Devil's Kiss

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Kai POV

A tanto tempo quanto posso me recordar nesse momento, consigo contar nos dedos de apenas uma mão, as poucas vezes em que o medo cercou meus membros ao ponto de quase os congelar como naquele dia na boate.

O frio da arma contra minha têmpora, a confusão inicial de não saber onde se está e o que pode ocorrer caso tome a decisão errada ainda provocavam um gélido sentimento de antecipação selado nas profundezas das minhas entranhas. Os olhos desiguais do barman que ainda me encaravam, pareciam falsamente confiantes, como se fossem protegidos por uma armadura a muito esculpida para afugentar o exterior das sombras as quais jaziam afundados, e isso me deixou confuso, pois por mais que os espaços em silêncio entre as batidas do meu coração parecessem os mais longos do mundo, eu conhecia aquele olhar, pois era o mesmo que eu ostentava em grande parte dos dias.

As palavras viajavam em minha cabeça como dados em uma poderosa rede, vasculhando cada neurônio, cada sinapse, em busca das palavras corretas. Havia a resposta óbvia, o famoso desentendido perdido, que ficaria assustado e ameaçaria o barman de alguma coisa, mas por seu olhar, eu sabia de cor que isso só poderia atiçar ainda mais seu desejo por sangue e nos meus planos, estar vivo era a chave do sucesso, por isso optei por usar a via mais segura, a de responder a um predador com o mesmo nível de provocação.

- O que te faz dizer isso? – murmurei enquanto movia meus quadris sugestivamente, ainda bem ciente que com ou sem arma, nossos paus estavam travando sua própria luta independente do que acontecia fora de seu mundo. O lábio mordido do barman, foi a sugestão de dúvida que eu precisava para confirmar que tomara a decisão certa, mesmo que apenas naquele momento.

- Uma certeza simples, que homens como você parecem desconhecer – ele respondeu entredentes, com um suspiro sucedendo suas palavras tão intensamente, que quem mordeu o lábio dessa vez fui eu ao sentir seus quadris se moverem selvagemente contra meu colo – Sabe detetive, – ele murmurou, sem que eu tivesse tempo para processar quando sua cabeça se aproximou tanto do meu ouvido – Você é gostoso, não vou negar, amaria montar você e redefinir o sentido de cavalgada texana em sua mente – outro movimento roubou o ar de meus pulmões com a fricção do jeans sobre a pele já sensível – Mas se tentar me seduzir com essa provocação barata, que até os garotos anêmicos do abrigo fariam melhor que você, – ele continuou sua provocação, mordendo meu lóbulo sedutoramente enquanto a pressão da arma crescia do outro lado como um constante aviso do perigo ainda rondando – Vou fazer questão de entregar seu corpo em pedacinhos para aqueles detetives de merda...

Droga, EU ODEIO ESSE CARA DEFINITIVAMENTE, pensei irritado enquanto forçava meus pulmões a respirava fundo, tentando ganhar tempo para que minha mente funcionasse. Levei apenas longos e tortuosos segundos para cair na real de que não havia saída, ou ao menos se havia minha mente não sabia processar. Na posição em que nos encontrávamos, mesmo que eu tentasse o jogar para longe, a vantagem dele ainda era muito considerável para que eu acabasse com um tiro bem no meio da testa; a arma tinha exatamente duas balas, uma no cano e outra no tambor, travada ou não, blefe ou não, era muito a se arriscar apenas por um ego, então decidi ser um pouco sábio e me render ao que quer que acontecesse, ao menos até que ele abaixasse a guarda.

- O que você quer? – murmurei enquanto roçava meus dentes sobre seu pescoço, realizando um percurso lento e tortuoso que fez cada centímetro de sua pele se arrepiar, e pude com grande satisfação, aproveitar aquilo com o rosto afundado em na curva de seu pescoço, visto que minhas mãos ainda descansavam estrategicamente próximas de sua bunda, captando todos os movimentos realizados pelo desconhecido – Poderia dizer que seria me matar, mas acredito que não precisaria de um discurso tão bonitinho para decidir isso, se fosse me apagar já teria feito antes mesmo de me deixar ter a esperança de gozar – cometi o sincericidio do ano, enquanto ainda apreciava a boca ágil do belo homem brincar em toda a extensão do meu maxilar e orelha – Então me diga Barman, isso se você sequer um dia foi um – murmurei quando ele afastou sua cabeça o suficiente apenas para que nossas bocas ficassem a milímetros uma das outras, seus olhos desiguais brilhavam como duas pedras preciosas, instigando os homens corajosos a desvendá-las e se perderem em seu brilho e maldição, mesclavam ao a expressão deliciosamente curiosa que beirava sua expressão enquanto me ouvia atentamente prosseguir – O que você quer?

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