Capítulo 15

39 10 1
                                    

Peter Waterson

Estar em casa da Meg é estranho. Nunca tinha estado aqui e agora que conheço a família dela, começo cada vez mais a ter cuidado com os meus movimentos. A maior parte do tempo ou estou no meu quarto ou estou com o James na ala hospitalar. Às vezes vou até a minha casa antiga, bem, a casa da árvore, onde eu vivi por três anos, um mês e dois dias. Sinto um carinho pela pequena casa que para uma casa na árvore até é grande e que me acolheu por este tempo todo. Cresci nestes três anos, e muito. Aprendi a viver, a me safar dos problemas, fiz muita merda, é verdade, mas não me arrependo um único dia daquilo que fiz. Exceto uma pequena coisa, não ter levado a minha mãe comigo. Agora estou mesmo só. Não tenho ninguém. Deitado na cama da minha casa penso em tudo o que aconteceu na minha vida.
Ouço baterem na porta. Do outro lado perguntam:
- Peter? Está aí?- é o Milo. Que estranho. Ele não gosta nada que eu esteja com a irmã dele, se bem que nós não temos nada.
- O que foi agora?- abro a porta do pequeno quarto. O Milo olha para mim.- Ah! Qual é?
- Vinha te pedir ajuda.
- Para...
- Para procurar a Vi.
- Você tá doido?! Se ela sonha que você está procurando ela. Ela te mata.
- Por isso mesmo, ninguém pode saber. Vá lá Peter, me ajuda nessa.
- E porque ninguém pode saber?- arqueio a sobrancelha.
- Por que meus irmãos pensam que eu já ultrapassei. Depois da conversa que tivemos eles pesam que ultrapassei esta fase da minha vida.
- Ué, só está preocupado com a Vi? E a Lilith?
- Elas devem estar no mesmo local.
- Tá bom, eu te ajudo. Só porque é a Vi.
- Legal. Por onde a gente começa?
- Você tem aí seu celular?
- Sim. Porquê?
- Para eu rastrear a chamada da Vi. Dah.
- Não sabia que você conseguia fazer isso.
- Sua irmã não lhe contou que eu sou o "nerd" das tecnologias?
- Por acaso não, não calhou.
- Então, veja e aprenda.- coloco o meu laptop na pequena mesa de centro da pequena sala. Ligo o celular do Milo ao laptop. Uns cliques aqui e outros ali e já está. Já tenho as coordenadas da Violeta e possivelmente da Lilith. Quero encontrá-la eu. Não vou dizer as verdadeiras coordenadas ao Milo.- Ela está em Birmingham.
- Obrigado.
- É tudo?
- Sim. Obrigado mesmo.
- Sempre às ordens. Te envio o resto das coordenadas depois.- ele pega no seu celular, agradece mais uma vez e vai embora. Depois de ter a certeza que ele já foi preparo minha mochila. Coloco umas roupas, dinheiro e mantimentos. Siga para Liverpool.
Vou em direção à cidade lá arranjarei um táxi e irei para Liverpool. Sigo já no táxi. Ninguém reparou que eu sai. Olho para a rua no banco de trás do táxi. As árvores passam à velocidade que o carro anda. Passado algum tempo chego finalmente a Liverpool. Saio do táxi e pago ao taxista. Vou direto ao ponto. Depois de andar um pouco, chego a uma mansão. É lá que a Violeta está. Encontro um capacete de mota e uma caixa de pizza perto do lixo. Vou fingir que sou o entregador de pizza. Toco na campainha.
- Quem é?- uma voz masculina pergunta muito irritada. Deve ser ele o raptor.
- Sou o entregador de pizza.
- Entregador de pizza? Claro. Pode entrar.- ele abre o grande portão e aparece na porta. Vou até ele.- Entre.- entro com ele que me leva até à cozinha. Chegando lá vejo dois grandes caras. Acho que são os mesmos com quem eu e a Lilith lutámos da última vez.- Rapazes já sabem o que têm a fazer.
- Depois levamos ele para onde senhor?- um pergunta.
- Para os calabouços.
- Os calabouços?- o outro pergunta.
- Sim.
Ele sai ficando só eu e esses caras. Um deles vem para trás de mim muito rápido. Como ele fez aquilo? O outro fica na minha frente e me tira o capacete vendo o meu rosto.
- Você de novo?- ele fala.- Pensei que tivesse aprendido da última vez.- sem dar conta ele me dá um soco forte e eu apago.

Algumas horas mais tarde

- Peter! Peter! Acorde!- ouço uma voz feminina. Abro lentamente os olhos e me deparo com uma garota loira de olhos verdes.
- LILITH!- grito espantado.- É mesmo você?
- Sou Peter. O que você está fazendo aqui?- ela pergunta preocupada.
- Eu fui procurar a Violeta.
- O quê? Como?
- Ela ligou no dia a seguir ao rapto e disse que não queria ser encontrada. O Milo veio ter comigo para que eu o ajudasse. Então rastreei a chamada dela e lhe dei as coordenadas falsas.
- Porquê?
- Por que queria ser eu a salvar a Violeta.
- E como é que você veio aqui parar?
- Bem eu ia entrar na casa do raptor clandestino, então fingi ser o entregador de pizza,...
- Está tudo explicado.
- O quê?
- O Justin odeia pizza. Quer dizer, ele não gosta lá muito de comida.
- O quê? Quem não gosta de pizza?
- Bem ele meio que é...
- Que é...- a incentivo a continuar.
- Ele é um vampiro.
- O quê?
- Eu julguei que sabia...
- A única coisa que eu sabia era a existência de bruxas e lobisomens. Não de vampiros.
- Acontece que eu também sou uma vampira.
- O quê? Por favor não me coma.
- Relaxa, eu sou vegetariana. Tenho dois pais e eles são humanos. Acha mesmo que eu conseguia viver com eles se não fosse vegetariana.- ela se ri. Gostei de seu riso. Nunca tive oportunidade de conhecer a Lilith.
- Caramba! Sua barriga está grande!- olho a barriga dela e ela ri.
- Eu estou grávida.
- De quem?
- Do Justin.- ela fala triste.
- Quem é o Justin?
- Ele é o raptor da Violeta, o meu raptor, o seu raptor e o meu ex.
- Caralho!
- É...
- Você não está feliz?
- Não! Posso ter dois bebês a crescer dentro de mim, mas não estou feliz. Esses bebês são fruto de uma relação de amor/ódio. Até tem o seu encanto ser mãe. A única coisa que eu não gosto nesta situação é a pessoa que calhou para ser o pai das crianças que tenho dentro de mim. O pior nem é isso, é que eu estou a me apaixonar outra vez por aquele idiota.
- Wow. Parece que está difícil no país das maravilhas para todos.- falo com ironia.
- Você e a irmã do Milo não estão bem? Qual era o nome dela mesmo?
- Ahahah. O nome dela é Meg e não tem nada entre nós.- mas eu gostava.
- Mas você gostava.- ela fala com olhar safado e mordendo o lábio inferior.
- Pois, claro.- rimos os dois.

Meg Hamilton

Não encontro o Peter. Não sei porquê mas, a nossa relação piorou depois do beijo. Ele está mais afastado. Sei que a gente não tem nada, mas eu queria mesmo ter algo com ele. Vejo o Milo conversar com o Dave na sala. Chego perto e pergunto:
- Milo! Você viu o Peter?- ele se vira para mim.
- Sim ele tá na casa da árvore.- ele sorri para mim. Acho que ele está escondendo algo.
- Obrigada.- saio rumo à casa da árvore.
Chego lá rápido. Vou transformada. Quando chego pego em uma pedra e a atiro à alavanca que faz descer as escadas. Subo e bato na porta.
- Peter. Você está aí?- espero que ele responda.- Peter?- ele não responde. Entro e vejo um papel sobre a mesa. Pego nele e leio.
- " Meg. Eu sabia que me vinha procurar aqui, o local mais importante para mim e para você também. Onde nos conhecemos inesperadamente. Desculpa pela nossa discussão. Mas eu nunca senti aquilo que sinto por você. Bem, é melhor eu ir direto ao ponto. O Milo esteve aqui e me pediu as coordenadas da Violeta, só que eu dei as coordenadas falsas. Se eu não aparecer até amanhã na casa da árvore ou até mesmo na sua casa, mande alguém. As coordenadas estão anotadas no meu diário."- pego no diário e ligo para o Milo. Ele atende ao terceiro toque.
- Estou?
- Milo. Quando você viu o Peter?
- Eu vi ele hoje de manhã.
- Você está com o Dave?
- Sim. Porquê?
- E você está em casa?
- Não, mas porquê?
- Está com mais alguém?
- Não e você não vai responder às minhas perguntas, certo?
- Certo.- desligo. Tenho certeza que ele não vai aparecer. Abro o diário. Ele está em Liverpool. Há um caminho pela floresta. Vou para casa, direita ao quarto da Emily. Bato na porta e ela me dá permissão para entrar.
- Meg! O que foi?
- Em, eu preciso de sua ajuda para encontrar o Peter. E se poder traga outras pessoas, não podemos ir sozinhas.
- Claro. Eu posso chamar o Sebastian e a Leila e você podia ir chamar os Barkis.
- Ok. Encontramo-nos na sala em uma hora?
- Sim.- saímos do quarto. Eu vou em direção à casa dos Barkis.
Bato na porta levemente e a Elena abre.
- Oi Meg. Como vai?
- Vou bem e você?
- Também.
- Seu irmão está?
- Sim.- ela revira os olhos.
- Ótimo. Preciso de vocês os dois.
- Para quê?- ela me olha desconfiada.
- Para procurar um amigo do Milo.- minto. De uma coisa eu tenho a certeza, se for sobre o Milo a Elena alinha.
- A gente alinha.- não falei?- Mike vai arrumar uma mochila, a gente vai para...- ela grita para ele a ouvir.- Para onde que a gente vai mesmo?- ela se dirige a mim.
- Liverpool.
- Para Liverpool.- ela volta a gritar com o Mike.
- A gente se encontra na porta de minha casa dentro de uma hora?
- Sim.- ela fecha a porta com força.
Vou para casa arrumar uma mochila. Coloco só o essencial e me dirijo à sala. Lá vejo a Emily, a Leila e o Sebastian me esperando.
- Ué? Cadê os Barkis?- a Emily pergunta.
- Lá fora.- respondo.
- Oi Meg.- o Sebastian fala.
- Oi Sebastian.- sorrio fraco. Sebastian Lopez foi o primeiro garoto por quem eu senti algo, não sei se pode chamar de amor. Acontece que o sentimento não era recíproco e eu descobri da pior maneira. Eu só tinha treze e ele quinze, uma diferença de dois anos. Eu tava louca por ele. Certo dia ele apareceu na minha casa para a gente brincar, ele sempre brincava comigo de esconde esconde, mas nesse dia ele apareceu com uma garota, a Leila e falou que ela era namorada dele. Então eu percebi que tinha sido uma idiota apaixonada. Mais tarde ele e a Leila terminaram e a gente continuou amigos. Aquele que outrora fora meu melhor amigo, meu crush passou a ser apenas amigo, um amigo distante.
- Oi Meg.- a Leila fala.
- Oi Leila.- respondo. Leila Fernandez pode ter sido a namorada do meu ex-crush, mas eu não guardo rancor, quando o Sebastian terminou com ela eu a apoiei. Agora a gente se dá bem. Aquilo aconteceu à muito tempo.
- Vamos?- a Emily pergunta eu assinto. Vamos para o exterior onde estão os Barkis.
- Oi!- Elena cumprimenta.- Eu sou a Elena e este é o meu irmão Mike.- ela se apresenta. O Sebastian e a Leila nunca conheceram os Barkis.
- Prazer.- o Sebastian fala.- Eu sou o Sebastian e esta é a Leila.
- Oi.- a Leila fala timidamente.
- Então, vamos? Temos de ir salvar o Peter.- falo.
- O Peter? Pensei que tinha dito que íamos salvar um amigo do Milo.
- Bem, o Peter é um amigo do Milo, e se encontrarmos o Peter, encontramos a Violeta e possivelmente a Lilith.
- Ok.- ela cede.- Vamos.
Só espero que o Peter esteja bem, eu não queria que, seja o que for que a gente tem, acabe. Eu amo o Peter e não quero que meu amor por ele acabe tão rápido.

Milo & Meg: A História (REVISANDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora