Lá estava ele, Charlie Monroe, voltando anos depois pra cidade onde morara por muitos anos. Apesar de não ser sua cidade natal, ele a amava como se fosse. A vida na Suécia era maravilhosa. Tranquila e divertida, como ele gostava. Charlie não era mais o mesmo garotinho que fora embora com 12 anos, ele agora era um homem forte, com barba, músculos firmes, braços e pernas longas.
Com seus 24 anos já tinha seguido a belíssima carreira de advogado, e agora aproveitava o cargo de recém empresário. Pouco tempo depois de terminar a faculdade ele já estava fazendo investimentos e trabalhando. Charlie estava apenas a algumas semanas vivendo tranquilamente a vida como queria. Até que uma ligação mudou tudo.
- Obrigado senhor Patrick, irei vê-la imediatamente!
Desligara o telefone e levou as mãos a cabeça, sentindo a mesma começar a latejar. Como pudera ser tão imprudente? Como deixara que a mulher que lhe deu a vida chegasse a tais circunstâncias? Como a abandonara depois de tudo? Ele sentia um aperto no peito. Havia deixado de visitar sua mãe durante os 12 anos que ficara longe. E agora temia por ter apenas alguns dias para vê-la. Charlie levantou do sofá de couro da sala e caminhou até seu quarto enquanto ligava pra sua secretária e pedia que marcasse um vôo pro Texas com urgência.
- Filho?
Ouviu a voz grave de seu pai o chamar após bater a porta da sala. Passos começaram a ficar mais audíveis. Charlie se virou e encarou seu pai parado na porta.
- A quanto tempo mamãe está doente?
Perguntou ele encarando o pai seriamente. Robert sentiu o maxilar se enrijecer com a pergunta do filho. Desde que se separou de Esther teve que conviver com a ausência do pobre menino. Mas assim que ele voltou para suas mãos, tratou de refazer o estrago causado pela sua ex companheira.
- Eu não sei filho...
- Sabe sim! O Patrick disse que liga a meses e o senhor sempre recusa ajuda! Como pôde esconder isso de mim? Ela é a minha mãe droga!
Charlie cerrou os punhos observando o pai. Ele acumulava muita dor do passado. De quando era criança principalmente. E a saudade que tinha da mãe era imensurável. Não há pior crueldade do que manter um filho tanto tempo longe da mãe...
- Eu sei filho! Mas pelas circunstâncias da separação eu achei melhor te manter afastado, como ela fez com você.
- Ela está doente! E pode morrer a qualquer momento droga! Eu era apenas uma criança quando o senhor resolveu roubar bancos e mentir pra mamãe como se isso fosse o certo. Apenas uma criança! Um filho não deve pagar pelos erros dos seus pais!
Robert ficou em silêncio refletindo as palavras de Charlie, que apenas o encarava com um misto de fúria e dor.
- Eu sei que errei e...
- Faz um favor pra nós dois papai, some daqui e não me procura até eu voltar! E reze muito para que a mamãe melhore, porque se algo acontecer a ela, o senhor vai se arrepender do dia em que me concebeu!
Charlie voltou a fazer as malas e ouviu seu pai respirar fundo antes dos passos de seu sapato de couro ficar menos audíveis.
Minutos depois ele já estava a caminho do aeroporto. Ele mal se lembrava de como era o Texas. Havia descoberto muita coisa quando voltara pra Suécia, e acabou por ser influenciado por seu pai a não voltar para a cidade de sua mãe, se ela realmente quisesse vê-lo teria que ir ao seu encontro.
Charlie se encostou na janela do avião e observou tudo ainda em movimento minutos antes de uma decolagem. Um filme começara a passar em sua mente, e nenhum dos momentos em que ele vivera na capital da Suécia tinha sido tão forte quanto o que havia sentido por uma jovem garota, que fazia seu coração pular apenas por lembrar de sua voz.
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Amor de Infância
Short StoryTodos nós, em um determinado período, já tivemos um amor, algo que floresce no peito. Quando encontramos o primeiro amor, é inesquecível e como todo o amor de verdade, é inabalável. Assim foi a história de dois amigos na infância, que não entendiam...