A reforma era grande e eu estava atarefada com a Casa para Crianças. Meus dias estavam sendo produtivos, o que achei ótimo. Eu trabalhava tanto, que ao chegar em casa, a única coisa que eu fazia era tomar um banho, ficar um pouco com montanha e desmaiar na cama. O dia do encontro havia chegado, e passei o dia tentando falar com minha irmã, para tentar marcar para outro dia. Mas o celular dela só caia na caixa postal, liguei duas vezes para Richard e a sua secretária havia me informado que ele estava o dia todo em reunião. Eu andava de um lado para outro com representantes de tintas, tapetes, persianas e móveis e pela primeira vez em toda a minha vida desejei ter um carro para facilitar minha vida. Minhas tardes eram mais calmas com Joyce e Julia. Ambas eram adoráveis e sempre tínhamos agradáveis conversas na cozinha, tomando café e comendo deliciosos biscoitinhos, quando souberam do meu encontro, pareciam mais animadas do que eu. Eu não falei do meu passado para elas e pretendia continuar assim, como prometi a Pietra: Viver o presente. Esquecer o passado.
Esquecer que perdi três bebês.
Esquecer que perdi Isaac.
Esquecer que perdi minha família.
Eu já estava atrasada vinte minutos e entrei quase que correndo na casa da minha irmã, com a língua para fora e cabelo com certeza despenteado. Ela me olhou assustada e abriu as mãos para mim, como se estivesse me perguntando "o que aconteceu? "
- Me desculpa, eu me atrasei. O táxi .... - Tentei respirar - demorou. E ele parou na esquina... o combustível acabou.
- Como assim, acabou?
- Não me pergunte. Nunca vi isso acontecer. Achei até que era um sinal para não conhecer esse cara, fiquei pensando que não deveria ir, no mínimo deve ser um cara autoritário, feio e com chulé ... - Sorri alto. Mas Marina não sorriu, pela cara dela, fiz algo de errado. Foi quando ela deu um passo para o lado e eu vi Richard e um homem que nunca vi na vida bem atrás dela, olhando para mim. - Oh, merda! - Falei baixo entre dentes. E as características físicas dele não tinham nada a ver do que acabei de falar alto.
- Eu tive alguns sinais também! - Ele falou em tom de brincadeira. - Ainda bem que me enganei!
Sorri sem graça.
- Me desculpe ... - Entrei e fui em sua direção. - Costumo ficar nervosa com essas coisas. - Pronto, falei.
- Tudo bem, também tenho um pé atrás para encontros às escuras. Nunca tive sorte para falar a verdade. - Ele falou dando um simpático sorriso - Prazer, sou Bruno.
- Prazer Bruno, me chamo Nicole. - Nos cumprimentamos.
- O prazer é todo meu Nicole. Mas só para esclarecer, não sei quanto ao seu gosto, no caso se sou bonito ou feio. Mas quanto ao chulé, garanto que não tenho.
Nós rimos.
Saímos para jantar no restaurante que Richard escolheu. Era agradável e eu sempre ouvia falar dele. A conversa foi boa e Bruno era lindo, agradável, era inteligente e muito educado. Ele só tinha um problema para mim.
Não era Isaac.
***
Era uma sexta feira chuvosa quando entrei novamente na empresa de Pietra, só naquela semana era a terceira vez que tinha ido lá, eu sempre fazia questão de ir lá para resolver as coisas, ao invés dela ir no meu escritório, a agenda de Pietra era muito mais apertada do que a minha. Fui até lá, para ela poder assinar alguns documentos. Assim que entrei, Sophie não estava na sua mesa, falei com as outras pessoas e fui em direção a sala de Pietra, a porta estava semi aberta e eu apenas bati na porta antes de entrar na sala. Entrei, mas ela também não estava lá.
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Diversas formas do Amor
RomanceAssim que pus os olhos nele, me apaixonei. E eu só tinha dez anos. Isaac se tornou tudo o que eu queria, mas só apenas quatro anos depois que nos conhecemos que nos beijamos pela primeira vez. E quando completei dezessete anos, ficamos grávidos. Nos...