando vou para falar o Milo aparece com a garota, me salvando de uma conversa que eu definitivamente não queria ter. Olho para ele agradecendo e depois pouso meus olhos na garota. Ela é morena com belos caracóis castanhos e olhos da mesma cor. Tem o cabelo atado num rabo e cavalo e veste uma sweat vermelha e umas calças de jeans pretas. O Milo indica um lugar para ela sentar e ela se senta ao meu lado.

- Bom dia querida. Você dormiu bem?- a minha mãe pergunta.- Desculpe a nossa indelicadeza, mas não sabíamos que tínhamos visitas, por isso não contámos com você. Mas ainda sobraram algumas panquecas. Você quer?- essa é minha mãe sempre amável.

- Sim, pode ser.- ela responde e sinto timidez na sua voz.

- Eu vou na cozinha buscar. E Kaio, não arranje confusão.- meu pai assente e a minha segue para a cozinha. Me viro para a garota que mal conheço e digo estendendo a mão:

- Então.... Meu nome é Meg e o seu?

- O meu é Violeta, mas pode me chamar de Vi.- ela aperta a minha mão.- Prazer e obrigada por me receber.

- Por nada.- falo sorrindo.

- Então... Violeta... De onde você vem?- meu pai pergunta.

- Eu venho da cidade, aqui perto.

- E porque uma garotinha da cidade como você, estava perdida e ferida na floresta?- meu pai pergunta enquanto o Milo olha para ela. Parece que o olhar dele dizia " Não conta".

- Bem, eu tinha ido passear na floresta e caí espetando minha perna numa estaca bem afiada e ao tirar cortou minha perna. Depois fui procurar ajuda, até que encontrei um riacho. Eu tinha perdido muito sangue então adormeci e o Milo me encontrou. Eu sou muito desastrada.

- Ummm... Estou vendo.- ele fala desconfiado.

Minha mãe entra com um prato com três panquecas para a nossa convidada:

- Obrigada pela gentileza, minha senhora.- Violeta fala.

- Não me trata por senhora. Me trata por Karla.

- Tá bom, Karla.

Os meus bisavós, avós e irmãos (exceto o Milo) se levantam e vão à sua vida. Ficamos eu, o Milo, os meus pais e a Violeta.

- Quando vocês acabarem de comer. Lavem a loiça.- o meu pai fala olhando para o Milo.

- Não é preciso. Eu lavo.- minha mãe se oferece.

Acabamos de comer e saímos para a sala.

- Eu vou mostrar a casa para ela. Você vai...- o Milo me incentiva a concluir sua frase.

- Eu vou dar uma volta.-respondo.

- Tá bom, te vejo por aí.- assinto e vou pela esquerda.

Vou andando, andando, andando, até que... ouço um barulho vindo do escritório de meus pais. Chego perto da porta e ouço meu pai falar:

- Viu. Ele já está arranjando problemas de novo.- sei exatamente de quem fala.

- Ele não arranjou problemas! Ele só ajudou a pobre garota.- minha mãe responde.

- Ele vai revelar a Alcateia.

- Não vai não.- minha mãe defende meu irmão.

- Vai sim. Tanto você como eu sabemos que é verdade.

- Não é.

- Esse nem é o ponto pior. O ponto pior é porque é que você acolheu ele.- do que eles estão falando?

- Porque ele estava sozinho. Com a irmã nos braços. Sem ninguém para o ajudar a ter auto controle sobre os seus poderes.- "ele estava sozinho com a irmã nos braços", como assim?

- Você sabe que desde sempre não suporto aquela aberração. Não tou falando mal da Meg, embora ela seja o mesmo que ele.- o quê? Eu sou o quê afinal?

- Eles não são aberrações. Eles são parte da família. Você sabe disso.

- Para mim o Milo nunca será da família. A Meg não tem culpa pelas merdas que ele fez.

- Não aguento mais Kaio! Ou você se dá bem com o Milo ou eu e ele, saímos de casa.- minha mãe o ataca, ela sabe que meu pai faria tudo para minha mãe não ir embora, ele a ama.

- O quê?! Você está me trocando por aquele metamórfico?- meu pai fala indignado pela afirmação da minha mãe.

- Se você se dá bem com a Meg, que também é metamórfica, porque não é capaz de se dar bem com o Milo?- o quê? Eu sou metamórfica? Não pode ser verdade. Tenho de perguntar ao Milo. O pior nem é isso. Eu sou adotada?

O Milo vai ter que responder umas perguntas, aí se vai.

Milo & Meg: A História (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora