Ser Tia

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Eu estava deitada em meu sofá, esperando meu café ficar pronto na noite de sexta-feira, quando o meu celular toca e vejo o número de Richard.

- Alô!

- Claire está chegando!

Peguei o primeiro táxi que vi e corri ao hospital. Coração a mil por saber que em pouco tempo eu estaria com minha sobrinha em meus braços. Assim que cheguei, vi meus pais e os pais de Richard na sala de espera e logo me juntei a eles. Depois de quase duas horas, enfim Richard aparece com um sorriso tão largo que achei que seu maxilar poderia estar doendo. Lágrimas nos olhos e cabelo bagunçado.

- Ela é linda!

Bom, fui quase mãe três vezes. Mas a sensação espetacular de ser tia, estava começando a ser incrível. O meu chão abriu, quando peguei Claire pela primeira vez em meu colo naquele hospital. Não, Claire não é minha filha, mas é o maior presente que Marina poderia ter me dado. Comecei então a olhar os dedinhos dela, os olhinhos bem apertadinhos, a testinha enrugada, as unhas minúsculas, a roupinha cor de rosa. Ela era linda mesmo.

Com gestos e olhares falei apenas para Claire, que eu seria sua tia preferida, que ela pertencia e permaneceria em minha vida para sempre, então eu prometi acompanhar a vida dela, viver as melhores histórias com ela e fazer parte da vida dela. Eu a mimaria, eu seria a tia que daria doces antes do almoço e contaria para ela as melhores histórias a noite antes de dormir.

Ah, eu estava amando ser tia. Era algo maravilhoso, decididamente apaixonante.

Fascinante.

- Eu te amo Claire. - Sussurrei para ela baixinho na nossa primeira noite de conversas, enquanto seus pais tentavam dormir.

***

Foi numa noite, naquela mesma semana que as duas tiveram alta, que também ganhei um precioso presente. Richard apareceu em minha casa com montanha.

- Oi Richard.

- Oi. - Ele respirou fundo - Precisamos de um favor seu.

- Dois, se quiser.

- Precisamos que fique com montanha. Marina acha que Claire pode estar com alergia a Montanha, desde que chegou do hospital ela não para de espirrar.

- Tudo bem com ela?

- Fora os espirros, sim.

Olhei para montanha e o peguei.

- Claro que fico com ele.

- Obrigado.

***

Era um sábado quando fui à casa dos meus pais com montanha e passei de frente à casa onde fui tão feliz com Isaac. A casa estava completamente escura, o balanço continuava lá e um desejo enorme surgiu de sentar lá e apreciar o pôr do sol, como muitas vezes eu fazia quando estava sozinha ali, a espera de Isaac voltar para casa. Era um dos lugares que eu mais gostava daquela casa. Mesma ela fechada, mesmo que as flores e o jardim, não estivessem sendo tratadas naquele momento ela ainda continuava linda.

***

- Podemos fazer um bolinho? - Perguntei.

- Mas ela é tão pequenininha - Minha irmã falou a colocando no carrinho. - Será que ela não vai se assustar com as palmas?

- Ah, que nada! - A peguei no colo - Ela vai fazer um aninho e merece um bolo grande e recheado.

- Nossa, um ano.... Como passa rápido! - Marina deitou em minha cama - Você se importa se eu der um cochilo aqui, rapidinho?

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