Reconciliação

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— Me dê uma chance de explicar o que aconteceu, por favor?

Emília puxou o braço com força e o encarou seriamente. Ele vestia uma calça de ninho marrom e uma camisa de seda branca, que deixava parte de seu peitoral exposto. O que dificultou a concentração de Emília.

— Nós juramos jamais quebrar uma promessa Charlie, e foi exatamente isso que você fez! Agora se me der licença, tenho que trabalhar.

Ela caminhou até o caixa e começou a mexer em alguns papéis apenas para se distrair. Emília usava uma calça jeans, que desenhava suas pernas longas e finas, e uma blusa de alça vermelha. Seus cabelos estavam presos em um coque, e o salto lhe dava poucos centímetros de altura.

Charlie a olhou e respirou fundo, passou a mão em seus cabelos e a encarou.

— Não irei desistir Emília! 

— Pois devia!

Ele caminhou para fora da loja e suspirou. Emília respirou fundo e parou de mexer nos papéis. Inúmeros sentimentos estavam se embolando em seu coração. Ela não estava suportando a ideia de ficar no mesmo ambiente que ele. Ainda podia sentir seu toque, sentir seu coração pulsando de alegria, seu estômago se embrulhando, seu corpo arrepiando-se.

Tudo parecia ter voltando com ainda mais força. Era como se o tempo não tivesse passado para seu coração. Como se tudo tivesse congelado. Um homem alto de cabelos castanhos limpou a garganta para chamar a atenção de Emília e ela saiu de seus devaneios, voltando ao trabalho.

Charlie ficara durante horas no lado de fora esperando. A jaqueta de couro preta que usava o protegeu do frio que começou a fazer quando a noite chegou. Era um dia de domingo, e certamente a loja deveria fechar mais cedo. Quase 20:00 e Emília estava preparando tudo para fechar. Ao caminhar pelo pequeno estacionamento ela foi pega de surpresa ao ouvir passos de sapatos de couro se aproximando. 

— Emília!

Ela olhou pra trás sentindo seu coração congelar, mas logo respirou fundo ao reconhecer o rosto no meio da escuridão que se formava no local. Mesmo no escuro, jamais deixaria de reconhecer aqueles olhos azuis tão brilhantes.

— O que quer Charlie? Não disse tudo o que precisava?

Perguntou ríspida olhando-o fixamente. Ela ainda estava de lado, e não estava disposta a encará-lo frente a frente.

— Aqui não tem como me expulsar.

Disse ele com um singelo sorriso formado no rosto. Um sorriso que Emília nem lembrava mais como era, só lembrava que fazia muita falta em sua vida monótona. 

— Ficou o tempo todo aqui?

Perguntou ela percebendo que ele não mudara de roupa desde a última vez que se viram. 

— Sim. Eu sei que está com raiva porque acha que te esqueci...

— Você me esqueceu!

Afirmou ela se virando completamente para olhá-lo.

— Sim e não! Pela amizade que um dia tivemos, deixe-me explicar, por favor?

Emília o encarava enquanto pensava. Ela adoraria uma resposta para suas perguntas. O porquê que ele não voltara para visitá-la. Se realmente havia se esquecido dela. E o que mudou em sua vida. 

— Tudo bem Charlie, vamos conversar.

Eles caminharam um pouco até chegar em um lago. Havia poucos na cidade, e quando criança era um dos locais preferidos dos dois. Ao sentar-se de frente para o lago, Charlie pôde perceber quantos momentos como esses faziam falta em sua vida. Ele olhava para as águas, que mostravam o reflexo da lua brilhante.

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