Emília balançou a cabeça e tentou voltar a realidade. Suas pernas ainda tremiam quando ela deu o primeiro passo em direção a cama. Charlie vestia apenas um short preto, que deixava a mostra suas pernas finas e coxas grossas. Emília sentou na cama e observou o peito musculoso e com algumas tatuagens, nada que mudasse o jeito meigo e amoroso de Charlie. Ele a olhou e deu-lhe um sorriso singelo. Ela podia ver a dor transbordando em seus olhos, e essa era a pior hora para se sentir atraída por ele.
— Ficou linda, Emília.
— Não tente deixar isso mais constrangedor Charlie.
Emília virou o rosto na tentativa de esconder o leve rubor que tomou conta de suas bochechas.
— Digo apenas o que vejo.
Ela o olhou e soltou um suspiro profundo com sua resposta.
— Acho melhor irmos dormir.
Comentou Emília, torcendo para a atração sumir no instante em que ela deitasse na cama.
Ele a olhou e respirou fundo. Emília continha um poder sobre ele, que mesmo usando uma camisa grande e larga e um short extremamente folgado, conseguia ser a mulher mais sexy que já vira. Ainda mexia com seus instintos mais primitivos, mesmo que não fosse o momento adequado, mesmo que a dor ainda habitasse veemente seu peito e fizesse sua cabeça martelar.
— É, teremos um longo dia amanhã.
Charlie articulou enquanto se levantava. Ele caminhou até seu quarto e respirou fundo, sentou sobre sua cama e observou suas mãos cruzadas diante de ti. Emília acomodou-se ao seu lado e acariciou um dos ombros largos de Charlie, o que acabou causando mais borboletas em seu estômago do que pudera imaginar. De repente sua respiração começou a ficar densa, como se a simples imagem de Charlie sobre seu corpo lhe causasse um prazer inexplicável e jamais sentido. Ela retirou a mão e se deitou no canto da cama. Charlie franziu levemente a testa e olhou, confuso pelo que acabara de presenciar.
— Emília? Aconteceu algo?
— Não, está tudo bem.
— Tem certeza?
Insistiu ele olhando-a virar-se para a parede, enquanto puxava o lençol para cobrir seu corpo.
— Sim, boa noite.
Emília não achava possível que o sentimento por Charlie voltasse, ainda mais com tanta força e intensidade. Ela imaginava que esse sentimento jamais seria correspondido, e sentia como se estivesse traindo a confiança que ele depositara nela.
Charlie apenas a observou e ficou quieto, olhando suas mãos pensativo. O dia tinha sido longo demais para quem estava restabelecendo sua vida. Por mais que quisesse não podia culpar seu pai por não ter vindo visitar sua mãe, pois no momento em que ficou maior de idade e ganhando seu próprio dinheiro poderia ter vindo. Ele tinha plena consciência disso, e lhe doía na alma só de pensar os momentos incríveis que perdeu ao lado da mãe, e como poderia ter evitado sua morte com a atenção necessária.
Ele deitou-se na cama e respirou fundo, fechando os olhos e tentando se concentrar no sono que não vinha. Apenas quando Emília começou a afagar seus cabelos ele conseguira dormir. Era como se o genuíno toque de Emília trouxesse uma sensação de paz e tranquilidade. Como se nada além dela importasse.
O dia amanheceu nublado, mas Charlie não demorou a acordar assim que seu horário habitual chegara. Ele levantou e observou o clima através da janela. O destino parecia ter tudo reservado em suas mãos, e nada poderia impedir o que viria.
Quando Emília acordou, foi fora de seu horário normal, o que de certo modo foi um grande alívio. Charlie já estava vestido com um belíssimo terno cinza e uma gravata preta, e tomava café na pequena mesa da cozinha que ele mesmo havia preparado.
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Amor de Infância
Short StoryTodos nós, em um determinado período, já tivemos um amor, algo que floresce no peito. Quando encontramos o primeiro amor, é inesquecível e como todo o amor de verdade, é inabalável. Assim foi a história de dois amigos na infância, que não entendiam...