Be my Juliet

Capítulo 2 - Evento em Oklahoma

Barulho de despertador tocando.

Abri meus olhos e o sol entrava por uma fresta aberta da cortina. Percebi que eu estava sonhando. Sentia cheiro de ovos, bacon e café invadindo meu quarto naquela manhã. Olhei para o lado e vi roupas jogadas pelo chão. Ergui meu corpo e percebi que estava nua, apenas com o lençol cobrindo o meu corpo. Levantei com um pouco de dor de cabeça, vesti uma camiseta que estava em cima da poltrona e andei até a cozinha. Ele estava lá, apenas com uma calça de moletom velha.

— Ju? É você? - perguntou ele.

— Se não fosse eu, quem mais poderia ser? - respondi com um meio sorriso.

Abracei ele por trás. Coloquei minhas mãos em seu peito e senti seu coração bater. Thomas e eu estávamos juntos há 4 anos. Havíamos nos conhecido na faculdade de Publicidade e Propaganda, nos formamos juntos e ele havia me pedido em casamento no dia do nosso baile de formatura há 2 anos.

— Seu café da manhã está pronto, espero que goste – disse ele colocando o prato na mesa e servindo o meu copo com suco de laranja.

— Você não vai tomar café da manhã comigo? - perguntei a ele.

— Ju, preciso ir. Tenho uma sessão de fotos daqui 30 minutos.

— 30 minutos? Então corre, vai se atrasar!

Thomas terminou de tomar sua xícara de café, me deu um beijo na testa e andou em direção ao quarto para se arrumar e sair. Eu fiquei sentada no banco da cozinha comendo o que ele havia preparado para mim, tentando me lembrar da noite anterior. Nós havíamos ido a uma festa da agência que Thomas trabalhava, e como sempre, eu havia bebido um pouco além do que estava acostumada a beber.

Fui para o quarto pegar um comprimido para dor de cabeça. Thomas estava tomando banho. Sentei na beira da cama para procurar o remédio dentro da gaveta do criado-mudo, quando o telefone de Thomas vibrou. Eu não tinha o costume de mexer nas coisas dele, mas não pude deixar de ler que a mensagem que ele havia recebido, estava escrito: "vem logo, estou com saudades". Eu não deveria ter lido aquilo, eu sabia que pelo resto do dia eu ficaria pensando quem poderia escrever aquilo para o meu noivo.

Thomas saiu do banho completamente nu. Olhou para mim com um olhar sacana, um sorriso safado e entrou no closet.

— Você não vai trabalhar hoje não? - me perguntou.

— Claro que vou. Estou só pensando em que roupa vou colocar porque não sinto se está frio ou se está calor. - respondi levantando da cama e tirando a camiseta.

Entrei no banheiro pensativa. Passei a mão no espelho embaçado para olhar o meu reflexo. Liguei o chuveiro e senti Thomas encostar seu corpo por trás do meu aproximando seus lábios do meu pescoço.

— Você está bem? - me perguntou colocando meu cabelo para o lado e me abraçando pela minha cintura.

— Estou sim. Lembrei que tive um sonho estranho. - respondi virando de frente para ele.

— Sonho estranho? Que tipo de sonho Ju?

— Sonhei com o colégio que eu estudava quando eu era criança, sonhei que derrubava minha lancheira no chão e minha roupa ficava toda suja de suco de uva, e a Ana estava no sonho, a Jenny e minha mãe também...e o Hanson...

— Quem? - Thomas me perguntou fazendo uma cara de dúvida.

— Hanson. Você não conhece, é uma banda que eu gostava quando eu tinha uns 10 anos. Nem existem mais.

— Hahaha, eu sei quem são. Umas bichonas que tinham cabelo comprido e cantavam umas músicas chatas a beça.

— Eles não são bichonas. - respondi com cara feia - Vai, me deixa tomar banho.

Entrei de baixo do chuveiro e deixei a água escorrer pelo meu corpo. Thomas deu um grito lá do quarto dando tchau e eu não respondi. Minha mente estava tomada por aquela mensagem que ele havia recebido. Eu estava tão incomodada que não vi o tempo passar e quando dei por mim, já estava atrasada para o trabalho.

Cheguei na agência de eventos onde eu trabalhava, tentei não chamar atenção para que não percebessem que eu estava atrasada. Ao entrar na minha sala, dei de cara com a minha chefe:

— Maria! Que susto!

— Susto? Eu é quem deveria estar assustada com o seu atraso de 1 hora Julieta! - Maria disse olhando seriamente para mim.

— Maria desculpa, eu...

Ela me interrompeu:

— Acabo de fechar um contrato para realizar um novo evento. Vou precisar de você.

— Claro! Onde será realizado este evento?

— Em Oklahoma, em uma cidade chamada Tulsa, conhece?

—Tulsa? Já ouvi falar...

— Perfeito! Você embarca amanhã às 14:00.

— AMANHÃ?

Maria estava completamente louca. Como assim eu embarcaria de um dia para o outro sem ter conhecimento nenhum sobre o tal evento em Oklahoma? Esta notícia foi algo a mais para me deixar preocupada com aquela mensagem no celular de Thomas, como eu ficaria tranquila em outro país sabendo que meu noivo poderia estar me traindo?

Fiquei esperando Maria me chamar para conversarmos sobre o evento, mas para a minha surpresa, ao retornar do almoço, ela havia deixado um envelope em cima da minha mesa, com as passagens e com uma quantia grande em dólares. Junto havia um bilhete com o endereço do hotel informando que a reserva da hospedagem já havia sido confirmada e ao chegar eu deveria procurar por Rebecca.