TRISTEN
Eu não sabia se havia dado certo. Depois que ela despertou, nenhuma bruxa veio querer saber o que aconteceu ontem à noite com o selo destruído e com a porta arruinada. Isso era um bom sinal. Tinha que ser, foi isso que tentei dizer para a agonia e o desespero que se acumulava dentro da porra do meu peito. Olhei para seu véu branco do outro lado do salão. Marco negociava com Belledisse na grande mesa de madeira. O salão estava mal iluminado, a poucas velas essa noite. Continuei encarando minha mulher, Ela não se comportava como antes e tinha um cheiro diferente. Um cheiro forte de ervas e incenso. Eu odiava aquele cheiro.
Observei suas mãos brancas como a neve, depois seus pés descalços. Pelo menos, ela parecia bem. Tentei não encara-la por muito tempo, depois do que aconteceu, as bruxas estão atentas a qualquer coisa. Principalmente em relação a ela.
Quando a reunião terminou, esperei vê-la se virando para me encarar. Esperei qualquer sinal de que ela ainda se lembrava dos nossos segredos, mas nada aconteceu. Ela seguiu seu caminho com as bruxas malditas. Como eu desejava estraçalhar seus corpos frágeis e insignificantes. Escutar seus gritos de desespero e observar o sangue podre de cada uma delas se espalhando pela madeira velha daquela mansão. Isso seria uma imagem maravilhosa e tentadora. Mas não tão tentadora como o belo corpo de Madeliena se contorcendo enquanto eu a penetrava com força, analisar seu corpo quente pingando de suor e seus olhos brilhando de desejo.
Meu corpo chegou a tremer com a linda imagem.
— O que achou? — Marco se aproximou, junto com os outros. Os encarei sem interesse. Marco esperou pacientemente que eu declarasse minha opinião sobre a reunião.
— Foi ótimo. Bom trabalho. — Marco franziu a testa. Um gesto que ele não costumava fazer. — Vocês estão dispensados por essa noite — anunciei. Todos pareceram satisfeitos, menos o Marco que continuou paralisado e com a testa franzida. — Preciso ir à cidade. Conversamos quando eu voltar. — Dei as costas a ele e segui pelos corredores desertos da mansão.
O relógio no meu pulso marcava nove horas. Eu tinha dez minutos para chegar ao lugar marcado, revirei os olhos ao imaginar aquela mulher falando sem parar sobre meu atrasado. Ela podia ser irritante quando queria. Corri pela floresta úmida com rapidez, a cidade ficava mais longe do que eu lembrava. Atravessei a barreira de proteção da floresta e segui em direção da pequena cidade. A noite fria combinava com a lua cheia. Diminuir os passos ao chegar à entrada da cidade mal movimentada. Dei um passo nas ruas de pedra, sentindo algo estranho. Olhei para baixo e encontrei meus sapatos de couros cobertos por lama. Fechei os olhos com força, para controlar a raiva que se acumulava cada vez mais.
Obriguei-me a continuar.
— Odeio essa merda.
Entrei no único bar da cidade. O lugar estava animado e movimentado. A música era alta e homens bebiam e gritavam uns com os outros. A luz amarela dominava o lugar, lembrava-me as antigas tabernas que eu frequentava. O cheiro de álcool e tabaco era forte e bem vindo. Esquiveis-me de algumas pessoas e caminhei até o fim do bar, onde uma mesa solitária estava ocupada por apenas uma pessoa.
Elena me encarou enquanto me aproximava. Seus cabelos vermelhos e curtos se destacavam na sua pele negra e lisa. Sentei na cadeira vazia e a encarei em silêncio. Seus olhos dourados me analisavam de modo felino e sedutor. Um sorriso se formou em seus lábios carnudos e vermelhos.
— A cada ano que se passa, você fica cada vez mais lindo Tristen — murmurou para mim. Não era difícil escutá-la sobre a música alta.
— Eu sei — respondi. Elena sorriu, revelando suas presas pálidas.
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Intocada
VampireDepois de três séculos em guerra. Bruxas e Vampiros estão prontos para negociar uma trégua. Após a perda de centenas de irmãos e irmãs, um tratado está para ser discutido. Terras serão divididas e leis serão feitas para seus próprios benefícios e pr...