— Quer dançar?
— Aqui? Sem música?
Perguntou ela olhando em volta, vendo que não havia ninguém, e que o silêncio tomava conta de boa parte da rua.
— Sim, e a música não é um problema.
— Bom, faz muito tempo que não danço e...
— Relaxa Emília, você sempre foi ótima dançarina.
Emília na verdade estava tentando escapar de ficar tão próxima dele de novo. Ela temia por não consegui se controlar dessa vez. Charlie pegou o celular e colocou na música "Without you", deixou no bolso e se posicionou, apenas aguardando Emília. A música tinha um significado especial para Charlie, pois ele não imaginava sua vida sem Emília.
Ela sorriu balançando a cabeça e segurou a mão de Charlie, começando a dançar conforme a música. Os passos começaram um pouco lentos, e foram aumentando o ritmo conforme a música. A cada giro, a cada aproximação, Emília sentia seu coração acelerar. Com uma mão na cintura de Emília e outra segurando-a no ar, como se dançassem uma música clássica, Charlie a conduziu numa velocidade impressionante, e com passos perfeitamente sincronizados, como se eles tivessem ensaiado meses, ou como se as vezes que dançaram quando crianças jamais tivessem saído de suas memórias. Antes mesmo da música terminar, uma chuva intensa se iniciou.
Emília rapidamente se moveu para tentar um abrigo perante a chuva, mas Charlie a impediu segurando sua mão. Ela o olhou sentindo um frio congelante se apossar de seu estômago, assim como as batidas descompensadas de seu coração.
Charlie encarava a imensidão nos olhos marrons enquanto as gotas de chuva o separavam. Ele a puxou até seu corpo, e fixou os olhos nos dela. As mãos de Emília foram parar automaticamente no peito de Charlie, e seu coração estava prestes a entrar em colapso de tão forte que batia.
A cada segundo que passava, Charlie sentia um novo tremor percorrer seu corpo, enquanto ele tomava coragem para fazer o que tanto desejava. Um sorriso singelo formou-se em seus lábios segundos antes dele avançar contra os de Emília, fazendo uma corrente elétrica passear livremente pelo seu corpo com o simples toque dos lábios doces nos seus.
Emília sentiu o estômago embrulhar após reconhecer o gosto dos lábios macios e carnudos de Charlie. Ela obteve uma sensação maravilhosa que parecia eletrizar todo seu corpo. Uma chama ardente percorria dentro de si, e de um modo automático, ela colocou uma das mãos no rosto macio, sentindo os leves fios da barba espetarem-lhe. O gosto doce dos lábios de Emília semelhante ao morango fez com que Charlie jamais quisesse se afastar. Ele colocou o braço em volta da cintura de Emília e apertou-a contra seu corpo, para que assim como suas bocas, os corpos virassem um só com pura sintonia.
Ninguém imagina como será o primeiro beijo com o amor da sua vida, e muito menos que ele será tão romântico quanto os que vemos em filmes. Onde o homem a encara apaixonadamente e a beija no meio de uma praça, sentindo os corpos molhados pela chuva se fundirem de tanta intensidade e desejo. Emília sempre sonhou em sentir o corpo de Charlie tão próximo quanto agora. Ela podia sentir a intimidade masculina tocando-lhe através das vestimentas que os separavam. Ela parecia estremecer de tanto desejo, e mal podia acreditar no que estava acontecendo.
Ao sentir o fôlego indo embora, se afastou relutante dos braços dele, e o encarou. Por que ele a tinha beijado? Feito toda essa cena para isso? Emília não conseguia acreditar que Charlie nutria algum sentimento verdadeiro por ela além da amizade. A única explicação era que ele estava tentando diminuir sua dor nos braços de uma mulher. E como encontrou apenas Emília, resolveu brincar com seus sentimentos. Era essa a conclusão final de Emília depois do beijo.
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Amor de Infância
Kısa HikayeTodos nós, em um determinado período, já tivemos um amor, algo que floresce no peito. Quando encontramos o primeiro amor, é inesquecível e como todo o amor de verdade, é inabalável. Assim foi a história de dois amigos na infância, que não entendiam...