TRISTEN
Seus gemidos ecoavam na minha cabeça. O som dos seus suspiros e o toque de nossas peles se encontrando. Passei o polegar sobre os lábios, sentindo o gosto da sua boca e a sensação da sua língua acariciando a minha. Tudo nela era encantador e excitante. Há quanto tempo eu não encontrava alguém assim, que me deixava excitado com gestos simples.
Minha atenção foi para o homem sentado a minha frente. Seus cabelos brancos estavam bem arrumados, preso em uma fita negra. Suas pernas longas estavam cruzadas e sua boca se mexia, falava algo que não me incomodei em prestar atenção. Sua boca volumosa e deliciosa.
É, faz um longo tempo.
— Você não está prestando atenção — apontou ele, me trazendo de volta para aquele quarto mal iluminado.
— Claro que não — respondi, desviando meus olhos para a cama, agora, bem arrumada. Mesmo com lençóis limpos, seu cheiro continuava pairando no ar. Qualquer um da minha espécie poderia sentir.
— Mesmo depois dos meus avisos, ela decidiu saciar seu desejo. — A voz fria do Marco me fez encara-lo. Seu rosto continuava passivo e calmo.
— Primeiro: Ela ainda não saciou meus desejos por ela. — Retirei o polegar dos lábios e o encarei seriamente. — E segundo: Quem disse que você poderia falar com ela? — Marco piscou os olhos vermelhos.
— Não preciso da sua permissão para falar com ela. Assim como ela não precisa da sua para falar comigo — Marco sorriu. Um sorriso traiçoeiro. O mesmo sorriso traiçoeiro que costumava me dar quando desaparecia por varias noites depois de uma discussão e voltava cheirando a prostitutos e cerveja ruim. Assim como antes, aquele sorriso me enfurecia. — Eu tinha que avisa-la sobre você. Não posso deixar a chapeuzinho vermelho ser devorada pelo grande lobo mal — declarou.
— O que você disse a ela?
— Não importa mais. Ela escolheu ser devorada pelo lobo mal, não posso fazer mais nada com os ossos que foram deixados na floresta escura — senti meu maxilar ficar tenso com sua escolha de palavras.
— O que quer dizer com isso Marco? — cuspi, tentando manter o autocontrole. Eu sabia muito bem o rumo daquela conversa, e nada tinha haver com Madeliena. E quanto mais ele me olhava, mais a raiva crescia dentro do meu peito.
— Não é obvio? Você vai destruí-la Tristen, assim como destruiu todas as suas amantes antes dela, como me destruiu — falou sem receio.
— Eu sempre fiquei do seu lado. — Levantei, deixando a poltrona de couro e fazendo sua mão tremer levemente. Ele entrelaçou os dedos, tentando esconder sua fraqueza. Mas eu o conhecia muito bem. — Fazia qualquer coisa para agrada-lo. — Marco sustentou o olhar, me desafiando. Como sempre costumava fazer. — Realizei a porra dos seus sonhos... — Segurei a poltrona que ele sentava firmemente. Marco levantou a cabeça para me encarar melhor — E no final, você me abandonou sem dizer uma palavra. — A raiva estava evidente na minha voz. Seu rosto passivo começou a se modificar e o sorriso que eu odiava voltou a preencher o seu rosto bonito.
— Deixar você foi a melhor coisa que fiz em toda a minha... — O calei com um movimento rápido. A sensação da sua pele sob a minha era familiar. Apertei seu rosto, fazendo-o gemer contra minha mão. Suas palavras me enfureciam assim como aquela noite. Eu queria quebrar cada mísero osso do seu rosto. Destruir seus dentes perfeitos. Só assim ele aprenderia a ficar em silêncio.
— E eu pensando que a briga do pior casal havia terminado. — A voz de Victoria preencheu o quarto. Virei-me e a vi apoiada na porta fechada. Seu vestido branco lhe dava uma falsa ilusão de inocência. Algo que Victoria nunca foi, e nunca seria.

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Intocada
VampiriDepois de três séculos em guerra. Bruxas e Vampiros estão prontos para negociar uma trégua. Após a perda de centenas de irmãos e irmãs, um tratado está para ser discutido. Terras serão divididas e leis serão feitas para seus próprios benefícios e pr...