Capítulo 1 - Eu odeio o meu nome

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Barulho de despertador tocando.

Acordei com minha mãe gritando:

— Acordem!!! Acordem!!! Estamos atrasadas!!!

Ano de 1997. Eu acabara de completar 10 anos. Morávamos próximo ao Centro da cidade, nós quatro: meus pais, minha irmã mais velha e eu. Eu estudava em um colégio próximo, ainda assim, minha mãe nos levava de carro todos os dias. 

— Estão prontas? - gritou minha mãe já com a porta aberta nos esperando.

— Calma mãe, ainda falta meia hora. - respondeu minha irmã colocando sua mochila nas costas e saindo em direção as escadas do corredor.

Eu ainda estava no banheiro olhando fixadamente para o espelho querendo voltar correndo para a minha cama e dormir. Eu não gostava do que via. Abri a porta e trombei com minha mãe:

— Não tá me ouvindo não menina? Vamos, estamos atrasadas!!!

— Estou indo mãe, estou indo...cadê meu tênis? - perguntei olhando de baixo da cama.

— Você ainda não colocou nem o tênis Julieta?

— Achei!!! - sentei na beira da cama, calcei os tênis e corri em direção a porta.

A rua co colégio ficava uma loucura de manhã cedo. Vários pais levando seus filhos, vários alunos atravessando a rua, vários carros parados, uma enorme confusão. 

— Vou deixar vocês ali na esquina, desçam rapidinho. - disse minha mãe encostando o carro meio-fio – Jeniffer, cuide da sua irmã na volta. Até depois, amo vocês.

Ao descermos do carro, minha irmã encontrou suas amigas e eu continuei caminhando em direção ao portão de entrada do colégio. Parei para procurar minha carteirinha e sem querer derrubei minha lancheira no chão, fazendo minha garrafinha de suco quebrar e espalhar suco para todos os lados. 

—Droga! - disse brava para mim mesma.

Abaixei para pegar a lancheira e a garrafa quebrada, quando me deparei com um grupinho de meninas olhando para mim e rindo da minha cara. 

— Ela é muito tonta. Nem com esses óculos ridículos ela consegue enxergar por onde anda.

Eu ficava extremamente irritada e chateada, me sentia uma idiota, além de feia com meus cabelos escorridos, meus aparelhos nos dentes e meu óculos de grau, além de ter o nome mais esquisito de todo o colégio. 

Continuei caminhando até a minha sala de aula. Quando entrei, percebi algumas pessoas me encarando, outras rindo, quando Ana, minha única amiga do colégio, se aproximou e disse:

— O que aconteceu? Porque sua blusa está toda suja?

Eu não tinha reparado, mas eu estava com o uniforme cheio de pingos de suco de uva que haviam se espalhado quando minha garrafinha se partiu no chão ao derrubar a lancheira. 

— Não tinha visto. Que droga. Agora vou ter que ficar assim até o fim da aula. - respondi num tom de voz chateado.

— Não dá nada. Venha, quero te mostrar uma coisa.

Ana me puxou pela mão até sua carteira na sala de aula. Abriu sua mochila, procurou por algo dentro dela e tirou um CD:

— Olha o que eu ganhei da minha mãe ontem!

— O que é isso? - perguntei não muito animada e ainda olhando para meu uniforme todo sujo.

— É um CD...dããã!

Be my JulietOnde histórias criam vida. Descubra agora