Caminhava em passos apressados para chegar em casa. Parada em frente ao prédio onde eu e Thomas morávamos, um sentimento de alívio invadiu minha alma me fazendo lembrar que no dia seguinte, naquele mesmo horário, eu estaria em outro país. Eu não tinha nada a perder com aquela viagem.
Abri a porta, ascendi a luz do abajur, tirei meus sapatos e senti um vento entrando por uma fresta da janela que estava aberta e balançava as cortinas. Olhei ao meu redor, minha casa, minhas fotos com Thomas, os móveis que havíamos escolhido juntos, o sofá que estávamos acostumados a passar horas deitados assistindo filmes nos finais de semana. Senti uma angústia em meu coração. Quanto tempo perdido, desde quando será que eu estava sendo traída, desde quando Thomas chegava em casa tarde dizendo que estava cansado do trabalho, quando na verdade ele estava com outra?
Depois de tudo o que passamos juntos, Thomas havia me decepcionado como homem e como a pessoa que eu acreditava que ele fosse. Sempre tão correto, tão amável, tão carinhoso, tão amigo. Onde eu havia errado? Porque ele havia feito isto comigo? Que tola, que burra, que cega que eu fui. Chorei mais um pouco, chorei de tristeza, chorei de dor, chorei de raiva. E foi então, que a raiva me fortaleceu.
Fui até o closet e peguei a maior mala de viagens que tinha ali. Fiz minhas malas parecendo que nunca mais ia retornar para casa, o que na verdade era a minha vontade naquele momento. Por um instante pensei: imagina se eu conheço alguém e me apaixono? Eu ri. Refleti por um momento que então deveria aproveitar cada minuto da oportunidade que estava recebendo. Fui dormir pensando em como seria Tulsa e de repente lembrei que eu não sabia nada sobre o evento.
Acordei com uma mensagem chegando em meu celular, era Maria.
"Maria 05:27 - Não vá se atrasar. Me avise quando chegar. Boa viagem."
Enquanto eu lia a mensagem de Maria, Thomas também mandava uma mensagem.
"Thomas 05:28 - Ju, vamos conversar, por favor!"
Foi então que vi 38 chamadas não atendidas durante aquela madrugada. Não sei o que Thomas pensava que estava fazendo, mas certamente acreditava eu cederia aos seus encantos e logo estaria tudo bem, como se nada tivesse acontecido.
"Julieta 05:32 - Thomas, estou indo viajar. Não sei quando volto."
Dois minutos após responder sua mensagem, ele ligou. Não atendi. E foi assim durante todo o meu trajeto até o aeroporto. Eu me mantinha firme em não atender, e confesso ter ficado com receio que ele fosse até o aeroporto pra me impedir de ir. Não aconteceu, ainda bem!
Horas de viagem, eu já estava cansada, impaciente, mas graças a Deus cheguei.
Peguei um táxi para ir até o hotel. Tulsa era uma cidade grande, com uma enorme estrutura, movimentada, aparentemente agradável, no trajeto até o hotel percebi que haviam muitos parques urbanos por ali, passamos até na frente de um píer de pesca. Mais a frente vi um enorme jardim com flores cor-de-rosa, muitas flores.
- Uau! Que lugar lindo! (eu disse em português)
- O que disse senhora? - perguntou o taxista (em inglês, obviamente)
- Ah, desculpe. Eu disse que lugar lindo este.
- Gilcrease Museum. - ele respondeu me olhando pelo retrovisor do carro.
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Be my Juliet
RastgeleJuliet acabou de romper seu noivado e decide ir embora do país após receber uma proposta para realizar um dos maiores eventos na cidade de Tulsa em Oklahoma. Lá ela conhece Zachary, que também enfrenta problemas em seu casamento. Os dois se apaixon...