1 Vida

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- Amarela! - Falei enquanto Priscila segurava as duas roupinhas idênticas. Estávamos em dúvida entre a rosa e a amarela. Eu gostei da amarela.

- Quero saber onde vai caber tanta roupa! - Isaac falou sentado e impaciente, esperando a gente decidir que roupa levaria para as gêmeas.

- Eu preciso comprar roupa para as minhas filhas. - Falou Priscila. - Até agora só Nicole tem feito isso.

- E você viu quanto de roupa tem? - Ele falou nos lembrando das caixas que já estavam separadas para a primeira lavagem.

- Mas eu preciso comprar também. Minhas filhas precisam saber que a mãe dela aqui adorava comprar roupas.

- Olha essa aqui! - A vendedora nos trouxe mais um conjunto e babamos em cima da roupa. Fizemos um uníssimo Ô e a vendedora riu. Isaac levantou os olhos e nós duas rimos. Quando voltamos para casa, Priscila parecia mais cansada que o normal e logo percebi que fizemos muito esforço para um dia só. Muitas vezes durante o dia percebi que ela fingia estar bem, as vezes ela parava e ficava sem dizer nada por minutos, depois dava um sorriso disfarçando. Percebendo que tinha se esforçado demais, eu sugeri que voltássemos para casa e ela aceitou sem pensar duas vezes. Além de estar grávida de trinta e duas semanas, ela estava cada dia mais cansada e sem fôlego. Isaac a levou para cama e eu fui a cozinha para preparar uma vitamina para ela, falei rapidamente com nosso passarinho, o alimentei também e sai para ir ao quarto. Enquanto caminhava para o quarto, Isaac tinha voltado para a sala e também parecia cansado, pois tinha acabado de deitar no sofá, e fechou os olhos. Decidi não atrapalhar e fui direto para o quarto. Assim que entrei, vi que ela não estava mais lá, então a procurei por outros cômodos, até encontrá-la no quarto de hóspede. Entrei e encontrei Priscila tossindo sem parar.

- Priscila .... Respire! - Sentei ao lado dela - Não deveríamos ter abusado hoje, você se esforçou bastante... - Comecei a esfregar as costas dela, tentando transmitir alívio. Ela tossia e tentava puxar todo ar de seu pulmão. - Calma, vai passar... Tem algo que eu possa fazer para ajudar? - Ela fez que não e tentou controlar a respiração. Passaram minutos e nada. Ela segurou forte minha mão e então percebi que não ia passar. - Vou chamar Isaac!

- Nicole .... Eu ... não estou conseguindo... respirar! - Ela arregalou os olhos, nervosa e apertou suas unhas em minha pele.

- Calma...Isaac! - Gritei o nome dele, com medo de deixá-la sozinha. - Respire Priscila.

- Não posso .... - Ela começou a tossir alto quando vimos pingos de sangue sair de sua boca. Nos apavoramos. Imediatamente peguei o lençol que estava na cama e limpei sua boca enquanto ela tossia ainda mais - Não posso... Não posso morrer hoje... ainda é cedo demais! - Ela começou a chorar.

- Priscila, pare, você não vai morrer! Não chore, por favor. Se concentre em respirar. Isaac - Gritei mais alto. Ela estava começando a ficar pálida e suava. - Isaac!

Ele entra rapidamente e a ver quase desmaiando. Segurei com força o corpo de Priscila e graças a Deus Isaac chegou a tempo de pegá-la e evitar que caísse de frente para o chão enquanto tossia e tentava respirar.

- Priscila! Meu Deus, vou levar você ao hospital - Ele a pegou no colo. - Nicole, por favor, me ajude! Abra as portas e a porta do carro. - Ele pediu nervoso. Priscila não parava de puxar o ar e então senti sua cabeça amolecer, como se ela tivesse acabado de desmaiar.

Rapidamente entramos no carro e enquanto Isaac dirigia, sentei ao lado de Priscila atrás e Depositei sua cabeça em meu colo.

- Priscila! - Tentei chamá-la enquanto estávamos no carro e confesso que foram os piores minutos da minha vida. Isaac dirigia o mais rápido e mais firme possível, enquanto Priscila estava com a cabeça deitada em meu colo no banco de trás. Priscila não abria os olhos, ela estava pálida e sua respiração quase não existia mais. Assim que chegamos, corremos para emergência. A levaram na maca e ficamos em pé, vendo ela entrar com médicos e enfermeiros. Nervosismo e ansiedade se apossou em mim e fiquei em choque e trêmula, orando baixinho que a vida de Priscila não fosse embora. Por favor, Deus, não a leve.

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