MADELEINA
A noite anterior não acabou muito bem. Depois do jantar desastrosos, pelo que fiquei sabendo, Belledisse ficou enfurecida. Sua magia negra poluía o ar. Ela nos deixava melancólica e ao mesmo tempo, irritada. Não sei especificamente o que aconteceu para que todas ficassem dessa maneira. Pelo visto, foi algo horrível.
— Desculpe-nos — pediu Belledisse, antes de tirar o roupão negro e ficar completamente nua. Benedy e as outras fizeram o mesmo. Analisei as marcas de sua magia rasgando sua pele, como se fosse veias negras marcando seu corpo. Não era algo bonito de se ver. Eu não quero ficar desse jeito.
Fiquei de joelhos, perto da banheira embutida no chão de pedra. A água cheirava a rosas e a perfume.
— Não queríamos que vocês sentissem essa energia ruim. — continuou ela, entrando na banheira. Vi seu corpo afundando na água quente e seus cabelos longos e volumosos ficarem molhados e colados ao pescoço fino. Sua cabeça ficou a centímetros dos meus joelhos. — Por favor, nos purifique com sua magia divina — sussurrou, fechando os olhos.
Olhei para Marie, ajoelhada ao meu lado. Ela mergulhou seus dedos nos cabelos molhados de Benedy e depois, depositou seus dedos nas temponas; testa; pálpebra e bochecha. Marie fechou os olhos assim que uma luz, pequena e branca, começou a surgir nas pontas dos seus dedos.
Voltei a encarar Belledisse deitada a minha frente. Ela esperava pacientemente que eu começasse o ritual. Lentamente, levei meus dedos ao seu rosto. Sussurrei, pedindo forças a Deusa, para que eu suportasse aquele momento. Assim que a luz branca começou a brilhar nas pontas dos meus dedos. Um dor horrível atravessou o meu peito. Senti minha magia sendo sugada, arrancada de dentro de mim. Mordi o lábio com força, para não gritar assim que a magia negra de Belledisse me invadiu. Preenchendo o lugar vazio. Consumindo-me. Destruindo-me aos poucos.
Não sei quanto tempo passei naquele ritual. Fiquei esgotada quando terminei. Belledisse continuaria desacordada pelo resto da tarde. Levantei com as pernas bambas e olhei ao redor. Todas já havia se retirado para o banho e o descanso. O lugar iluminado e o cheiro forte de incenso me deixavam desorientada. Segui com dificuldades para longe daquele lugar.
Andei em direção ao jardim atrás da mansão. Eu precisava de ar fresco e descansar um pouco. Quando essa agonia, que preenchia o meu peito parasse, eu tomaria meu banho e dormiria. Chegando ao jardim, uma brisa forte balançou meu véu. Olhei ao redor, a procura de alguém. Ninguém poderia saber que eu estava deixando a mansão desacompanhada. Belledisse não me perdoaria se soubesse que fui para a floresta sozinha.
Mas ela não estava aqui e eu precisava fazer isso.
Adentrei a floresta. Por causa do feitiço lançado naquelas terras, o céu estava cinza e a luz do sol não iluminava a floresta fria. O lugar não me incomodava, segui sem rumo pela floresta à procura de um lugar para descansar. Meus pés descalços tocavam a terra escura e um pouco úmida. Caminhei entre as arvores até chegar ao enorme lago azul. O lago onde as antigas bruxas faziam rituais para a Deusa. Sentei-me em uma raiz alta entre as arvores e uma pequena moita volumosa.
Sentada sobre o céu cinzento, no meio daquela floresta deserta, pude enfim relaxar. Apoiei minha cabeça no tronco da arvore e soltei um longo suspiro. O véu voltou a balançar. Sentada naquela floresta solitária, apreciei as arvores altas, com suas folhas verdes e tronco grosso. Aquele lugar era tão diferente do clã. Não sei quanto tempo passei sentada naquela raiz, só sei que, aquela agonia, aquela magia negra não queria deixar o meu corpo. Antes, quando os rituais aconteciam, eu não ficava tão exausta. Me corpo ficava mole e sem forças, mas horas depois, eu já estava recuperada, minha magia eliminava aquela coisa negra que me invadia, o eliminava sem qualquer esforço. Pergunto-me se isso tem alguma coisa haver com aquele vampiro.
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Intocada
VampireDepois de três séculos em guerra. Bruxas e Vampiros estão prontos para negociar uma trégua. Após a perda de centenas de irmãos e irmãs, um tratado está para ser discutido. Terras serão divididas e leis serão feitas para seus próprios benefícios e pr...