CAPÍTULO 3

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Centauro

         Uma mercenária entra no quarto de Dandara, que decidiu cochilar até que a nave chegasse ao seu destino.

          — Dandara... Centauro não quer dar permissão pra que a gente pouse.

          A segunda capitã da nave tira o manto que cobre o seu rosto.

          — Onde está Yby?

          — Yby já está na base. Ela chegou antes de nós. Pegou uma das naves de ataque e...

          — Tá, tá, tá... — A guerreira diz, enquanto se levanta. — Vamos logo resolver isso.

          Dandara segue, bocejando e se espreguiçando, até a sala de controle da nave Atlântida. Ela senta-se na cadeira de comando.

          — Aqui é Dandara. Solicito permissão para aportar com a Atlântida imediatamente. — A mercenária diz, ainda sonolenta e esfregando o rosto.

          — Permissão negada. — Uma voz masculina responde.

          — Chame seu superior, rapaz, e não me faça perder mais tempo.

          — Eu sou o líder da rebelião em Centauro. Nenhuma nave mercenária vai pousar aqui. — O homem diz, irritado.

          — Droga! — Dandara diz, enquanto dá um soco na mesa de controles. – Vamos pousar de qualquer jeito.

          — Hahahaha... isso eu quero v.... — A voz do homem é interrompida. São ouvidos alguns gritos, então a comunicação é reestabelecida.

          — Podem pousar... e venham logo, esses rebeldes são muito chatos, não tô com paciência pra matar tanta gente insuportável sozinha. — Yby fala da base.

          — Já estamos a caminho. — Dandara responde, sorrindo.

          Desde que a humanidade migrou para o Espaço eram frequentes as rebeliões por todo o Sistema Solar, que ficou conhecido como Sistema Apolo.

          Grande parte da população pertencia à classe média e essa classe vivia relativamente bem, em planetas como Marte e Vênus ou nos satélites naturais, como Europa, de Júpiter, e Titã, de Saturno.

          Mas a classe mais baixa padecia nas bases artificiais de exploração de recursos naturais, pequenos planetas artificiais, onde trabalhadores viviam de forma precária. Nessas bases, os conflitos e rebeliões eram mais frequentes que nas demais regiões e as tropas do Governo não conseguiam lidar, sozinhas, com tanta gente insatisfeita, assim, os grupos de mercenários sempre eram requisitados para resolver tais conflitos.

          Os maiores conflitos, geralmente, eram resolvidos pelo Clã, que já tinha tradição em missões mercenárias, desde o tempo em que a humanidade ainda vivia na Terra. O Clã era chamado, diretamente pelo Governo, para resolver esses conflitos mais complexos, que geravam mais lucro. Os grupos menores de mercenários ficavam com os conflitos menos significantes, que geravam lucro menor, assim, não era raro o confronto entre grupos do Clã e demais grupos de mercenários que tentavam se sobressair.

          Havia outras missões também, missões que não atendiam as necessidades do Governo ou de grupos politicamente corretos. Eram missões lideradas por piratas, que tentavam roubar as rotas dos Comerciantes Tradicionais de Apolo ou missões lideradas por conspiradores, que tentavam tomar o poder em algum planeta. O Clã não aceitava esse tipo de missões, devido aos seus acordos com o Governo, e os grupos menores só as aceitavam se lhes trouxessem muitas vantagens, pois o risco de prisão ou banimento do Sistema era muito grande.

ArtemísiaOnde histórias criam vida. Descubra agora