Não diz que era "diferente". É uma palavra simples e que não diz muito, mas que faz estripulias no meu juízo. Você pode até não comparar os amores, mas inevitavelmente vai acabar comparando as flores. Vai se lembrar dos tipos de beijos, abraços e sorrisos e vai saber qual era mais intenso.
Talvez seja idiota pensar nisso. Por diversos motivos, claro. O primeiro – e, com razão, anterior a todos os outros – é que você está comigo. Não tenho porque ficar tentando adivinhar e procurando saber como foram seus relacionamentos anterio- res. Se eles não estão contigo, problema deles, certo? Eu que trate de te manter por aqui.
O segundo é que, pensando no passado, perdemos o foco no presente e as oportunidades de viver momentos marcantes. Até mesmo os mais simples, que passam todos os dias despercebidos. A tempo gasto discutindo o que não faz mais diferença é desperdício. É trazer à tona o que pode ficar lá quietinho.
Mas, aí, quando eu insisto em saber, você vem com aquele discurso de que era "diferente". Quero que você entenda como funciona na minha cabeça: era algo tão indescritível que nem ao menos é possível comparar. Era tão, tão, tão... diferente.
Entende?
Eu sei que as pessoas não são iguais; pode ser maldoso colocá-las lado a lado e dizer o que existia de melhor ou pior em cada relacionamento.
O problema é o meu ciúme. Sei o tamanho da besteira que é fazer comparações, mas, no fundo, não consigo aceitar. E sei também que não sou o melhor em muitas coisas que já aconteceram na sua vida, mas eu confesso que queria esse rótulo.
O que acontece é que, na minha necessidade de verbalizar os fatos, queria ser eu "o" diferente. O que te faz rir e viver mais. O que te faz feliz.
[ Gustavo Lacombe ]
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Destino, Acaso ou Algo Mais Forte (2014)
Short StoryLivro lançado em 2014 pela Verve, Rio de Janeiro, reúne cerca de 70 crônicas do escritor carioca Gustavo Lacombe, que já está em sua quarta obra. Falando de Amor, relacionamento, sexo, amizade e outras coisas que permeiam as relações de qualquer pes...