CAPÍTULO 10

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O Recado de Heitor

          Três pares longos de pernas femininas caminham sobre as pedras retangulares de uma rua em Abaeté. Por onde passam, portas e janelas são fechadas, pessoas se assustam, correm e se escondem. São as trigêmeas da Casa de Heitor.

          Altas, magras, com seus cabelos negros, compridos, e suas botas longas, de salto, as três são lindas e cruéis. As Munakata Sanjojin são as assassinas mais temidas que Apolo conheceu até então.

          Enquanto caminham, imponentes, um pequeno drone, em forma esférica, as segue, sobrevoando um pouco acima de suas cabeças.

          As irmãs chegam ao fim da rua de pedras e observam a estrada de terra à frente. Uma delas verifica um mapa na tela holográfica gerada por um delicado bracelete.

          — Agora falta pouco. — A jovem diz às irmãs.

          Após caminhar pela estrada de terra, as três chegam ao estreito caminho que corta a mata e leva até a Casa de Yby. Elas seguem e, quando veem a casa ao longe, sobem nas árvores e enviam o drone para sondar o lugar. O drone confirma a presença de Artemísia. As trigêmeas descem das árvores e seguem para a casa. O drone vai à frente, para desativar o sistema de alarme.

          Na cozinha, Naomi verifica que não há mais condimentos.

          — Kiki! — Naomi chama por Kiki, que atende prontamente.

          — O que foi, Naomi?

          — Não há condimentos. Quem ficou responsável pelas últimas compras? — A ruivinha coça a cabeça.

          — Ehhhh! Não sei... mas posso ir até o mercado comprar o que está faltando. — Kiki sabe que a responsável pelas últimas compras foi Artemísia, mas não quis comprometer a amiga. Artemísia aparece.

          — O que foi, Naomi? Faltou algum produto da lista de compras? Quando fui ao mercado tava uma bagunça, e... — Naomi interrompe a filha do Clã.

          — Ah! Então foi você. Leve essa lista e traga o que está faltando. Dessa vez, não se confunda.

          — Vou com ela, Naomi!

          — Não. Você, Yby e Dandara sempre mimam demais a Artemísia, ela precisa aprender a ter responsabilidade. — Kiki dá de ombros. Artemísia pega a lista e sai pela porta da cozinha. — E tente não demorar muito. Yby, Petra e Dandara vão chegar famintas.

          Quando as assassinas entram pela porta da sala, Artemísia passa pelo caminho que leva à entrada na mata. As assassinas não veem ninguém na sala principal, então o grupo se separa.

          Issa segue com sua espada para o corredor que dá acesso aos quartos das meninas mais jovens, o drone a acompanha; as outras duas seguem para o andar de cima.

          Quando Issa entra no primeiro quarto, Artemísia já está atravessando a mata, e nem escuta o primeiro grito, que é calado com a espada da assassina. Naomi e Kiki, que ainda estão na cozinha, atravessam os cômodos correndo, ao ouvir gritos, mas quando chegam ao corredor, Issa está limpando o sangue de sua espada. Com a ajuda do drone, foi fácil matar as meninas que dormiam.

          Ao ver o sangue na espada de Issa, Naomi sente o ódio pulsando em suas veias.

          — Kiki. Vá soar o alarme. — Naomi diz, de forma imponente, enquanto empunha sua espada, que estava em suas costas. Kiki corre para a sala, o drone a segue. — Maldita! Você pagará caro pelas vidas que tirou hoje. — Naomi diz e corre, enfurecida, em direção à Issa, com a espada em posição de ataque.

ArtemísiaOnde histórias criam vida. Descubra agora