Entrei dentro de casa, fechei a porta e sentei no sofá. Encarei a parede branca, e as lágrimas que eu tanto segurei finalmente escorreram pelas minhas bochechas.
Meu coração ainda batia acelerada e dolorosamente, enquanto eu soluçava. No momento, era só isso que eu queria fazer. Chorar a tristeza para fora do meu corpo até as lágrimas se esgotarem, e só restar aquele aperto no peito com uma remota sensação de alívio.
Ele foi embora, eu disse pra ele ir.
Fiz o possível pra não ceder, e me lembrar do por que estávamos nessa situação.
Patrick não queria o mesmo que eu, e não faria sentido ficar com alguém com objetivos diferentes. Isso era algo que eu teria que repetir na minha cabeça muitas vezes até entrar, até a vontade de voltar pra ele diminuir.
Estava ocupado demais pra notar mais cedo que a luz do meu quarto estava acesa, e que a porta estava aberta. E quando isso veio a minha atenção, meu coração apertou por outro motivo.
Andei silenciosamente pelo corredor, até chegar no quarto. A respiração pesada, suor correndo pelo meu rosto, os batimentos acelerados.
Com certeza a última coisa que eu precisava agora era alguém invadindo a minha casa, como se a minha vida já não fosse fodida o suficiente.
Chegando na porta, alívio percorre o meu corpo ao ver que Brendon estava deitado na minha cama cochilando. Depois de acalmar meu coração acelerado, me aproximo e me sento ao lado dele.
Ele não se mexe, está completamente apagado. Acabei sorrindo ao notar que, ele realmente veio checar pra ver como eu estaria após a saída com o Patrick.
Eu o cobri com o edredom, e deixei o quarto, levando uma manta e um travesseiro pra sala, onde acabei dormindo no sofá.
O sono foi pesado, e desconfortável. Eu suava, e não conseguia me mover. A imagem do Patrick me perseguia nos sonhos e eu tentava lutar contra. Comecei a resmungar, mas não conseguia abrir a boca pra gritar.
De repente, os lábios do Patrick tocaram os meus, e tudo parou. Foi como se uma grande tempestade cessasse em um milésimo de segundo. A calmaria havia chegado, e nós nos beijávamos apaixonadamente. Era tão bom senti-lo novamente, era tão certo e tão perfeito. Nada mais importava, pois estávamos juntos.
Infelizmente, era apenas um sonho.
Meus olhos se abriram, e eu me vi ensopado em suor. Então me levantando para ir ao banheiro, tomar um banho rápido pra me arrumar pro trabalho.
Estranhei ao ver que Brendon não estava mais na cama quando entrei na suíte, mas não pensei muito sobre. É algo que eu não faço antes do primeiro café.
Abri a porta do banheiro, me deparando com meu melhor amigo saindo do chuveiro com uma toalha presa na cintura.
Desviei o olhar imediatamente, e encarei a pia. Eu devo ter ficado mais vermelho que um pimentão, e Brendon começou a rir da minha reação.
"Desculpa"- disse pra ele, mas o mesmo deu de ombros.
Antes que trocássemos mais algumas palavras, ele passou por mim e voltou para o meu quarto.
"Voce não parece muito bem"- ele comentou, as sobrancelhas arqueando demonstrando preocupação.
"Tive um pesadelo"- esclareci, sem dar mais detalhes. Antes que ele pense que sonhei com a porra de um Jason me perseguindo com uma cerra elétrica, do que com meu ex namorando me beijando.
"Não foi com o Patrick, certo?!"- mas, eu esqueci que estava falando com Brendon Urie, meu melhor amigo desde o ensino médio. Quando eu não respondi, ele teve certeza-"Desculpa por ter dormido ontem, eu devia ter te esperado"- eu suspirei, e me sentei ao lado dele na minha cama.
"Ele quer voltar"- enterrei minha cabeça nas minhas mãos, segurei o choro e esperei a reação do Brendon.
"Você quer?"- me perguntou e eu concordei, era o que eu mais queria-"Você disse isso pra ele?"- neguei.
A dor no peito se intensificou, era o meu coração se contorcendo. Se doendo por que o que ele mais amava, estava sendo forçado pra fora.
"Eu não posso, B"- o encarei com os olhos marejados-"E isso parte o meu coração"-
Brendon me abraçou, e eu chorei em seus braços. O desespero e a ansiedade vindo à tona, me deixando ainda mais vulnerável.
"Você precisa superar isso de uma forma ou de outra, Pete"- me disse, enquanto acariciava os fios do meu cabelo.
Eu já não via outra saída, e aposto que o meu melhor amigo já pensava o mesmo.
"Ir embora"- dissemos juntos, e eu respirei fundo.
Era isso.
E com o coração partido e alma vazia, comecei a fazer as malas.
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Down The Hill
General FictionNós éramos tudo que todos queriam. Nós tínhamos toda a intimidade. Nós tínhamos todo o carinho. Nós tínhamos todo o amor. Mas, tudo foi ladeira abaixo.