A Perda

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Charlie chegou em casa sorrindo, todo entusiasmado para contar os detalhes do almoço para sua mãe. Apesar de ter sido um pequeno desastre, ele tinha plantado sementinhas de duvidas na cabeça de Johnny e torcia para que a certeza não demorasse a vir. Ao entrar em casa, Patrick estava sentado no sofá, cabisbaixo. Ele havia pedido para o senhor cuidar de sua mãe enquanto ele estava fora, e que ajudasse a se preparar para o médico. Ele olhou para o senhor confuso.

— Charlie, eu sinto muito...

Ele se levantou lentamente e demorou a encarar os olhos do jovem.

— Sente o que Patrick? Do que você está falando?

— Sua mãe ela...

— Ela?

Charlie sentiu algo tomar conta de seu coração. Uma possibilidade que ele jamais pensou que existia. Ele segurou os ombros de Patrick e o balançou.

— Ela o que Patrick? Responde!

— Ela morreu!

Disse o homem atônito. As palavras saíram com mais rapidez do que ele desejava. Charlie sentiu suas pernas enfraquecerem e seu coração perder as batidas. Ele não podia acreditar no que acabara de ouvir. Sua mãe não estava morta, ela não podia estar. Ele caminhou até o quarto segurando as lágrimas e adentrou o lugar. Sua mãe estava deitada como se dormisse tranquilamente.

— Ela só está dormindo! Apenas dormindo...

Disse ele caminhando até a cama lentamente. Tentara de qualquer modo se desvencilhar da possível verdade. Ao se agachar ao lado da cama, ele tocou no rosto gélido de sua mãe. A dor pareceu espalhar por todo seu corpo com o toque. Não havia sinal de respiração. Ela realmente estava morta. Charlie ficou estático por um tempo, observando sua mãe deitada sobre a cama. Ele não podia acreditar no que seus olhos estavam vendo. Ele estava ansioso para lhe contar sobre o almoço, planejava ir ao médico e talvez levá-la para passear no lago. Isso não era possível!

Charlie se sentou no chão frio, sentindo as lágrimas rolarem pelo seu rosto. Ele acabara de recuperar a mãe. Não era justo! A dor rasgava seu peito, cortava cada pedaço de seu estômago, e possuía sua alma com força total.

Emília estava radiante diante da mudança de seu pai. Seus olhos brilhavam de emoção. Ela não conseguira acreditar no que estava acontecendo. Como Charlie havia feito seu pai mudar de ideia? Há quase 3 anos ela tenta e precisou apenas de um almoço pra que ele conseguisse alcançar o milagre.

— Fico muito feliz que tenha aceitado meu amor...

Jade ainda estava sentada no colo do marido, toda sorridente.

— Eu nem sei o que dizer papai! Preciso agradecer ao Charlie!

— Sim minha filha, vá falar com ele, e agradeça por mim também!

Jade não largava o pescoço do marido, que por sua vez constatou o que o jovem havia lhe dito, que a felicidade estampada no rosto das mulheres de sua vida o faria refletir sobre como tinha sido estúpido por não ter aceitado de imediato. Emília se abaixou e distribuiu vários beijos pelo rosto do pai, com uma alegria imensurável. Ela passou em seu quarto apenas para pegar a bolsa e saiu correndo de casa. Chamou um táxi e logo passou o endereço da mãe de Charlie, que ela jamais esquecera.

Ao chegar lá constatou algo estranho no ambiente. Após sair do carro e observar o veículo de Patrick ainda em frente a casa, viu também o de Charlie. Ela caminhou até a entrada e avistou a porta aberta, franzindo uma de suas sombrancelhas. Emília conseguia pressentir que algo não estava certo, respirou fundo se preparando. Ao adentrar o local, o senhor Patrick ainda estava sentado no sofá velho.

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