Capítulo 1 - Broken

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Chanyeol POV

Amar sempre foi um jogo muito complicado para mim. A tênue linha entre o que a outra pessoa esperava, e o que eu realmente podia oferecer, sempre gerou grandes conflitos, pois quando você passa tantos anos dentro de uma casca profunda e obscura no interior, mas brilhante e radiante por fora, os outros se fascinam pelo que vêm, mas nunca pelo que encontram no interior, quando as primeiras camadas de proteção começam a cair. Afinal, o amor é perfeito, não é?

E eu, infelizmente, nunca cheguei a míseros passos do que eles julgavam aceitável.

Pode parecer como uma frase que um perdedor diria, quando perdido entre pensamentos toscos e uma vida medíocre, mas, tirando a parte dos pensamentos toscos, eu possuía todas as características.

Trabalhando há 10 anos como detetive da Narcóticos, vendo tanta morte e dor quanto meu coração seria capaz de processar antes de desligar completamente, e por isso, quando Kyungsoo foi embora e me deixou sentado em nossa escada vendo o vazio da casa, sem suas coisas, sem NOSSAS coisas, eu não pude culpa-lo. Namorávamos há 5 anos, e desde nosso primeiro ano juntos, quando finalmente consegui me abrir para ele sobre minhas cicatrizes, sobre minhas dores, ele suportava o monstro que se escondia por baixo da minha pele.

Ele me suportava.

Parecia uma cena cruel de se imaginar, o belo e sofrido amante deixado às lágrimas na escada, enquanto o outro saía pelas ruas em busca de uma vida que envolvesse menos complicações do que as cicatrizes que marcavam não apenas as costas de seu ex-amante, mas também sua alma. Clichê, mas cruel. Eu odiava isso.

E odiava mais ainda o fato de que quase como uma coincidência saída do inferno, meu chefe decidira pressionar um informante que delatara um possível esconderijo da máfia do porto, onde um dos novos líderes estaria sendo iniciado. E, segundo as palavras que ele me disse pelo telefone, enquanto eu fazia meu melhor para manter minha voz no mesmo tom de sempre, descontraído e animado, "a noite seria das grandes".

Segurando minha Glock 21 em uma das mãos e sentindo o peso do colete Kevlar contra minhas omoplatas e sua pressão em minhas costelas, eu sabia que deveria esquecer tudo que havia acontecido por ao menos uns segundos, ou assim que meu pé atingisse aquela porta, seriam meus últimos minutos entre os vivos; porém, mesmo que eu me esforçasse ao máximo, a dor ainda me esfaqueava, pouco a pouco, como se um sádico desejasse me ver sangrar lentamente, morrendo primeiro pela dor e depois pelo corpo.

"Foca nessa merda, ou eu vou te matar antes de esses mafiosos terem a chance", ouvi Suho falar atrás de mim. Aquele mal humor só costumava aparecer em duas situações: quando um criminoso tentava nos ameaçar e quando alguém da equipe perdia o foco em momentos críticos.

"Desculpa", sussurrei, não querendo prolongar muito mais aquela sessão de tortura. Respirando fundo, e reunindo todos esses pensamentos ruins em uma caixinha mental que logo explodiria, senti finalmente um pouco de paz, e fechando o punho com ele erguido para o alto, em um sinal característico que dizia as forças especiais para agirem rápido, estiquei dois dedos e apontei para a porta que ecoava um barulho característico de comemoração e um cheiro que só poderia ser definido em uma coisa. Sexo...

Acenando com a cabeça para Suho, como uma troca mental de mensagens, ergui meu pé esquerdo, e apoiando momentaneamente o peso no direito, chutei a porta do velho prédio residencial localizado em uma das favelas aos arredores de Seul. Apontando minha Glock para todos os idiotas que tivessem a tola ideia de correr ou agarrar suas armas, comecei a avançar, enquanto os membros do meu esquadrão me seguiam com os demais agentes de campo. Podia ouvir nos andares superiores as janelas sendo quebradas enquanto as forças especiais jogavam suas características bombas de gás para forçar os engraçadinhos que tentavam se esconder ou fugir para a única saída que restava. Onde estávamos.

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