— E-E-Emília?
Charlie a olhou e sentiu como se uma banda de rock estivesse tocando dentro de seu estômago. Algo como uma faca congelante entrando em sua barriga lentamente. Ele engoliu em seco a observando e se aproximou para ajudar com os enlatados.
Emília ainda estava em choque quando Charlie começou a pegar os enlatados do chão. Ela piscou algumas vezes rapidamente e se abaixou para ajudá-lo. Após colocar tudo no lugar, os dois ficaram se entreolhando, até que se abraçaram fortemente.
— Que saudades...
Charlie sorria estonteante. O cheiro doce de Emília lhe fazia mais falta do que ele imaginara. Agora ele estava mais alto que ela e tinha mais força. Tivera de tomar cuidado na hora de abraçá-la ou acabaria sufocando a jovem.
Emília não acreditava que estava nos braços de seu grande amor depois de tanto tempo. Ela achara que ele havia esquecido dela. Aliás, ainda achava isso. Emília soltou-se e o empurrou antes de passar as mãos pelo cabelo.
— Você não cumpriu sua promessa! Esqueceu de mim!
Ela caminhou até o caixa da loja e respirou fundo, ainda tremendo tentava entender o coquetel de sentimentos que lhe possuía.
— Não foi bem assim Emília...
Charlie se aproximou e encostou-se no balcão para encará-la. Mesmo que ela estivesse brava, ele não conseguia para de sorri apenas por observá-la. Os cabelos castanhos estavam maiores e mais brilhantes. Os olhos traziam a mesma intensidade e beleza de antes ajudando a moldar o rosto feminino e belo com perfeição.
— O que te trouxe aqui Charlie? Tenho certeza de que não foi uma nova mercearia na cidade.
A voz de Emília estava alterada. Transparecia raiva. E apesar de que seu corpo estremecia por completo, Emília não demonstrou em nenhum momento o quanto a presença de Charlie lhe afetava.
— Minha mãe está doente e...
— Viu? Esqueceu-se de mim! Então pode fingir que nunca me encontrou aqui. Vai embora Charlie!
Os amigos de Charlie estavam a observar toda a cena, e assim que Emília percebeu a presença inoportuna dos rapazes saiu de trás do caixa e expulsou cada um de sua loja.
— Emília! Deixe-me explicar, por favor...
Ele pedira enquanto as mãos pequenas lhe empurravam pelo peitoral.
— Não quero suas explicações Charlie! Não me procure mais.
Ela fechou as portas da loja assim que conseguira tirá-lo de la.
Ao voltar para o caixa precisou sentar-se na cadeira de madeira e respirar muito fundo. Os nervos ainda estavam a flor da pele. Seu coração batia apressadamente, e os lábios estavam completamente secos.
Charlie respirou fundo e balançou a cabeça, passando a mão sobre os cabelos logo em seguida. Não podia acreditar que Emília tinha te expulsado desse jeito. Ele caminhou até o carro e adentrou o mesmo. Sorriu lembrando de tudo e ligou o veículo.
— Não irei desistir de você Emília, não mesmo!
Ao chegar em casa sua mãe ainda dormia. As compras já tinham sido colocadas no lugar. E tudo parecia tranquilo. Charlie aproveitou para tomar um banho gelado e deitou-se na cama ainda sentindo o perfume de Emília.
Um sorriso estava formado em seus lábios enquanto ele fechava os olhos lentamente. Ainda podia sentir o corpo quente de Emília junto ao seu. E já ansiava pelo dia que sentiria novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor de Infância
Short StoryTodos nós, em um determinado período, já tivemos um amor, algo que floresce no peito. Quando encontramos o primeiro amor, é inesquecível e como todo o amor de verdade, é inabalável. Assim foi a história de dois amigos na infância, que não entendiam...