INTERLÚDIO 2

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A Batalha do Cinturão

          Uma mulher alta, com cabelos no antigo estilo moicano, entra em uma taberna escura, na zona boêmia de uma das bases do Cinturão. A mulher se move, com passos firmes e uma expressão assustadora, em direção a uma mesa, onde está um homem rodeado por pessoas que bebem vinho e riem muito. No colo do homem estão duas jovens, nativas da base. A mulher com cara de poucos amigos se aproxima e dá um soco na mesa.

          — Seu maldito! As naves te procuram por todo esse Cinturão imundo. — A mulher diz, com ódio. O homem afasta as mulheres de seu colo, rindo.

          — Heeei! Calma aí, Muriah! Veja como fala com seu Capitão e Mestre! Hahahaha... — O homem responde.

          — Dionísio, seu cretino! Isso não é momento pras suas brincadeiras estúpidas, nossas tropas estão sendo atacadas por mercenários, não só pelos pirralhos das Casas, mas por um número considerável de emancipados também. — A mulher diz e se aproxima mais de Dionísio, se abaixando e jogando seu corpo para frente, sobre a mesa. Ela olha nos olhos do Capitão Pirata. — Deixe sua devassidão pra outra hora... — A mulher pega o pescoço de Dionísio e o faz se levantar do banco onde está sentado. — As tropas precisam de você, AGORA! — A mulher praticamente arranca Dionísio da mesa e o joga no chão, depois o empurra para que siga em frente. Dionísio ri, se ajeita e segue imponente, à frente da giganta.

          Muriah é irmã de Dionísio; o grande pirata deve muito de sua fama a ela, que sempre foi seu braço direito.

          Dionísio é um jovem fora da lei, que conseguiu se destacar no Sistema e, assim, lidera a maior frota pirata de Apolo. Ele é um homem forte, bonito, confiante, corajoso, mas muito relapso. Nunca dispensa os prazeres da vida. Se não fosse o pulso forte da irmã, talvez Dionísio jamais seria um grande líder. A ideia de assaltar o Cinturão partiu de Muriah, que ajudou a definir toda a estratégia para a missão. Foi um passo ousado, mas que daria muito prestígio a Dionísio caso fosse bem sucedido.

          O governador do Cinturão convocou a Casa de Yby para resolver o conflito. Dandara esteve com ele, pessoalmente, para receber as instruções sobre a missão, pois as forças de Dionísio haviam se infiltrado no sistema de comunicação do Governo. Yby convocou a Casa de Kûara e um número considerável de emancipados, o que elevou os custos da missão.

          — Bem... qual é a situação? — Dionísio pergunta, ao se sentar em sua cadeira de Capitão na nave.

          — As naves mercenárias estão em vantagem em torno da base principal, mas por aqui ainda conseguimos avançar. — Um homem, que está nos controles da nave, diz.

          — Então vamos terminar com essa brincadeira por aqui logo, para avançarmos até a base principal. Se os mercenários conseguirem a vitória por lá, teremos problemas de verdade. — O capitão diz, enquanto aciona alguns comandos na tela holográfica à sua frente. Ele pressiona o dedo sobre um ícone com a foto de Muriah.

          — Vou para a base principal. — Muriah diz, rispidamente.

          — Não vai não... preciso de você aqui. Após vencermos essa batalha, vamos, todos, para a base principal. — O Capitão pirata diz, de forma natural.

          — Há guerreiros nossos na base principal, eles já estavam em terra quando os mercenários chegaram. Vou defendê-los. — Muriah diz, séria.

          — Você não vai conseguir passar pelas naves... me ajude aqui e então iremos pra lá. — Dionísio diz, Muriah fica irritada, mas antes que ela se expresse, Dionísio a interrompe. — E não me desobedeça, venha logo! — Dionísio interrompe a comunicação.

ArtemísiaOnde histórias criam vida. Descubra agora