Todos os dias, a cada instante, as situações mais bizarras e improváveis acontecem com uma frequência assustadoramente real. Então, por que, num mundo onde tantas coisas novas sur- gem e tantos momentos se tornam especiais, ainda nos apegamos ao passado, à saudade e a outras coisas que poderiam ser deixadas de lado?
A resposta – vou dar apenas a minha, já que cada um tem a própria – é que alguns sentimentos são tão fortes que não queremos deixá-los ir sem ter perspectiva de vivê-los de novo. Talvez aí resida a covardia de não saber colocar pontos finais.
Máquinas do tempo existem. Elas se chamam músicas, álbuns de retratos, piscar de olhos ou qualquer outro meio que faça a cabeça voar até o exato momento em que tudo aconteceu. Quando dois caminhos se apresentam, um desconhecido e outro na esperança de ter de volta algo bom, é claro que já haverá uma preferência.
Por isso, é preciso muito mais que coragem para enterrar um passado, sabendo que ele vai se revirar algumas vezes e dar um jeito de reaparecer. É necessário mais que força de vontade para passar por cima do que foi bom e se lançar em algo que talvez seja melhor. A possibilidade é o que atormenta. A previsão. E se falhar? E se, em vez de sol, tivermos chuva?
Por outro lado, e se o tempo estiver bom? O que você fará com o presente que se apresentar? Vai esperar nublar para poder reclamar ou vai colocar um sorriso no rosto e deixar a luz refletir? Nada precisa acabar para que algo novo comece. Um dia de sol seguido por outro dia de sol deve ser aproveitado do mesmo jeito. Ainda que tenha existido a escuridão de uma noite entre eles.
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Destino, Acaso ou Algo Mais Forte (2014)
Short StoryLivro lançado em 2014 pela Verve, Rio de Janeiro, reúne cerca de 70 crônicas do escritor carioca Gustavo Lacombe, que já está em sua quarta obra. Falando de Amor, relacionamento, sexo, amizade e outras coisas que permeiam as relações de qualquer pes...