Escolhas
No templo do antigo mestre Ybytuura, Jove aguarda por Andyrá, o atual mestre e também seu grande amigo. Um dos discípulos indicou o jardim a Jove, pois mantinha um clima agradável àquela hora em Marte.
Andyrá se aproxima. Jove continua com os olhos fechados.
— Quando você me falou, há alguns at, que eu teria uma filha e que um dia eu deveria escolher entre ela e o Clã, não pude deixar de lembrar de suas palavras quando a peguei nos braços, assim que nasceu, e pude me ver nos olhos dela. O amor que ela despertou em mim me fez duvidar da sua profecia, mas ela se cumpriu e eu não estava pronto para poder escolher... — Jove diz, ainda sentado ao pé da cerejeira e com os olhos fechados.
— Meu caro Jove, independente da sua vontade, a escolha foi feita e o destino da sua Artemísia agora está selado, não há volta. — Andyrá diz, serenamente.
— Então a menina ainda vive? — Jove pergunta, enquanto abre os olhos e os direciona ao amigo.
— Sim, ela vive... mas você nunca mais poderá se encontrar com ela.
— Não há motivo para que eu não possa vê-la... A mãe da menina tirou a própria vida, seu corpo foi levado para a cidade do Clã. Diante dessa tragédia, forjei a morte de Artemísia para que o Conselho não a condenasse. Ninguém sabe que minha filha ainda vive.
Andyrá se aproxima do amigo, se abaixa e põe sua mão direita sobre o ombro dele.
— Entenda, meu amigo, se você entrar em contato com Artemísia agora, todo o destino dela estará comprometido.
Jove fica sério.
— Posso ao menos saber que destino é esse?
— O destino dela é a Eternidade. Não o tipo de eternidade almejada pelos mortais, mas o tipo de eternidade que somente os deuses conhecem. — Andyrá diz, olhando nos olhos do amigo, como se quisesse dizer algo além das palavras. Jove fica pensativo, como se tivesse compreendido a mensagem oculta do mestre.
— Sempre fui muito frio e distante com ela. Carrego uma tristeza muito grande por saber que ela jamais entenderá o quanto a amo... — Jove diz, com pesar. Andyrá olha para a espada no chão.
— Me dê sua espada. — O mestre diz, enquanto se levanta. Jove entrega a espada para o amigo.
Andyrá ergue a espada e diz palavras em um idioma antigo. A espada parece absorver os raios do Sol, junto de uma parte da energia vital de Jove. Após alguns instantes, o mestre fica em silêncio, abaixa a espada, suavemente, então a entrega a Jove, que está de pé.
— Tome. Vai chegar o dia em que você deverá entregar essa espada para Artemísia, mas ela não poderá te ver.
— Essa espada só levará dor para Artemísia, pois foi por tocá-la que ela se tornou sozinha nesse mundo. — O filho do Clã diz, com tristeza, se lembrando do dia em que viu Artemísia erguendo a Espada Ancestral de sua família, na sala sagrada em sua casa.
— Não. Essa espada revelará a verdade à sua filha e, no momento certo, libertará Artemísia de todo o sofrimento que ela acumulará em sua vida. E não se preocupe, ela saberá o quanto o pai dela a amou. — Andyrá diz, com um sorriso que inspira a paz.
Um dia a verei novamente? — Jove questiona.
— Sim. Mas ela não poderá te ver, nunca, entendeu?
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Artemísia
Science FictionARTEMÍSIA História por Francélia Pereira Revisão por Tany Isuzu Distribuição: My Light Novel - www.mylightnovel.com.br Sinopse: Artemísia, a famosa mercenária e sua busca muito marcaram, tanto no universo quanto aos leitores. Porém, há um começo par...