Acordei por volta de onze horas da manhã, estirado no chão, com um corpo em cima de mim.
Comecei a resmungar e me mexer, até que a pessoa saiu e eu pude sentar e esfregar meus olhos. Quando eu abri, vi a cena mais engraçada da minha vida.
Brendon estava aconchegado em uma bola, embaixo da mesinha de café, Frank e Gerard estavam abraçados dormindo na poltrona, Mikey estava no pé da poltrona, Josh estava deitado no colo do Tyler que dormia sentado, Dallon estava jogado em cima da mesinha de barriga pra cima, Joe estava acordando depois de eu ter tirado ele de cima de mim, e Andy não estava no meu campo de visão.
Levantei do chão e cambaleei até a cozinha, e comecei a preparar café. Ouvi passos se aproximarem, e depois Joe apareceu na porta.
"Cara"- ele estava acabado-"Eu não tenho mais idade pra isso"- comentou, me fazendo rir.
"Acho que nenhum de nós"- abri o armário e peguei um analgésico pra mim e um pra ele.
"Da próxima vez podemos te tirar da depressão ficando em casa vendo filme"- engoliu seco o comprimido, o que me deu agonia-"Como você tá?"- perguntou me olhando nos olhos, com uma expressão que me dizia que ele não estava se referindo a ressaca.
"Eu sinto falta dele"- confessei, e era verdade. Não tinha nada que se comparasse a dor que a saudade causava. Toda manhã quando eu acordava, tudo o que via era que ele não estava do meu lado na cama. Toda vez que chegava em casa do trabalho, só via que ele não estava lá me esperando.
"Ele também sente sua falta, sabe?"- me contou, e meu coração se acendeu com um pingo de esperança, que logo minha cabeça apagou.
"Joe, eu sei que isso tem sido um saco pra você e pros caras"- comecei-"Mas, eu não posso ficar em uma relação sabendo que não vai pra frente"- ele concordou com a cabeça, e demos o assunto por encerrado.
Separei as canecas pra quando os outros acordassem, só precisariam encher com café. Os analgésicos também estavam no balcão da cozinha, de fácil acesso.
Enquanto eu e Joe estávamos conversando, ouvimos um barulho alto de pancada vir da sala, e um grito de dor em seguida. Corremos pra ver o que era depois de trocar olhares confusos.
Chegando na sala, Brendon estava com a mão na cabeça resmungando, Dallon tinha levantado da mesa onde dormia assustado, e o resto do pessoal estava divido, uns riam e outros reviravam os olhos.
"Caralho"- Frank enfiou a cabeça de baixo da mesa e começou a rir-"Ele rachou o vidro"-
Dallon se abaixou pra examinar melhor, e junto com o resto de nós, gargalhou alto. Com exceção do Brendon, que ainda se contorcia de dor no chão.
"Vão se fuder"- xingou, o que me fez rir mais ainda.
Ressaca já não é fácil por natureza, você tem dores de cabeça forte e um incômodo enorme. Agora, imaginem que você é Brendon Urie, uma pessoa que normalmente não pega leve na dosagem de bebida. E, pra manhã seguinte ser ainda mais agradável, você bate a cabeça numa mesa de vidro tão forte, que quebra a mesa.
"Você tem um puta cabeção ein"- Frank brincou, fazendo com que Brendon ficasse com uma cara de puto da vida com ele. Isso fez a sala inteira cair na gargalhada, mesmo com toda a dor de cabeça que estavam sentindo.
"A testa dele é um amortecedor"- ouvi Joe dizer em meio a risos, e os outros o acompanharam.
"Calem a boca"- Brendon tornou a reclamar, agora com uma expressão triste, fazendo a única pessoa sensível a ela se derreter.
"Parem"- Dallon se manifestou-"Meu gatinho ainda tem seis vidas"- ajudou ele a levantar e o puxou pra um abraço, houve um coro de 'own' até que eles se soltaram.
O momento foi interrompido pelo meu celular tocando no volume máximo em cima da prateleira, ao lado de um porta retrato que continha uma foto minha e do Patrick, algo que eu não consegui me desfazer. Ironicamente, ao ver a tela, o identificador de chamadas dizia "TRICK 💛".
Eu olhei inseguro para todo mundo na sala, Brendon agora estava do meu lado com uma mão no meu ombro e mandando eu atender com um gesto.
"Alô?"- atendi. A atenção estava toda em mim, por mais que os caras tentassem disfarçar, era óbvio.
"Pete, oi"- ouvi aquela voz doce soar do meu telefone, e o agarrei mais forte, como se fosse sumir se não o fizesse. Meus olhos se fecharam, e eu franzi meu cenho, sentindo mais uma vez a dor-"Eu só queria saber se você está livre hoje à noite, queria conversar"- anunciou, e eu congelei.
Minhas mãos já tremiam, e eu me virei para meu melhor amigo, que me encarava confuso.
"Só um segundo"- tampei o microfone-"B, ele quer sair hoje pra conversar. O que eu faço?"- perguntei desesperado.
"Você quer ir?"- me perguntou.
É claro que eu queria, só por que eu me separei dele não quer dizer que eu não o ame, ou que eu não queira mais vê-lo. Eu só temo que seja muito doloroso.
"Acho que sim"- respondi e ele assentiu, respirei fundo antes de colocar o telefone no ouvido de novo-"Eu tava confirmando com o Brendon se não íamos fazer nada"- disse e eu ouvi ele concordar do outro lado da linha.
"Podemos ir naquele restaurante que você adora, te pego as 8?"- perguntou e eu assenti, o estômago ainda se doendo de ansiedade-"Ótimo, até depois"-
"Até"-
Depois que ele desligou, vi que todos olhavam para mim com aquele olhar piedoso. Como se eu precisasse, e isso me deixou um pouco mais nervoso.
"Ele quer conversar"- esclareci pra todos-"Vamos sair hoje"-
Os caras se entreolharam, como se estivesse decidindo se aquilo era ou não uma boa ideia, e isso durou alguns segundos até que Frank falou algo.
"Só não se esqueça do porquê vocês escolheram terminar"- ele disse pra mim, abaixei o olhar-"A menos que ele ofereça algo que condiz com o que você quer pra sua vida... não se torture mais"-
Brendon me deu um abraço de lado e me chacoalhou, o que me fez levantar o olhar e sorrir um pouco.
"Não faça as coisas serem mais difíceis do que já são"- Brendon me disse e eu assenti.
Seria difícil ver Patrick e não agir como o namorado dele, mas já está na hora de eu agir como um adulto e entender que tudo isso acabou.
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Down The Hill
Художественная прозаNós éramos tudo que todos queriam. Nós tínhamos toda a intimidade. Nós tínhamos todo o carinho. Nós tínhamos todo o amor. Mas, tudo foi ladeira abaixo.